segunda-feira, 5 de julho de 2010

Na estrada

Nos quase 700 quilómetros de estrada que ligam Luanda ao Huambo há vida, natureza, perigo, trabalho, imponência, contrastes, céu, sacrifício, beleza, transgressão, sorrisos, caminho a perder de vista e piscadelas de olho.

































Não se desenvolve um país com magia

Foto: Afonso Francisco/Novo Jornal
Paul Krugman esteve em Angola para participar numa conferência, organizada pelo BPC e o Facide, subordinada ao tema «Como construir uma economia forte».
Com a frontalidade que o caracteriza, o Nobel da Economia de 2008 não dourou a pílula e qualificou Angola como "pobre" porque "um país com carências na saúde e na educação não pode ser desenvolvido".
O desenvolvimento de um país "não se faz com magia", mas com pragmatismo e humildade na governação, afirmou o economista norte-americano, conhecido por defender a economia social.
Krugman deixou claro que o dinheiro arrecadado com a venda do petróleo deve ser investido na saúde e na educação, por serem os sectores que garantem a estabilidade social e contribuem para diminuir a pobreza.
Tudo o resto é efémero e não chega a todos, tendo como consequência um país "tremendamente assimétrico", como constata o economista angolano Justino Pinto de Andrade, na sua crónica «Rios de Tinta», publicada no semanário «A Capital».
"(...) Se somos ricos, será apenas no potencial.
Na realidade o nosso país é pobre, demasiado caro, muito desigual, tremendamente assimétrico, e bastante penalizador para os seus segmentos mais desfavorecidos".

domingo, 4 de julho de 2010

No dia de Cabo Verde



Cabo Verde comemora amanhã, 5 de Julho, 35 anos de independência.
Altura ideal para evocar aquela que é para mim a voz de Cabo Verde: Ildo Lobo.
Ouvi-o pela primeira vez em Outubro de 2004.
Impressionou-me aquela voz;
impressionou-me a postura ;
impressionaram-me as mornas que saíam daquele corpo vestido de negro (era assim que ele se apresentava em palco: roupa preta; a mão direita no bolso das calças).

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Hospital doente

Luanda precisa de hospitais.
A cidade tem milhões de pessoas (mais de quatro, segundo as estatísticas, mas podem ser nove milhões) a quem é preciso tratar da saúde.
Há quatro anos, inaugurou-se um novo hospital público.
O Hospital Geral de Luanda foi construído com oito milhões de dólares, financiados pelo governo da República Popular da China.
Tem capacidade para internar 100 doentes.
Dava guarida a mais de 150.
Ontem começou a ser evacuado.
Vai fechar as portas.
As paredes cederam.
Algumas das fissuras que começaram a insinuar-se, logo após a inauguração do edifício construído por uma empresa chinesa, escancararam.
Abriram janelas para a rua.
Técnicos do Ministério do Urbanismo e Construção foram ao local e recomendaram a evacuação urgente.
A Governadora Provincial de Luanda, Francisca do Espírito Santo, mandou executar a ordem.
Os doentes foram transferidos para outras unidades, já saturadas.
Agora todos se interrogam:
Como foi isto possível?

Uma história de Paulo Jorge


Não encontrei melhor forma para assinalar a partida de Paulo Teixeira Jorge, nacionalista angolano que foi ontem a enterrar, do que publicar excertos do texto «A Balalaica Branca» de Jaime Azulay, correspondente do Jornal de Angola em Benguela, porque as histórias contam os homens.
A «Balalaica Branca» é um diálogo entre dois chefes militares, durante um tiroteio à cidade de Benguela, na altura em que Paulo Jorge era governador da província.
Pena que o deputado, que desempenhava actualmente as funções de secretário do MPLA para as Relações Exteriores, não tenha deixado as suas memórias, como “prometeu que em breve faria”, porque as lembranças que “iria deixar eram fundamentais para perceber o que foi a diplomacia da fase de gestação e debutante da República Popular de Angola”, assinala Fernando Pereira, no Novo Jornal.
“Com Paulo Jorge desapareceu uma parte do espólio, de um tempo em que a afirmação de valores de solidariedade, de justiça social e igualitarismo faziam parte do léxico, e de alguma prática das nossas convicções pessoais e políticas”, justifica o cronista.
“Paulo Jorge morreu a 26 de Junho, sabendo-se que sem grandes recursos, e com ele fica o exemplo de um homem fundamental nos alicerces do País e indispensável no colocar de tijolos da edificação de uma nova geografia política na África Austral”.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Não ver Saramago (crónica publicada no Novo Jornal)

Na terça-feira em conversa, on-line, com um amigo jornalista ele contou-me uma história que viveu com José Saramago.
O escritor falecido há uma semana tinha ido a Viseu lançar um dos seus livros, numa iniciativa organizada pelo Sindicato dos Professores da Região Centro, no final da década de 90.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Maternidade próxima


Fotos: Carlos Alberto «Cabeto»

Em África mãe e filho andam sempre juntos. É uma proximidade prática, nem sempre fácil para um e para outro, mas sempre benéfica para ambos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Senhora da música do Mali


É uma das grandes senhoras da música do Mali, país donde provém, segundo alguns estudiosos, o ADN do blues.
Cantora, compositora e guitarrista, Rokia Traoré é filha de um diplomata que lhe abriu caminho a várias influências captadas nas muitas viagens que a família fez, mas a tonalidade da sua música pertence, sem margem para dúvida, ao Mali, sendo visíveis as influências que Ali Farka Touré (outro génio da música africana) teve no seu percurso.
Membro do grupo étnico Bambara, Rokia ganhou em 1997 o prémio  revelação africana, atribuído pela Radio France Internacional.
O seu primeiro álbum «Mouneissa», gravado nesse ano, foi aclamado pela forma como Traoré combinou várias tradições musicais malianas, como o ngoni e o balafon, e foi um sucesso de vendas na Europa.
O seu segundo disco«Wanita» foi considerado pelo «The New York Times» como um dos álbuns do ano de 2000.
A consagração internacional começava a cimentar-se e, em 2009, a cantora ganhou na categoria de Melhor Artista na sessão inaugural do Songlines Music Awards, organizado pela revista britânica «Songlines».
Este tema foi extraído do seu quarto álbum, gravado em 2008, «Tchamantché».
É um prazer ouvi-la.

O pôr-do-sol a caminho do Huambo



Em África o sol, quando se põe, tem tonalidades que vão do amarelo ao vermelho vivo, mas não se deixa apanhar. Fez fintas à máquina e ganhou.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Entrevista a Saramago





































Em Novembro de 2003 tive oportunidade de entrevistar José Saramago, após uma visita a Pinhel, pequena cidade do distrito da Guarda, no interior de Portugal.
Na entrevista ao Jornal do Centro  (semanário publicado em Viseu, do qual fui directora e que em 2004 ganhou o prémio Gazeta Imprensa Regional, atribuído pelo Clube de Jornalistas ao melhor jornal regional do país), Saramago revela a dimensão do Homem que era.

domingo, 20 de junho de 2010

Eterno Saramago


Quatro dias de refúgio no Huambo - cidade massacrada durante a guerra, hoje em notável recuperação – afastaram-me das notícias.
E foi com surpresa e pesar que, à chegada a Luanda, recebi a notícia: "Morreu (José) Saramago.
Gosto de Saramago e basta-me isso.
Não é de hoje (na morte o coro dos elogios sobe de tom com uma força desconcertante), é de sempre.
Desde que o comecei a ler.
O Nobel da Literatura deu-lhe maior visibilidade e ofereceu-me um novo impulso para me embrenhar na obra do autor de «Levantados do Chão».
Não gostei de tudo o que li, como não gostei de todos os livros de outros autores, mesmo daqueles que estão no topo do topo das minhas preferências.
Mas identifiquei-lhe sempre um traço próprio e uma forma única de, nas suas reflexões, interpelar o leitor e reconheci-lhe em todos os momentos legitimidade para falar, para elevar a sua voz contra as injustiças do mundo ou para defender o que lhe parecia justo.
Por isso, foi sempre com incómodo que vi Saramago ser injustiçado, não criticado, porque a crítica faz-se com argumentos e no meio das polémicas em que o Nobel da Literatura português se viu envolvido encontrei sempre muito pouca ponderação e razoabilidade, salvo algumas excepções.
A última dessas polémicas andou à volta de declarações de Saramago sobre o seu livro «Caím».
Custou-me a dureza das palavras com que se lhe dirigiram; feriu-me o ódio que vi plasmado em muitas das reacções; e pesou-me o desrespeito que, uma vez mais, senti em relação a uma das personalidades portuguesas que mais longe e mais alto elevaram o nome de Portugal e a língua portuguesa.
O episódio serviu de pretexto ao Paralelos que escrevi, na edição 92 do Novo Jornal, publicada a 23 de Outubro de 2009 (que republico neste blogue).
Hoje recuso comentar a ausência das duas mais altas figuras de Portugal - Presidente da República e Presidente da Assembleia Nacional - no funeral do autor de «Todos os nomes».
Limito-me a um até sempre Saramago.
Porque é dos poucos portugueses com direito à imortalidade.

Come chocolates, come (crónica publicada no Novo Jornal)

Passei a infância a ser reprimida – “Não comas chocolate, olha que faz mal aos dentes”. Entrei na adolescência a ouvir: “Não comas chocolates que provoca borbulhas”. Na maioridade o vaticínio repetiu-se até à náusea – “Não comas chocolate, não vês que engorda”.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O porteiro


Por causa do álcool, o porteiro entrou num sono profundo... perdeu a consciência e o portão.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A espera


No Sango, província do Uige, a chegada de um político é aguardada com... expectativa.

A maior...



O recorde para a boca mais larga do mundo pertence a um angolano.
Francisco Domingos Joaquim tem o feito inscrito no livro Guiness World Record graças às suas medidas generosas: 17 centímetros de largura e 25 centímetros de comprimento, devidamente certificadas por testes médicos.
O jovem de 20 anos consegue colocar e retirar da boca uma lata do refrigerante nacional «Blue», pelo menos, 14 vezes num minuto, como demonstrou em Roma, no programa onde todos os anos são apresentados os novos recordes mundiais.
Chiquinho, como é conhecido, ganhou em audiência – o jovem foi descoberto numa das exibições que faz nos bairros e nos mercados de Luanda – mas não se pode dizer que o feito seja digno de registo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mingas de ouro



O Homem é voz;
o Homem é verbo;
o Homem é alma.
Ruy Mingas foi homenageado no dia 5 de Junho, em Paris.
A Academia Francesa de Artes, Ciências e de Letras atribuiu-lhe a medalha de ouro para estrangeiros pelo seu contributo artístico, por ter musicado muitos dos poemas escritos num contexto histórico de luta contra o colonialismo e de luta pela independência de Angola.
O seu nome está ligado a muitas das músicas que fazem o cancioneiro angolano e português. «Os meninos do Huambo», que Paulo Carvalho celebrizou em Portugal, é apenas um exemplo. Muitos outros têm a sua assinatura.
“Sinto-me particularmente orgulhoso pelo meu país – afirmou numa entrevista ao Novo Jornal - porque não foi Ruy Mingas, uma figura abstracta que foi galardoada, mas sim o cidadão de Angola cuja obra é um pouco esquecida no meu país de origem, mas foi reconhecida por uma organização académica da dimensão desta associação e de um país, que não é só uma potência mundial, mas tem um peso significativo em termos culturais em todo o mundo”.
Homenageado em França, nunca no seu país.
Ruy Mingas já se surpreendeu por esta omissão.
Hoje está “completamente indiferente” por “nunca” ter sido “sequer referenciado” por tudo o que fez pela música angolana.
O seu lugar na História cultural e política de Angola está assegurado, o seu legado também.
E, essas, são homenagens bastantes, capazes de derrubar a indiferença dos que têm efemeramente o poder.

Sem sinal

“O Internet Explorer não consegue mostrar a página Web” é a frase mais assídua nos ecrãs dos computadores por estes dias.
A internet em Luanda - já para não falar nas outras províncias - tem altos e baixos, que tornam impaciente a “condução” na auto-estrada da informação, sobretudo quando a falta de tempo exige rapidez nas manobras.
Nas últimas semanas, o tráfego tem sido constantemente interrompido.
E a paciência esgota-se com uma velocidade proporcionalmente inversa à do serviço disponibilizado pelas empresas que em Angola oferecem o sinal.
Oferecem, é como quem diz.
Vendem e a um preço elevado.
Elevado demais para um sinal tão fraco.

domingo, 13 de junho de 2010

A outra



No ano passado, quando se discutia a nova Constituição de Angola, o partido Nova Democracia sugeriu a inclusão da poligamia na nova Carta Magna angolana.
A razão era a aceitação informal da "outra" nas relações afectivas.
A música de Matias Damásio foi usada como argumento por Quintino Moreira, o líder da coligação que surgiu nas eleições legislativas de 2008 e que, apesar da «juventude», conseguiu arrebatar alguns lugares no parlamento.
A proposta da Nova Democracia acabou por cair por falta de apoios.
O MPLA, partido esmagadoramente maioritário, refugiou-se no silêncio; os restantes nem sequer se pronunciaram.
A poligamia não foi institucionalizada, mas as outras continuam a fazer parte do quotidiano dos casais, porque aceitando-se uma há que manter a porta aberta para as que vierem a seguir...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Zé Manel em dose dupla





Ando há anos à procura de discos de Zé Manel, músico da Guiné Bissau radicado nos Estados Unidos da América e não encontro.
Uma voz única e inconfundível, que integrou a primeira formação do grupo guineense Super Mama Djombo, e uma das melhores de África.
O primeiro tema, cantado em inglês, é um hino aos governantes africanos para que expurgem do continente os males que o adoecem. No segundo, Zé Manel canta as filhas do seu país na sua língua materna, o crioulo.

Ganância (crónica publicada no Novo Jornal)

 Bernard Madoff, o especulador norte-americano que precipitou para a ruína três milhões de investidores em todo o mundo com o maior esquema em pirâmide Ponzi de todos os tempos, confidenciou a um parceiro de reclusão que não tem pena das suas vítimas, porque “eram ricas e gananciosas”.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A ilha de Amílcar Cabral na voz de Margareth



ILHA

Tu vives — mãe adormecida —
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem…

Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
— os sonhos dos teus filhos —
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!

Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
— terra dura —
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!

Um poema de Amílcar Cabral, escrito em 1945, na cidade da Praia, Cabo Verde, que a cantora angolana Margareth do Rosário levou para o seu último disco, dando uma «Nova Dimensão» ao legado literário de um lutador pelas independências africanas.
A memória transmitida de forma refrescante.
A minha comemoração do Dia de Portugal, porque exaltar a Nação Portuguesa é celebrar as independências de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e S. Tomé e Principe.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Armas a mais

Em Luanda há armas a mais.
A polícia tem armas,
Os militares têm armas,
Os ladrões têm armas,
Os vigilantes e guardas das empresas de segurança têm armas,
Os cidadãos têm armas, menos 70 mil desde que o governo lançou a campanha de desarmamento, mas continuam a ter muitas.
A campanha de desarmamento dos civis vai continuar por mais dois anos e até lá o ministro do Interior, Roberto Leal Monteiro, espera recolher as mais de 25 mil armas de guerra que estão na posse das empresas de segurança privada.
É bom que o faça, a bem da paisagem urbana, mas para que a campanha iniciada em 2008 surta real efeito é preciso primeiro desarmar as mentes, como canta o rapper Yannick Afroman.

domingo, 6 de junho de 2010

Beleza natural (2)

É cada vez mais difícil encontrar uma mulher de carapinha nas ruas de Luanda - as angolanas renderam-se às extensões, aptando por longos cabelos lisos ou ligeiros ondulados - mas quando se encontra vale bem a pena.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cabo Verde e Angola


Aqui estão dois músicos de excepção: Tito Paris (Cabo Verde) e Paulo Flores (Angola).
Duas bandeiras dos respectivos países que eu hasteio onde quer que vá.
E que sublinham que as fronteiras geográficas são instrumentos político-administrativos.
A música, como os cidadãos, é do mundo.

Candongueiros de Hildebrando


Hildebrando de Melo andou a pintar alguns ícones da cidade de Luanda para um projecto que desenvolveu, em 2006, na casa de cultura Brasil/Angola e nesse processo resolveu concentrar o olhar nos taxistas da capital.
“Não podiam passar despercebidos os candongueiros, que todos os dias nos entram pelos olhos”, explicou o jovem pintor, numa entrevista a Adebayo Vunge, publicada no Novo Jornal.
O resultado é uma série de quadros que reflectem bem os azuis e branco.
Está lá tudo: a confusão, o excesso de passageiros e de ruído, a anarquia, o desregramento…
Partilho da forma como o pincel de Hildebrando vê os candongueiros – “moscas” sem as quais a “natureza fica desequilibrada”, porque afinal de contas “têm uma grande utilidade pública, por transportarem a maior massa de trabalho de Angola” - a metáfora é do artista.
Porque um dia, os candongueiros irão sair de cena (o desenvolvimento do país assim o dita) fica o registo para memória futura. E bom.

Mais do que infantil (crónica publicada no Novo Jornal)

O ataque de Israel a navios com 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a Palestina revela um total desprezo por toda e qualquer vida humana que não seja a do «povo eleito», como os judeus se autointitulam por, alegam, Deus os ter escolhido para receberem as revelações da Tora (livro sagrado).

terça-feira, 1 de junho de 2010

Crianças em Angola

Rostos expressivos, cheios de vida

amizade

festa

alegria

jogo

dança

domingo, 30 de maio de 2010

And the winner is... Sebastião Vemba


Com a devida vénia à Aoani d'Alva, a quem fui roubar a fotografia, aqui fica a imagem que testemunha o momento que todos nós antevíamos: Sebastião Vemba trouxe para Angola o prémio CNN/Multichoice na categoria de notícias gerais em língua portuguesa.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Só se eu for doida


Gosto da forma como alguns cantores angolanos transpõem para as suas músicas os problemas que mais afectam a sociedade deste país.

“Não nasci para sofrer
Não cresci para apanhar
Não investi para falhar”

É preciso dizer mais alguma coisa?
Chama-se Pérola, jovem cantora que apostou na kizomba, com um cheirinho de zouk das Antilhas, para dizer não à violência doméstica.

Abusos de poder (crónica publicada no Novo Jornal)

Um administrador distrital de Moçambique foi destituído por ter dado ordem de prisão a um homem, que foi julgado e condenado, só por ter criticado a sua prestação enquanto governante.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Na Belavista

Na província do Uíge o comércio é colorido e tem cheiro: o do pão fresco.
Os produtos esgotam-se na fachada, lá dentro entra-se no território íntimo e reservado de uma habitação da Belavista.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Staff Benda Bilili



Quando julguei que já nada me espantava, eis que deparo com os Staff Benda Bilili, uma das maiores revelações da música africana da última década e que tiveram em 2009 o seu ano de consagração internacional.
Os Staff Benda Bilili são um grupo da República Democrática do Congo que integra músicos paraplégicos, vítimas de poliomielite em crianças, que dormiam e ganhavam a vida nas ruas da capital congolesa a cantar e a tocar.
A banda nasceu no jardim zoológico de Kinshasa, onde ainda ensaiam. Aos cinco músicos iniciais, juntou-se um jovem, de 17 anos, exímio guitarrista de rua. Juntos misturam ritmos tradicionais, funk e a versão local da rumba, com instrumentos criados pelos próprios com objectos que encontram na rua.
A história do grupo está retratada no documentário francês «Benda Bilili», dos realizadores Renaud Barret e Florente de la Tullaye, que estreou numa sessão paralela do Festival de Cannes, na Quinzena dos Realizadores. Ao longo de cinco anos, os dois realizadores captaram imagens que vão desde a fundação da banda até concertos em prestigiadas salas europeias.
O álbum de estreia dos Staff Benda Bilili «Trés, trés fort» alcançou o primeiro lugar da World Music Charts Europe, em Maio de 2009; foi considerado o melhor do ano pela revista «fRoots»; e eleito o melhor álbum de world music de 2009 pela «Mojo». Também em 2009 receberam o prémio Womex, que normalmente só é entregue a músicos em final de carreira, como reconhecimento do seu exemplo extraordinário de dedicação à música.
A vida que os rodeia e a doença são as fontes onde os músicos bebem para compor.

Há candongueiros e candongueiros

Dos candongueiros (como são conhecidos os taxistas em Luanda) já se disse de tudo.
Que são mal educados;
que não respeitam as regras de trânsito, nem os outros automobilistas;
que põem a música muito alto e incomodam os passageiros;
que fazem especulação de preços;
enfim, um sem número de críticas que dão uma imagem pouco simpática dos homens que transportam a grande maioria dos luandenses.
Mas há também quem fuja ao retrato... porque aqui, como em tudo, há os e os.

domingo, 23 de maio de 2010

Na banda não tem energia


Este fim-de-semana estivemos sem energia. Valeu o gerador... mas não é para todos. O vai e vem tem vindo a diminuir nalgumas zonas de Luanda. No musseque vai mais do que vem, como canta Yannick Afroman, o homem do rap que faz as melhores crónicas sociais de Angola. Ora ouçam lá.

Massacres

No dia 23 de Julho de 2008, Luanda adormeceu horrorizada.
Oito jovens que confraternizavam no largo da Frescura, no Sambizanga, foram mortos.
De uma carrinha Hiace irromperam vários homens que descarregaram as metralhadoras sobre os oito rapazes.
Uma das vítimas, antes de morrer, soprou os nomes de dois dos carrascos, identificados como agentes da autoridade.
Em poucos dias, a Polícia Nacional (PN) apresentou sete elementos da corporação suspeitos da autoria do crime, que ficou conhecido como «o massacre da Frescura».
Foram julgados e condenados a 24 anos de cadeia, cada um.
No dia 9 de Maio deste ano, três jovens da Samba foram levados por agentes da polícia.
Primeiro foi Liro, um delinquente cadastrado.
Depois Kadu, seu primo, e pelo caminho apanharam Kleber, que regressara há cinco meses a Angola, depois de concluir o curso na Zâmbia.
Os corpos dos três apareceram dois dias depois na morgue do hospital Maria Pia, baleados.
Inconformado, o pai de Kleber fez queixa na divisão da Samba da PN. Foi recusada.
José Lemos regressou uma semana depois com testemunhas que confirmaram que os jovens foram levados por agentes da autoridade. A queixa foi aceite.
A notícia ribombou nas televisões, rádios e jornais.
O Comando-Geral da Polícia foi obrigado a vir a público dizer que “ninguém manda matar na polícia”, que em Angola “não há esquadrões da morte”.
O comando não negou o envolvimento de agentes.
Pelo contrário.
O caso "está a ser investigado, há fortes indícios de que foram agentes da corporação", disse, “se se confirmarem as suspeitas a divisão da Samba será responsabilizada”.
Para o pai de Kleber é um sinal de esperança.
A vida do filho já ninguém lha devolve.
Também a de Liro, o jovem delinquente que arrastou para a tragédia dois inocentes.
Sempre que um criminoso insiste na reincidência acaba morto.
As execuções sumárias são socialmente aceites quando envolvem criminosos.
Os inocentes são chorados.
O filme repete-se.
Até que alguém ponha cobro ao argumento e mude o guião.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

É Dom Cacho




Os Tuneza (uma espécie de gato federento de Luanda) foram a Portugal à procura das melhores uvas. Não trouxeram o melhor vinho, mas que é dos mais baratos, lá isso é!... Valha-nos a boa disposição da dupla de humor. Cuía bué (são fixes)

Humores (crónica publicada no Novo Jornal)

A Europa vive momentos difíceis - os mais complicados desde a segunda grande guerra mundial, segundo o presidente do Banco Central Europeu - mas nem todos vivem a situação com o mesmo estado de espírito.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Lokua Kanza





Muito ouvido em Angola, Lokua Kanza é um cantor e compositor da vizinha República Democrática do Congo que com a sua música mostra bem que África é muito mais do que os estereótipos criados pelo ocidente.
Filho de um pai mongo e de uma mãe tutsi, Lokua aprendeu a cantar em coros de igreja, criou afinidades com a guitarra nos conjuntos de rumba do então Zaire e reforçou os seus alicerces musicais com os estudos no Conservatório de Kinshasa.
O resultado está à vista e dispensa considerações.
Lokua Kanza criou um som próprio, caracterizado como soulful folclórico e que é distinto do dancefloor soukous, muito comum no seu país.
Apesar de viver actualmente no Brasil, o músico mantém as raízes bem assentes em África. E cruza nos seus temas várias línguas como o francês, o inglês e o português, sem nunca pôr de lado o lingala, o dialecto africano da sua província natal, Kivu, na parte oriental da RDC, provando que a música quando é boa não conhece barreiras linguísticas nem geográficas.
O primeiro tema «Motutu» foi extraído do seu primeiro álbum; o segundo «Meu amor» pertence ao terceiro disco.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Reportagens Sebastião Vemba III

Esta é a terceira e última reportagem sobre o desalojamento dos moradores do bairro Benfica, onde se confirma a inquietação do repórter. Sebastião Vemba não se limitou a escrever sobre a notícia do desalojamento, seguiu o rasto da história e dos moradores. Uma lição de jornalismo que sublinha como é importante em reportagem o jornalista entrar na história e não se limitar ao papel de observador.
Sugiro que comecem a ler as reportagens por ordem numérica, para se perceber cronologicamente os factos.

Reportagens Sebastião Vemba II



















Esta é a segunda reportagem publicada sobre o desalojamento dos moradores do bairro Benfica e foi feita uma semana depois, já no Zango, para onde as famílias foram transferidas.

Reportagens Sebastião Vemba I

Conforme combinado, aqui vai a primeira de três reportagens publicadas no Novo Jornal e que valeram a Sebastião Vemba a nomeação para finalista do Prémio Jornalista Africano CNN/MultiChoice. Clicando no item «Ler mais» tem acesso aos textos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um caso sério


Sebastião Vemba parte no dia 25 deste mês para o Uganda para disputar a 15º edição do prémio Jornalista Africano CNN/MultiChoice. Na mala leva um conjunto de reportagens publicadas em três edições do Novo Jornal que retratam o desalojamento dos moradores do bairro Benfica da Ilha de Luanda.
O jovem jornalista, de 25 anos, foi um dos 27 finalistas seleccionados pelo júri num total de 975 candidaturas, em representação de 40 países, para a edição deste ano dos prémios, que coincide com as comemorações dos 30 anos da cadeia americana CNN.
Vemba é o terceiro angolano a chegar a uma final, depois de José Luís Mendonça e Ernesto Bartolomeu, que ganharam o prémio na categoria em português. E um dos mais jovens candidatos seleccionados.
A escolha de Sebastião Vemba, que vai disputar o prémio na categoria de notícias gerais em Língua Portuguesa com o moçambicano Sérgio Sitoe (da cadeia televisiva Miramar) e o grande prémio, é a confirmação de que, apesar de jovem, é já uma certeza no jornalismo.
O olhar desperto e atento aos pormenores e a capacidade narrativa fazem dele um excelente repórter . A estes ingredientes, Vemba soma uma inquietação permanente que extravasa também com a música. Tião MC, seu nome artístico, escolheu o hip hop e o rap para se expressar musicalmente. E em conjunto com o seu primo e também rapper, Mr. Leos, criou a «Casa de Rimas», Editora, Promotora e Distribuidora Independente que realiza quinzenalmente espectáculos e debates na comuna do Ngola Kiluanje.
O Prémio Jornalista Africano do Ano CNN foi criado em 1995 com o objectivo de reconhecer e incentivar a excelência do jornalismo por toda a África. Sebastião Vemba representa Angola e a Língua Portuguesa e qualquer que seja o resultado anunciado no dia 29 de Maio já ganhou. Porque ele é um caso sério no jornalismo angolano.

Wow Wow Wubbzy


Wubbzy e os seus amigos foram passear e encontraram a Quadrilândia, onde tudo era aos quadrados: casas, árvores, pessoas, carros, animais…
Wubbzy, Walden e Widget acharam a cidade engraçada, mas depressa lhes pareceu monótona.
Decidiram regressar a Wuzzleburgo, centro do desenho animado criado por Bob Boyle para crianças em idade pré-escolar.
Um habitante da cidade aos quadradinhos viu os três amigos e perguntou-lhes de onde vinham.
Wubbzy respondeu que vinham de uma terra onde todos eram diferentes: - “Existem pessoas amarelas, cor-de-rosa e até às riscas”.
Pelo caminho encontraram uma figura feminina às bolinhas, que lhes perguntou se queriam ir à pintalândia, onde tudo era às bolinhas.
Wubbzy e os amigos declinaram o convite. Queriam regressar a Wuzzleburgo e depressa, porque na terra de onde vinham a vida era mais divertida.
É tão bom que os nossos filhos aprendam, desde cedo, a viver e a gostar de viver na diversidade.

domingo, 16 de maio de 2010

Beleza africana ao natural


Teta Lando deixou no seu legado musical um manifesto pela beleza feminina africana, que dispensa a tissagem tão em voga nos dias de hoje.

sábado, 15 de maio de 2010

Concha Buika


Descobri-a ao ouvir o último álbum da fadista Mariza. O tema “Pequenas Verdades” trouxe-me uma voz irresistível. Saída da alma.
Concha Buika é filha de uma família da Quiné Equatorial. Cresceu em Palma de Maiorca, na Andaluzia, no meio de ciganos, e foi no canto flamengo que se formou artista.
Depois de anos a cantar jazz em bares, agarrou na copla, um género musical em desuso caracterizado por estrofes simples com o qual a mãe a embalava, e reabilitou-a, despontando como uma das melhores vozes espanholas. O álbum “Nina de Fuego”, donde foi extraído o tema “Volveras”, valeu-lhe a nomeação para o Melhor Álbum Latino dos Prémios Grammy.
Concha Buika não canta. Faz poesia com o diafragma.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Dá-lhes gás Sayovo


José Sayovo, o atleta invisual que nos Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004, conquistou três medalhas de ouro, continua à espera que se cumpram algumas das promessas feitas na euforia dourada.
Prometeram-lhe uma casa e deram-lha.
Prometeram-lhe um carro e entregaram-no.
Prometeram-lhe saldo vitalício no telemóvel e cumpriram.
Prometeram-lhe gás e luz de borla toda a vida, mas nicles. Continua às escuras.
Ainda assim, Sayovo teve energia suficiente para continuar e representar as cores da bandeira angolana.
Nos Paralímpicos de Pequim, em 2008, melhorou o seu próprio recorde e também trouxe da competição três medalhas de prata.
Por ser prateado, o feito não mereceu grandes parangonas.
E os angolanos perderam gás no entusiasmo.
Aos 37 anos de idade, Sayovo continua em frente e com determinação para enfrentar as próximas provas: o Mundial de Nova Zelândia e os Paralímpicos de Londres, como o atleta confessa numa reportagem do Álvaro Vitória, com fotografia de Ampe Rogério, publicada na edição 121 do Novo Jornal.

Devoção futebolística (crónica publicada no Novo Jornal)

Esta semana vi uma luz. Quando Nuno Gomes entregou ao Papa uma camisola do Benfica compreendi. Afinal Jesus não foi contratado como treinador para estancar os maus resultados do clube, mas para operar o milagre que se revelou na véspera da chegada do Papa a Portugal com a conquista do campeonato. E cumprir o desígnio “consubstanciado” na trilogia que Oliveira Salazar concebeu para a Nação portuguesa: Fátima, fado e futebol.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Olha o macaco


Entre o asfalto e a vegetação luxuriante que bordeja o Rio Kwanza há um macaco, que espreita.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

"O monstro"

Deixou a mulher no aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, com recomendações para ligar assim que se instalasse no hotel em Windhoek, capital da Namíbia, e fez-se à estrada.
No regresso engarrafado, àquela hora da manhã, 7h00, foi sendo assediado pelos inúmeros vendedores de rua que fazem das estradas da capital angolana um autêntico centro comercial a céu aberto. No sentido literal do termo.
Vende-se e compra-se tudo e de tudo: roupa, bens alimentares, utensílios domésticos e de lazer, insecticidas, veneno para matar ratos, baratas e outros rastejantes, jornais, electrodomésticos, aparelhos de rádio, estantes, tapetes, cintos, brinquedos, águas de diversas proveniências, sumos, fruta… Trimmm. “Já chegaste?”. “Sim”, respondeu a mulher a duas horas de distância de avião.
O engarrafamento em Luanda é, para usar uma metáfora de um jornalista brasileiro sobre o trânsito em S. Paulo, um “monstro”. Cresce todos os dias úteis; alimenta-se não se sabe do quê, nem quando e porquê; invade estradas, bermas e passeios; insufla irritação nos automobilistas; atulha a atmosfera de monóxido de carbono; e torna a vida de Luanda insuportável durante a semana.
Aos fins-de-semana, o monstro recolhe… a bem da sanidade mental.
Esta história é real. A existência do monstro também.

Homenagem a Man Ré



Yuri da Cunha prestou, no seu último álbum, uma homenagem justa a Man Ré, cantor de rua malanjino que fez de Luanda o seu palco e da música popular o seu trunfo.
Porque um país não vive sem memória e porque a música, qualquer que seja, tem as suas raízes esta é uma combinação feliz que trouxe para a actualidade um músico que já morreu e não deixou obra gravada e que justifica porque Yuri da Cunha é tão aplaudido a cantar Angola.
Bom, muito bom.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Os tuneza, pois claro


Ignorem o título do vídeo, é inapropriado, desajustado, racista e infeliz. O que interessa são os tuneza. Uma equipa de humor genial.

PS. Registo que no youtube alteraram o nome do vídeo dos tuneza,tornando sem sentido este comentário. Ainda bem

Pescadores


Quarteto de pesca. À linha.

Uma chapa, três pratos e um balde

Manuel Domingos estacionou o carro frente a casa, com a chave na ignição.
Um amigo, desencartado, entrou no veículo e arrancou.
O automóvel embateu na parede de um vizinho, provocando danos numa chapa de zinco, três pratos e um balde.
Manuel assumiu o prejuízo.
O vizinho, não satisfeito com a garantia, ligou para a polícia.
A esquadra mandou três agentes.
Os polícias anunciaram a chegada com tiros para o ar e deram início a uma coreografia irada.
Sovaram Domingos, espancaram-no, lançaram com a cabeça dele contra a parede e queimaram-lhe a boca com o cano do revólver.
A mulher, grávida de oito meses, e os dois filhos do casal, também foram mimoseados com golpes.
Depois de uma noite na esquadra, os três agentes pediram 200 dólares a Manuel para não o matarem.
Como não tinha dinheiro, soltaram o homem com o corpo desfeito, perda total de visão num olho e redução de 70 por cento no outro.
Aos 37 anos, Domingos viu a vida que tinha escapar-lhe.
Ficou incapacitado e privado de exercer qualquer profissão.
Perdeu a autonomia, a mulher e os filhos.
Quatro anos depois, o Tribunal Provincial de Luanda condenou os polícias a oito anos de cadeia, cada um, pela prática do crime de ofensas corporais, agravada em um terço por os réus terem cometido o crime quando estavam fardados e armados.
O Ministério do Interior foi condenado ao pagamento de uma indemnização de 12 milhões de kwanzas (1 milhão e 200 mil dólares) à vítima.
Uma pena exemplar para quem se excede e no cumprimento do dever se transforma em criminoso.
Do vizinho perdeu-se o rasto na história.
Será que dorme em paz?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Despojos

O homem está de cócoras. Chinelo preto no pé direito, vermelho no esquerdo. Barra um pedaço de pão numa lata de margarina que resgatou ao lixo. No passeio as pessoas seguem, indiferentes. O homem raspa de cócoras os restos do alimento encontrado no chão, no interior de um saco de despojos da capital da indiferença, onde a riqueza e a pobreza convivem lado a lado. Mas não se tocam.

sábado, 8 de maio de 2010

Chega de mutilações (crónica publicada no Novo Jornal)

O Senegal foi palco de um acontecimento importante na luta contra uma das práticas que mais vilipendeiam as mulheres. Deputados de 27 países africanos apelaram às Nações Unidas que adoptem, este ano, uma resolução universal que “proíba explicitamente” a mutilação genital feminina. O argumento não podia ser mais ajustado: trata-se de uma prática “contrária aos direitos humanos”, ponto final.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A varanda




No Parque da Kissama, há uma varanda que espreita para o Rio Kwanza, e convida ao descanso. Da varanda do Parque da Kissama o horizonte não tem fim, espreguiça-se até onde o olhar permite.