segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A mentira (crónica publicada no Novo Jornal)

 
 
 
Foto. Reuters


Na manhã do dia 11 de Setembro de 2001, muitos dos que ficaram encurralados nas Torres Gémeas, no World Trade Center de Nova Iorque, ligaram para a família. Alguns não conseguiram falar e a sua voz foi parar a gravadores de mensagens. Uns comunicaram que um avião tinha embatido numa das torres, mas que estavam bem; outros ligaram apenas para dizer “amo-te”; e houve ainda os que testemunharam, em directo, os momentos derradeiros do inferno de chamas.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A utopia em Marinaleda (crónica publicada no Novo Jornal)

Em plena crise europeia, há uma cidade no sul de Espanha que vive em comuna há mais de 30 anos, com um sucesso assinalável. E que nas últimas semanas saltou para as páginas dos jornais, por causa da iniciativa do seu líder, um Robin dos Bosques moderno, misto de Che Guevara e Lula da Silva.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Em nome de Veronica (crónica publicada no Novo Jornal)

“Não tenhas medo”. A frase no memorial de Veronica Guerin resume o que foi a vida da jornalista que, em 1996, morreu às mãos dos barões da droga na Irlanda.
Veronica foi assassinada com seis tiros, na estrada de Naas, nos arredores de Dublin, por dois jovens que a seguiam de mota. A repórter, que em Dezembro de 1995 ganhou o Prémio Internacional da Liberdade de Imprensa do Comité para a Protecção de Jornalistas, falava ao telemóvel com um colega do «Sunday Independent». Naquele instante ficou claro para a redacção do jornal o desfecho fatal, que todos antecipavam.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Em nome do filho (crónica publicada no Novo Jornal)

Em 2006, o Presidente Mexicano, Felipe Calderón, declarou guerra ao narcotráfico, mas a ofensiva contra os cartéis está a produzir mais baixas “civis” e de inocentes do que a contribuir para desmantelar o negócio, lucrativo, do abastecimento do mercado norte-americano, donde provêm as armas que equipam os grupos narcotraficantes mexicanos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Perigosa amnésia (crónica publicada no Novo Jornal)

A crise que se abateu sobre a Europa está a fazer eclodir sentimentos xenófobos um pouco por toda a parte. Em Espanha, o governo prepara-se para adoptar medidas que penalizam os imigrantes; na Grécia a polícia intensificou a caça aos ilegais e, no Reino Unido, o sistema judicial agravou as penas contra estrangeiros, em crimes de pequena monta.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Nos bastidores dos JO (crónica publicada no Novo Jornal)

Os Jogos Olímpicos de Londres têm-se revelado as olimpíadas das redes sociais e dos casos. Os acontecimentos insólitos sucedem-se e são difundidos pelos media de todo o mundo, ou quase todo – nos EUA nem tudo chega e, por vezes, chega tarde - e as redes sociais têm servido de plataforma de gaffes, mas também como meio de comunicação entre atletas e adeptos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Joker (crónica publicada no Novo Jornal)

A 20 de Abril de 1999, dois estudantes irrompem no liceu de Columbine, no Colorado, fortemente armados, matam 13 colegas e professores, ferem outros 25 e suicidam-se. Treze anos depois, um jovem, igualmente artilhado, rompe por uma sala de cinema de Aurora, também no Colorado, dispara sobre a plateia que assiste ao filme de Batman, matando 12 pessoas e ferindo 58.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Reportagem premiada «Descida ao inferno»












 
Foi esta a reportagem que deu à Isabel João o prémio CNN/Multichoice, na categoria de Notícias Gerais em Língua Portuguesa, entregue no dia 21 de Julho, em Lusaka, Zâmbia.
Pode ler o texto integral, carregando em ler mais.


terça-feira, 24 de julho de 2012

Prémio CNN para a Isabel João



O Novo Jornal ganhou mais um prémio CNN/Multichoice, jornalista Africano do Ano, na categoria de notícias gerais em língua portuguesa. Ou melhor, a Isabel João, ganhou mais um prémio para o Novo Jornal. O primeiro foi o Sebastião Vemba, em 2010, o terceiro jornalista a trazer o prémio, naquela categoria, para Angola . Este ano, a Isabel João repetiu o feito com uma excelente reportagem, que faz parte de um dossier sobre a vida nas cadeias, a que deu o título genérico «Descida ao inferno».

Quando a Isabel João partilhou comigo que a organização do prémio lhe ligou a anunciar que o seu nome estava entre os 34 finalistas em representação de 12 países (num total de 1799 trabalhos de 42 nações submetidos a concurso), disse-lhe que ia vencer na categoria à qual tinha concorrido. E disse-o não porque a quisesse animar, mas porque tinha e tenho a certeza de estar perante uma reportagem excepcional, num tema particularmente difícil e cuja abordagem implicou da parte dela um esforço como jornalista, mas também como ser humano, o que de resto foi reconhecido pelo júri
(http://edition.cnn.com/video/#/video/international/2012/07/19/african-journalist-awards-portugese-10.cnn).


A forma como a Isabel João abordou um assunto já de si difícil (a vida nas cadeias angolanas, nalguns casos em condições desumanas) define-a como jornalista. Desde que integra a redacção do Novo Jornal, ela tem manifestado uma propensão e interesse por atacar temas difíceis, não se ficando pelo óbvio, nem por aquilo que geralmente os outros jornalistas abordam. A Isabel está sempre à procura de novos desafios, quer infiltrando-se, quer lançando-se para terrenos difíceis, expondo-se a riscos, de forma calculada, para dar ao leitor o outro lado da história.

O primeiro sinal desse arrojo deu-o quando decidiu passar-se por detida, submetendo-se às quatro paredes de uma cela, durante largas horas, para ganhar a confiança das outras reclusas e, assim, poder testemunhar a vida dentro da cadeia. Para esta reportagem, publicada em 2009, a Isabel teve de enfrentar a sua angústia, vencer o medo do desconhecido e debater-se com a agressividade da mulher com quem co-protagonizou a reportagem, contada na primeira pessoa (um registo de excepção no jornalismo) porque não era possível fazê-lo de outra maneira. A reportagem tratava da vida dos outros em, cisrcunstâncias adversas, mas também dos seus sentimentos perante aquilo que testemunhou. Esta forma de se dar ao jornalismo é rara e é isso que a torna uma jornalista de excepção.

Parabéns para a Isabel João e para o colectivo do Novo Jornal que sente o prémio também como seu.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Exemplos transformadores (crónica publicada no Novo Jornal)

Uma juíza do Tribunal de Justiça do estado de Ceará evitou a deportação de vários estudantes guineenses em situação irregular, invocando a “solidariedade e a cooperação internacional” entre os povos da Guiné-Bissau e do Brasil.

terça-feira, 26 de junho de 2012

A nu (crónica publicada no Novo Jornal)

Um estudo publicado esta sexta-feira na revista «New Journal of Physics» revela um modelo matemático, desenvolvido por um grupo de investigadores japoneses, capaz de prever os filmes que serão êxitos de bilheteira.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Caça às bruxas (crónica publicada no Novo Jornal)

Meryl Streep, a recordista de nomeações para os Óscares, protagonizou, em 1988, um filme que marcou a sua consagração internacional pela forma sublime como a actriz norte-americana encarnou o drama de uma mulher que perde um filho e ainda tem de enfrentar uma farsa judicial montada por uma opinião pública eivada de preconceitos.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Olhar para trás (crónica publicada no Novo Jornal)









Uma adolescente nos Estados Unidos tornou-se uma heroína, após ter finalizado em último lugar uma competição do ensino médio.
Meghan Vogel, de 17 anos, foi a primeira a cruzar a meta na corrida de 3.200 metros, que se disputava em Columbus, Ohio, mas ao olhar para trás apercebeu-se que uma das adversárias caíra e estava com dificuldade em finalizar a prova.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ai lagarto! (crónica publicada no Novo Jornal)

Investigadores da primeira organização de conservação da natureza criada no mundo, a Fauna & Flora International, descobriram uma nova espécie de lagarto, nas montanhas do Cambodja. “Pensava que se tratava de um animal comum. Mas ao verificar, percebo que era algo novo”, revelou o herpetólogo Neang Thy, responsável pela expedição na região da Cardamomo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A cotação do Presidente (crónica publicada no Novo Jornal)

Um quadro de Jacob Zuma com os órgãos genitais à mostra, que integra uma exposição inaugurada em Joanesburgo, no dia 10 de Maio, está a criar alvoroço na África do Sul, com o Congresso Nacional Africano (ANC) à proa dos protestos. O pintor sul-africano Brett Murray inspirou-se num poster do russo Viktor Ivanov, datado de 1969, que faz parte da iconografia soviética, para reencarnar a figura de Lenine com a representação do Presidente da África do Sul.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Bando de malfeitores (crónica publicada no Novo Jornal)

Rebekah Brooks, ex-presidente executiva da News International, vai ser acusada, juntamente com o marido, por obstrução à justiça em relação ao escândalo das escutas, que levou ao encerramento do semanário de domingo britânico «News of the World», o primeiro grande jornal do império mediático de Rupert Murdoch.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Democracia, pois!

A grande derrotada nas eleições em França e na Grécia foi a Alemanha. Melhor. Foi Angela Merkel e o eixo que a chanceler traçou com o Presidente francês cessante, Nicolas Sarkozy, para “governarem” sozinhos uma Europa em crise. Um eixo franco-alemão, que levou o Euro para a beira do precipício e que fica comprometido com a queda do co-protagonista Sarkozy, deixando a Presidente Alemã a falar sozinha.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fome (crónica publicada no Novo Jornal)

Com efeito, todas as manhãs vinham à cozinha da criadagem, em minha casa, camponeses cheios de fome que se punham a mendigar de joelhos por um pedaço de pão. E, numa das últimas noites, tinham deitado uma parede do meu celeiro e roubado de lá vinte sacas de trigo (…) A revolta alastra entre eles (…) Os famintos revoltam-se contra os que têm de comer … E estes irritam-se com os famintos… Sim… Não é este o momento para nos zangarmos, mas para sermos indulgentes. A fome é má conselheira, enlouquece os homens, torna-os ferozes, selvagens (…) Um faminto torna-se insolente e rouba; e até pode vir a fazer coisas piores… é necessário que isso se compreenda”. («A minha mulher», de Anton Tchekhov).

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Histórias de amor (crónica publicada no Novo Jornal




Fotos: thetutuprojecto.com

O minúsculo tutu cor-de-rosa faz sobressair os pneus e a barriga peluda. A peça de bailarina está em contradição com o corpo másculo e desajeitado. O resultado comove pela beleza anacrónica que anula a dessincronia entre o objecto e a paisagem que lhe serve de fundo.
«The Tutu Project» nasceu em 2003. Confrontado com a doença da mulher (cancro da mama), o fotógrafo norte-americano Bob Carey decidiu deixar-se fotografar de fato de bailarina cor-de-rosa em inúmeros cenários para fazer sorrir a mulher Linda, amenizando-lhe a dor.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O poder da emoção (crónica publicada no Novo Jornal)

“Querida Asma… Algumas mulheres preocupam-se com o estilo e algumas preocupam-se com a sua gente.
Algumas mulheres lutam pela sua imagem e algumas lutam pela sobrevivência.
Algumas mulheres esqueceram-se que pregaram pela paz e algumas só podem rezar pelos seus mortos.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

É bom ser simpático (crónica publicada no Novo Jornal)*

Uma equipa de investigadores norte-americanos realizou uma experiência que aponta para uma ligação entre a simpatia das pessoas e a sua genética.
Com medo de interpretações abusivas, os cientistas tiveram o cuidado de avisar que não descobriram "um gene da simpatia", mas que o ADN ajuda a explicar os comportamentos ligados à generosidade, a preocupação pelos outros e a participação cívica.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Dama de Bambu (crónica publicada no Novo Jornal)

Após uma longa travessia no deserto, Aung San Suu Kyi foi eleita, com um resultado esmagador, nas eleições intercalares de domingo para o Parlamento Federal birmanês. De nada valeram as manobras das autoridades de Nyanmar, antiga Birmânia, para boicotar a candidatura da líder da oposição, como a censura ao seu discurso eleitoral transmitido na televisão e rádio.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Vida sem borracha (crónica publicada no Novo Jornal)

Viveu com traço forte e sem usar a borracha para eliminar borrões. Até ao último momento. Millôr Fernandes morreu terça-feira, aos 88 anos, deixando um legado que não tem paralelo no Brasil. E que começou cedo.
Cedo Millôr Fernandes enfrentou a vida como os toureiros lidam o touro. Pegando-lhe de frente.

terça-feira, 27 de março de 2012

Ramos Horta (crónica publicada no Novo Jornal)

Em 2007 ganhou as eleições, à segunda volta, com 73 por cento dos votos, deixando o candidato da Fretilin, Francisco Guterres Lu Olo, muito atrás com 27 por cento.
Nas presidenciais de 2012, Ramos Horta caiu a pique. O ex-Nobel da Paz não passou dos 17,81 por cento, ficando-se por um terceiro lugar, que o afastou da corrida presidencial, enquanto Lu Olo se posicionou no primeiro lugar, com 28,48 por cento dos votos, à frente do ex-chefe das Forças Armadas, o general Taur Matan Ruak, que, com o candidato derrotado em 2007, vai disputar a segunda volta, na terceira semana de Abril.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Proibido morrer... (crónica publicada no Novo Jornal)

Na aldeia italiana de Falciano del Massico, localizada a 50 quilómetros de Nápoles, os habitantes estão proibidos de “atravessar as fronteiras da vida terrena para se dirigirem ao Além”. A proibição de morrer, decretada pelo presidente do município Giulio Cesare Fava e com efeitos desde o dia 5 de Março, não se abate apenas sobre as quatro mil almas da aldeia. Abrange também “quem se encontre de passagem”, seja turista ou mero visitante.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Monólogos... (crónica publicada no Novo Jornal)

Tem traduções em mais de 45 línguas, já esteve em cartaz em 119 países – em Angola estreou em Abril de 2011, sob direcção artística de Miguel Hurst -, foi interpretada por actrizes famosas, como Whoopi Goldberg, Susan Sarandon e Meryl Streep e até Oprah Winfrey não resistiu a dar vida a um dos monólogos que tornaram a escritora norte-americana Eve Ensler famosa à escala planetária.
Depois de correrem mundo «Os monólogos da vagina» chegaram ao Parlamento Europeu.

terça-feira, 6 de março de 2012

O Prémio (crónica publicada no Novo Jornal)

Foi a vitória mais política da noite – não foi a mais celebrada, essa pertenceu ao filme francês «O Artista», que arrebatou cinco dos 10 Óscares para que estava nomeado - embora o realizador Asghar Farhadi tenha recusado interpretações políticas na atribuição do prémio para melhor filme estrangeiro a «Uma Separação».

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Uma mulher especial (crónica publicada no Novo Jornal)

                                                                     Marie na Praça Tahir, no Egipto

Não era uma mulher qualquer, nem uma jornalista comum. Era “uma guerreira de outra época”, como a ela se referiu o diário espanhol «El País».
Foi pelo sentimento de urgência em informar - no mais recôndito dos lugares, no mais perigoso dos conflitos - que Marie (Catherine) Colvin rejeitou ser jornalista embedded (encaixada ou integrada e que, por isso, se submete a uma série de regras) no Iraque e foi a primeira repórter ocidental unembedded (desprotegida) a visitar Bassorá.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Finalmente livre (crónica publicada no Novo Jornal)

Pode um homem passar mais de 30 anos sem cometer qualquer crime de sangue, num regime democrático? Pode.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Síndrome da estupidez (crónica publicada no Novo Jornal)

O mundo financeiro e económico está acometido de uma síndrome estranha para a qual não existe terapêutica suficientemente eficaz. Trata-se da síndrome da estupidez, que começou por ser persistente e acabou por tornar-se crónica.
Não sou eu que o digo, limito-me a enquadrar a patologia. É Michael Lewis que o constata.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ler a mente (crónica publicada no Novo Jornal)

O super-homem, herói da banda desenhada que vestia a pele do jornalista Clark Kent, tinha uma visão raio-X e telescópica, mas não conseguia ler mentes.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Moedas para Cavaco (crónica publicada no Novo Jornal)

“Amados irmãos e irmãs, Ao aproximar-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2012, desejo partilhar convosco algumas reflexões sobre um aspecto do processo humano da comunicação que, apesar de ser muito importante, às vezes fica esquecido, sendo hoje particularmente necessário lembrá-lo. Trata-se da relação entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas. Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca um certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado”.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Abuso de poder (crónica publicada no Novo Jornal)

O Barão de Montesquieu dizia que “em qualquer magistratura é indispensável compensar a grandeza do poder pela brevidade da duração”. Para ceder à tentação do poder torna-se, pois, necessário, segundo o filósofo e jurista francês do século XVIII, exercê-lo num período de tempo breve.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Exércitos a nu (crónica publicada no Novo Jornal)

Numa altura em que se assinalam 10 anos de existência da prisão de alta segurança na baía de Guantanamo, voltam a surgir provas dos abusos cometidos pelo exército norte-americano, desta vez não no antigo campo militar que os EUA têm na ilha cubana desde 1903, mas possivelmente no Afeganistão.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Estrelas da política (crónica publicada no Novo Jornal)

O cantor Youssou N’Dour anunciou esta semana que é candidato a Presidente do Senegal, nas eleições de Fevereiro, defrontando o actual chefe de Estado, Abdoulaye Wade, e mais 19 candidatos.

Anno horribilis (crónica publicada no Novo Jornal)

A profecia Maia vaticina o fim do mundo em 2012, prevendo que algo de muito grave se irá passar no solstício de Inverno, a 21 de Dezembro, altura em que a Terra estará alinhada com o Sol e com o centro da nossa galáxia, a Via Láctea.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Herói intemporal (crónica publicada no Novo Jornal)

Em Maio de 1961, um grupo de negros norte-americanos decidiu empreender uma viagem pelo sul dos EUA com o objectivo de fazer valer uma decisão do Supremo Tribunal, que julgou ilegal qualquer tipo de segregação racial em paragens de autocarros e carreiras interestaduais.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

À tona de água (crónica publicada no Novo Jornal)

No dia 28 de Novembro de 1987, às 14h23 (horário local), um avião das linhas áreas sul-africanas descola da capital de Taiwan, Taipei, com destino a Joanesburgo e escala nas Ilhas Maurícias, a leste de Madagáscar. O voo 295 da South African Airways (SAA) leva 159 pessoas a bordo e seis compartimentos cheios de carga.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Culpado, eu? (crónica publicada no Novo Jornal)

Os militares portugueses vão manifestar-se sábado, dia 12, contra as “medidas duríssimas” do Orçamento de Estado para 2012. Em causa estão a mutilação nos ordenados e pensões dos homens das forças armadas e as facadas nos seus subsídios de férias e de Natal, em contraste com o aumento generalizado dos impostos.

sábado, 5 de novembro de 2011

A farsa russa (crónica publicada no Novo Jornal)

O Teatro Bolshoi reabriu ao fim de seis anos de restauro. Com muita pompa e circunstância, a batuta regressou a este símbolo russo para dirigir a ópera «Slavsya», do compositor Mjkahail Glinka, mas há muito que está em cena a farsa política na Rússia.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Declínio moral (crónica publicada no Novo Jornal)

A cena é indescritível.
Uma menina, de dois anos, caminha pela estrada. Distraída, vira costas a um furgão que se aproxima.
O veículo bate na criança, projectando-a para o chão, e passa com as duas rodas por cima do corpo da pequena, que fica estendido a sangrar.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Caderno Grande (crónica publicada no Novo Jornal)

No seu livro «O Caderno Grande», o primeiro de uma trilogia que Agota Kristof dedica às ex-sociedades totalitárias do leste europeu e à sua passagem para sociedades consideradas “livres”, a autora Húngara apresenta-nos um par de gémeos e o crescimento destas figuras centrais dos três romances junto da avó materna, desprovidos de tudo o que faz parte da vida das crianças e pré-adolescentes.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Trilogia do crime (crónica publicada no Novo Jornal)

Dois iranianos deslocaram-se ao México para contratar um atirador profissional para cometer um assassinato nos EUA. O homicídio do diplomata de um país árabe não chegou a concretizar-se. Os serviços secretos norte-americanos deram com a trama e desfizeram o argumento antes que os actores passassem à acção.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Indignai-vos (crónica publicada no Novo Jornal)

O fosso entre os muito ricos e os muito pobres, a ecologia e o terrorismo são os três grandes desafios que a Humanidade enfrenta. Quem o afirma é o ex-diplomata Stéphane Hessel, numa entrevista à agência de notícias Efe, a propósito da publicação em Espanha da autobiografia «Danse avec le siécle», onde o resistente Nazi, aos 93 anos, fala sobre os desafios da Humanidade para as próximas décadas.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Redimido (crónica publicada no Novo Jornal)

Duas histórias sobressaem nas notícias da última semana. Ambas são insólitas, demonstram a hipocrisia vigente e revelam como a justiça tem de ser aplicada com critério e razoabilidade. Um dos homens mais procurados pelo FBI foi apanhado em Portugal, onde vivia há vários anos sem levantar a mínima suspeita. George Wright, que ostentava um bilhete de identidade português, foi traído pela saudade.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Erro irreparável (crónica publicada no Novo Jornal)

Troy Davis foi executado às 23h08 locais (4h08 em Luanda) de quarta-feira, apesar dos diversos pedidos de clemência. A justiça ficou, uma vez mais, longe dos tribunais americanos, que, juntamente com o Japão, é o único país democrático que mantém a pena de morte.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sai da frente... Facebook (crónica publicada no Novo Jornal)

A vida de Hélio Catarino teve uma viragem de 180 graus, desde que um vídeo no YouTube deu a conhecer a sua monumental queda de skate. Numa semana, o «Fail like a boss» teve dois milhões de visualizações. Frases como “o medo é uma cena que a mim não me assiste” e “sai da frente, Guedes” tornaram-se conhecidas no mundo inteiro. E repetidas durante o Verão português.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Heróis desamparados (crónica publicada no Novo Jornal)

Dez anos depois, a homenagem aos heróis do 11 de Setembro definha por um sentimento de injustiça provocado pelo desamparo dos que contraíram doenças ao tentar salvar vidas e resgatar cadáveres no meio dos escombros do Worl Trade Center (WTC).

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

As noites da humanidade (crónica publicada no Novo Jornal)

“Fadil Sanaan estava a relaxar nas escadas da fonte pública (…) Então viu um homem de aspecto radiante e leve sorriso que se dirigiu para ele e se sentou a seu lado. (…) - Não é deste bairro, pois não?
- O seu instinto está certo – disse o homem de forma simpática -, mas escolhi-o a si para conversar.
Fadil ficou a olhar para ele com a cautela que tinha adquirido à força de ser perseguido pelos espias.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Faça o favor... (crónica publicada no Novo Jornal)

Warren Buffett estava longe de pensar na repercussão das suas palavras. Ou talvez não.
Depois de um artigo publicado, no «The New York Times», onde o presidente da Berkshire Hathaway e o terceiro homem mais rico do mundo apelou aos políticos para pararem de mimar os super-ricos, milionários de vários hemisférios ergueram-se a manifestar disponibilidade para ajudar a ultrapassar a crise económica.

domingo, 21 de agosto de 2011

Mimar os ricos (crónica publicada no Novo Jornal)

Quando a esmola é grande o pobre desconfia. Quando o privilégio é enorme os ricos não estranham.
Ou, pelo menos, não estranhavam.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Liberdades (crónica publicada no Novo Jornal)

Ao longo da sua vida, Nancy Wake acumulou superlativos. Durante a segunda guerra mundial, foi a pessoa mais procurada pela Gestapo, a polícia secreta nazi; foi uma das mais eficazes sabotadoras dos aliados, em França, e uma das mais arrojadas espias da resistência.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A força do perdão (crónica publicada no Novo Jornal)

“Querido Anders Behring Breivik”.
“Tu acreditas que venceste porque mataste os meus amigos e companheiros. Acreditas que destruíste o partido trabalhista e as pessoas que crêem numa sociedade multicultural”.
“Quero que saibas que falhaste. Não vamos responder ao mal com o mal, como gostarias. Vamos combater o mal com o bem. E venceremos”.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Penas de morte (crónica publicada no Novo Jornal)

O Tribunal Supremo da Florida resolveu adiar, por um mês, uma execução agendada para o dia 2 de Agosto, para que seja possível ouvir os argumentos dos advogados de defesa contra o uso de um novo anestesiante na aplicação da injecção letal.

Iluminados (crónica publicada no Novo Jornal)

A organização não governamental Werkstatt Deutschland decidiu atribuir o prémio Quadriga deste ano a Vladimir Putin, o ex-presidente russo que é primeiro-ministro e que, tudo indica, será o próximo presidente do país.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Acima da lei (crónica publicada no Novo Jornal)

Slobodan Milosevic foi preso pela polícia sérvia, a 28 de Junho de 2001, e transferido para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, em Haia, para responder por crimes de guerra. O ex-presidente da extinta República Federal da Jugoslávia não chegou a conhecer a sentença. Foi encontrado morto na sua cela, no dia 11 de Março de 2006, poucos meses antes da conclusão do seu julgamento.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Barbaridade

A primeira advertência que me fizeram quando cheguei a Luanda foi que não parasse se tivesse o azar de atropelar alguém. Devia seguir caminho e dirigir-me à primeira esquadra de polícia que encontrasse.
Pensei, que barbaridade.
Como é que alguém consegue abandonar uma pessoa atropelada?
Há dias, no município da Jamba Mineira, Huíla, o director da Escola do Magistério Primário daquela província do sul de Angola, José dos Santos Kakulipolua, e Costa Numby, professor de física que o acompanhava no carro, foram espancados até à morte por populares, depois do atropelamento mortal de uma criança.
Barbaridade, pensava eu!
Não há gesto que supere em violência e barbárie aquele que foi cometido contra os dois professores, como bem assinalou o arcebispo emérito do Lubango e administrador apostólico da diocese do Namibe, Dom Zacarias Kamwenho.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Tiro no pé (crónica publicada no Novo Jornal)

O magnata dos media Rupert Murdoch vive dias difíceis. Depois de um ataque à conta do twitter da «Fox News», que anunciou na segunda-feira a morte do Presidente Barack Obama, Murdoch vê ruir um dos títulos do seu império no Reino Unido.

terça-feira, 5 de julho de 2011

P'la revolução grega




No momento em que a Grécia corre o risco de implosão, nada mais oportuno do que ouvir a cantora grega Maria Farantouri a cantar «Hasta siempre», a canção que Carlos Puebla dedicou a Che Guevara.
Há muitas grécias a precisar de novas e urgentes revoluções!

sábado, 2 de julho de 2011

Sem redenção (crónica publicada no Novo Jornal)

Amir é um rapaz de 12 anos que tenta desesperadamente agradar ao pai, um afegão que ficou viúvo cedo e que vive ocupado a ser um homem de negócios bem sucedido.
A família vive num bairro abastado de Cabul, na década de 1970, durante os últimos anos do reinado do Rei Zahir.
 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Hipocrisia ocidental (crónica publicada no Novo Jornal)

John Galliano, a estrela da moda mundial caída em desgraça por proferir insultos anti-semitas, sentou-se quarta-feira num tribunal em Paris para responder num processo, em que já foi publicamente condenado.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Os geniais Três Tristes Tigres



Nas (re)arrumações cá de casa dei de caras com um - há muito perdido mas não esquecido - disco de uma das bandas mais geniais da música portuguesa das últimas décadas: Três Tristes Tigres.

O que aí vem! (crónica publicada no Novo Jornal)

Após o violento sismo que sacudiu o Japão no dia 11 de Março, cientistas japoneses concluíram que podem ocorrer novos abalos de grande intensidade, em várias partes do mundo mesmo onde não existam antecedentes históricos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Luxos (crónica publicada no Novo Jornal)

O presidente da Fundação Mo Ibrahim diz que a Europa "não tem o direito de dar lições aos africanos" em matéria de transparência, quando continua a permitir que as suas empresas se envolvam em "negócios duvidosos" no continente africano.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mali e Cabo Verde



Magnífico, simplesmente.
Salif Keita, do Mali, e Cesária Évora, de Cabo Verde.

Até que germine (crónica publicada no Novo Jornal)

“- A democracia exige uma longa aprendizagem – diz Ali. – Ela se imporá por si mesma quando estiver madura. O trabalho político consiste num militantismo de largo fôlego para fazer germinar a democracia no seio do povo e calar as discussões estéreis e as batalhas dos chefes nos estados-maiores dos partidos políticos.
- Estarás de acordo comigo em que, para assegurar essa tarefa de aprendizagem e de vulgarização da democracia, é necessário utilizar o poder do Estado em todos os sectores: a escola, a justiça, a informação, a cultura. É vital que o poder venha a pertencer a um grupo que queira realmente instaurar a democracia”.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Foi-se o poeta de rua, ficou a voz



Gil Scott-Heron morreu na sexta-feira, 27 de Maio.
Voz do activismo afro-americano, fonte inspiradora de músicos do hip-hop - "Fazemos o que fazemos e da forma que fazemos por tua causa”, declarou Chuck D, dos Public Enemy – Gil Scott-Heron desnorteou-se nas encruzilhadas da vida, mergulhou na dependência das drogas e álcool e perdeu-se.
Richard Russell, produtor e director da editora XL, foi resgatá-lo à prisão, ajudou-o a reerguer-se e fê-lo gravar, há um ano, “I’m New Here”, o álbum mais marcante de 2010, e que trouxe à luz do dia, 16 anos depois do último disco de originais, a voz inconfundível de um poeta, cantor e figura icónica da música popular norte-americana e que foi uma das vozes mais expressivas do activismo afro-americano dos anos 1970.
“Mais do que esquecido, parecia perdido. I’m New Here foi por isso um acontecimento”, escreveu Vítor Belanciano, no «Público», concluindo: “A sua morte fica com um sabor de injustiça, embora nas entrelinhas desse disco se percebesse um homem a prestar contas ao passado a reconciliar-se consigo próprio e com a vida. Pronto a partir”.
A sua voz ficou, bem como o legado poético que a enche.

domingo, 29 de maio de 2011

Do outro mundo (crónica publicada no Novo Jornal)

Em 1969, Neil Armstrong, ao pisar a lua, afirmou que aquele era “um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para a humanidade”.
A frase ecoou pelo mundo e passou a fazer parte dos anais da história. Mas o passo de gigante de Armstrong arrisca-se a ser relegado para segundo plano. Esse é o desafio da «New Scientist». A revista lançou um desafio aos seus leitores para encontrar as melhores palavras para serem ditas quando o homem pisar Marte.


segunda-feira, 23 de maio de 2011

O lado do poder (Esto es solo el principio)





Assim se vê a raça de nuestros hermanos espanhóis. Não se limitaram a protestos pífaros que poucos resultados têm, para além da descompressão do descontentamento popular.
Os espanhóis mantêm-se firmes. Tomaram as praças das principais cidades espanholas; desafiaram a lei que proíbe protestos antes dos actos eleitorais; e deram uma "sova" ao PSOE, partido no poder em Espanha, nas eleições municipais, mostrando claramente de que lado está o poder.

Lição de desenho, de Nizar Qabbani


Foto: Exame, Brasil

O Presidente dos EUA fez, na quinta-feira, 19, um discurso sobre as revoltas no mundo árabe e no norte de África. Apesar de Barack Obama ter introduzido profundidade no discurso político, continuo a preferir a voz dos poetas. Neste caso, a do poeta e diplomata sírio, Nizar Qabbani (1923-1998)


UMA LIÇÃO DE DESENHO

O meu filho coloca a sua caixa de pintura à minha frente
E pede-me que lhe desenhe um pássaro.
Mergulho o pincel na cor cinzenta
E traço um quadrado com fechaduras e grades.
Os seus olhos enchem-se de surpresa:

"... Mas isto é uma prisão, pai,
Não sabes desenhar um pássaro?

E eu digo-lhe: "Filho, perdoa-me.
Esqueci-me da forma dos pássaros.

O meu filho coloca o livro de desenhos à minha frente
E pede-me que desenhe uma espiga de trigo.

Pego num lápis
E desenho uma arma.

O meu filho desdenha da minha ignorância,
perguntando,
"Pai, não sabes a diferença entre uma espiga de trigo e uma arma?"
Eu digo-lhe: "Filho,
uma vez usei a forma da espiga de trigo
a forma do pão
a forma da rosa
Mas nestes tempos duros
as árvores da floresta juntaram-se
aos homens da milícia
e a rosa veste uniformes escuros

Neste tempo de espigas de trigo armadas
de pássaros armados
de cultura armada
e de religião armada
não se pode comprar pão
sem encontrar uma arma no interior
não se pode colher  uma rosa do campo
sem que os seus espinhos nos arranhem o rosto
não se pode comprar um livro
que não vá explodir entre os nossos dedos."

O meu filho senta-se à beira da minha cama
e pede-me que recite um poema
Uma lágrima cai dos meus olhos para a almofada.

O meu filho apanha-a, surpreendido, dizendo:

"Mas esta é uma lágrima, pai não é um poema!"

E eu digo-lhe:

"Quando cresceres, meu filho,
e aprenderes o 'diwan' da poesia árabe
descobrirás que palavra e lágrima são gémeas
e que o poema árabe
não é mais do que uma lágrima chorada por dedos que escrevem."

O meu filho pega nos seus pincéis,
a caixa de pinturas à minha frente
e pede-me que lhe desenhe uma pátria.

O pincel treme nas minhas mãos
e eu afundo-me, chorando.

sábado, 21 de maio de 2011

O poder vicia (crónica publicada no Novo Jornal)

Na vida pública nem tudo o que parece é; mas a maior parte do que parece é-o de facto.
Este axioma vem a propósito de um outro postulado que tem séculos de comprovação empírica e cujos exemplos abundam. Nos últimos dias são tantos os casos de abuso de poder que o aforismo atinge quase o estatuto de verdade científica.

domingo, 15 de maio de 2011

Negócios dos bebés (crónica publicada no Novo Jornal)

“O funcionário do planeamento familiar rondava regularmente por aquela aldeia situada no cimo da montanha, à procura de fraldas em estendais de roupa a secar e à escuta de choros de bebés recém-nascidos e com fome. Num dia de Primavera de 2004, apresentou-se à porta da casa de Yang Shuiying e ordenou: Entreguem o bebé!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O poder da imagem (crónica publicada no Novo Jornal)

No dia 8 de Junho de 1972, um avião da Força Aérea Vietnamita descarrega bombas de Napalm sobre Trang Bang, povoação localizada a 30 quilómetros de Saigão. A operação militar, destinada a travar o avanço dos vietcongs sobre a capital, mata centenas de homens, mulheres e crianças. A objectiva do fotógrafo vietnamita Nic Ut capta o momento em que várias crianças correm pela estrada fora com o terror estampado no rosto. Atrás de si soldados americanos parecem indiferentes ao sobressalto. Dos rostos infantis sobressai o de uma menina, de nove anos, que corre nua, gritando “muito quente, muito quente”. O seu corpo é testemunho vivo do terror: as costas, ombros e os braços estão queimados pelo Napalm. Kim Phuc torna-se o rosto das vítimas do Vietname, a fotografia marca uma viragem no curso da guerra. A 12 de Agosto fica concluído o processo de retirada das tropas norte-americanas do Vietname.


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Novas viagens



A voz é de Mayra Andrade; a música de Princezito. Duas vozes inconfundíveis da música caboverdiana que nos convidam a novas viagens: sonoras e geográficas.

Estados de felicidade (crónica publicada no Novo Jornal)

O índice de bem-estar e qualidade de vida Gallup-Healthways, publicado nos Estados Unidos, encontrou no Havai a pessoa mais feliz da América. Trata-se de Alvin Wong, um americano de origem asiática, de 69 anos de idade. O homem, que professa a religião judaica, é casado, tem filhos, gere o seu próprio negócio e tem um rendimento anual à volta dos 120 mil dólares.

terça-feira, 26 de abril de 2011

E depois do adeus



Soberba esta interpretação de Paulo de Carvalho, da música «E depois do Adeus», que serviu de senha à revolução que restituiu a liberdade a Portugal e abriu caminho para a proclamação da independência das ex-colónias portuguesas.
Uma canção de amor, com a qual Portugal concorreu ao Festival Eurovisão da Canção de 1974, e que se transformou num hino da liberdade.

A voz aos poetas

Na passagem de mais um 25 de Abril, a voz aos poetas.
Os políticos já nada dizem.
Só falam.


Nesta Hora

Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda
Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca o povo

Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio
E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade

Meia verdade é como habitar meio quarto
Ganhar meio salário
Como só ter direito
A metade da vida

O demagogo diz da verdade a metade
E o resto joga com habilidade
Porque pensa que o povo só pensa metade
Porque pensa que o povo não percebe nem sabe


A verdade não é uma especialidade
Para especializados clérigos letrados


Não basta gritar povo é preciso expor
Partir do olhar da mão e da razão
Partir da limpidez do elementar


Como quem parte do sol do mar do ar
Como quem parte da terra onde os homens estão


Para construir o canto do terrestre
- Sob o ausente olhar silente de atenção –

Para construir a festa do terrestre
Na nudez de alegria que nos veste

Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919-2004)

sábado, 23 de abril de 2011

A velhinha Cuca


Como se vestia a velhinha Cuca.
Fresca e sensual.

Mais um símbolo de Luanda abaixo


No largo em obras do Kinaxixi caiu mais um símbolo urbano de Luanda.
O velho e imponente logotipo da Cuca, que encimamava o prédio que adoptou o nome da cerveja angolana, foi abaixo.
Como foi o mercado do Kinaxixi, um dos símbolos da arquitectura tropical, perante os protestos populares.
Também a rainha Ginga, monárquica guerreira que lutou contra o colonizador português, foi afastada de uma das praças centrais da capital angolana que vai, pouco a pouco, apagando os traços do passado.
Esta foto de 2009, o Xinaxixi, já desfigurado, capta ainda o prédio da Cuca.
No centro, uma enorme cratera recebe os alicerces de umas torres de betão e vidro, mais umas, o novo símbolo da Luanda endinheirada, mas sem memória.
Um símbolo da megalomania de alguns dirigentes nacionais, como escreveu há um ano Pepetela, e de horror ao vazio.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O curso da história (crónica publicada no Novo Jornal)

Regresso ao passado I
O Irão está a planear uma missão espacial que terá como principal tripulante um macaco, divulgou a agência noticiosa oficial ISNA, citando o director da Agência Espacial iraniana, Hamid Fazeli.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Subiu para dois o número de jornalistas mortos em Misurata


Subiu para dois o número de jornalistas mortos ontem, na Líbia.
Chris Hondros, que trabalhava para a Getty Images, não resistiu aos ferimentos provocados por um obus em Misurata e morreu pouco depois de Tim Hetherington.
O fotógrafo norte-americano, que sofreu lesões cerebrais, chegou a ser transferido para uma unidade de cuidados intensivos, mas não resistiu.
O grupo de repórteres estava a tentar sair da rua Trípoli, onde se desencadeavam combates entre rebeldes e as tropas leais a Khadafi, quando um morteiro caiu à sua frente, contou à Reuters o fotojornalista Guillermo Cervera.
“Em Misurata. As forças de Khadafi bombardeiam indiscriminadamente. Não há sinais da NATO”, foi a última mensagem que Hetherington colocou no Twitter.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mais um jornalista morto na Líbia


O repórter fotográfico Tim Hetherington foi morto hoje a tiro de morteiro em Misrata, na Líbia.
Outros três jornalistas que cobrem os confrontos entre as forças fiéis a Muammar Kadhafi e os rebeldes ficaram feridos.
Tim Hetherington, de 41 anos de idade, trabalhava para a revista norte-americana Vanity Fair.
Jornalista de origem britânica, o repórter tinha feito a cobertura de numerosos conflitos e ganhara em 2007 o prestigiado World Press Photo Award pelas suas fotografias de soldados dos Estados Unidos no Afeganistão.
Este seu trabalho servira também de base ao documentário Restrepo, que chegou a ser nomeado para os Oscares.
Um dos jornalistas gravemente feridos é o norte-americano Chris Hondros, também de 41 anos, da agência fotográfica Getty.
A identidade dos outros dois não tinha sido divulgada a esta hora.
Tim Hetherington é o segundo jornalista estrangeiro a morrer durante o conflito na Líbia, depois de um operador de câmara da Al-Jazeera, Ali Hassan Al Jaber, ter sido abatido e um outro jornalista da cadeia televisiva ferido em 12 de Março, durante uma emboscada perto de Bengazi, bastião da rebelião.
Vários jornalistas têm sido detidos e maltratados pelo regime líbio, desde o início da rebelião em 15 de Fevereiro.
Apesar das ameaças, dezenas de repórteres mantêm-se firmes no compromisso de levar a informação, não filtrada, para o exterior, mesmo sabendo o preço que podem vir a pagar.
Os repórteres fotográficos e operadores de câmara, pela natureza do seu trabalho, estão mais expostos.
A caneta esconde-se com maior facilidade e regista mais tarde aquilo que os olhos captam.
As câmaras têm de focar a realidade que querem transmitir e, por vezes, tiros disparam na direcção delas.
Como aconteceu ontem a Tim Hetherington.
Mais um crime para a lista longa do ditador líbio.
Mais um tiro no direito de informar.

domingo, 17 de abril de 2011

O embuste continua (crónica publicada no Novo Jornal)

O “resgate desnecessário” de Portugal, depois do irlandês e do grego, “deve ser um aviso a democracias em todo o lado”, porque não é “realmente sobre dívida”.
O alerta é feito pelo sociólogo norte-americano Robert Fishman que, num artigo publicado no New York Times, afirma que Portugal foi vítima da “pressão injusta e arbitrária” dos mercados financeiros internacionais, que ameaça Espanha, Itália e Bélgica e outras democracias em todo o mundo.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A verdadeira maldição (crónica publicada no Novo Jornal)

O mistério está desfeito. A alta incidência de gémeos em Cândido Godói, no Rio Grande do Sul, Brasil, tem causas naturais e não é resultado de experiências do médico Nazi Mengele, como chegou a ser sugerido. Também não tem nada a ver com uma substância presente na água, como reza uma lenda local. É, pura e simplesmente, fruto de uma herança genética, reforçada “pelo alto nível de procriação consanguínea entre a população, composta quase inteiramente por imigrantes de língua alemã”.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O mesmo nojo (crónica publicada no Novo Jornal)

1 A organização não governamental (ONG) Paz e Vida denunciou segunda-feira junto do Ministério Público da Venezuela que agentes da polícia nacional sequestram pessoas para depois as vender à guerrilha colombiana. A morte por ajuste de contas também faz parte dos relatos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

Casamentos de conveniência (crónica publicada no Novo Jornal)

Em Março, mês dedicado a elas, as mulheres têm andado nas bocas do mundo.
A Al-Qaeda, que como se sabe tem pelas mulheres uma visão prática e utilitária, aproveitou o mês para lançar uma revista feminina.
Só que, ao contrário dos modelos ocidentais, a revista da Al-Qaeda tem como fim não as mulheres, mas aqueles cujo bem-estar depende delas.

quarta-feira, 16 de março de 2011

De taco na mão


Portugal é cada vez mais o país dos ricos.
Os jovens, da autoproclamada “geração à rasca”, não têm emprego e os que têm são precários.
Os de meia idade vão perdendo o emprego, as regalias que foram conquistando em anos de trabalho, e o poder de compra.
Os velhos vêem minguar a reforma, os medicamentos a aumentar de preço e os seus parcos rendimentos a serem tributados cada vez mais.
No supermercado há mais produtos a serem tributados com a taxa máxima de IVA - 23 por cento - pesando sobre os bolsos de quem tem cada vez menos para gastar.
Os ricos, esses, estão cada vez mais ricos – o país tinha dois empresários na lista da Forbes, em 2009, agora tem três e com riqueza acumulada a subir.
E a riqueza deles bem pode continuar a subir, porque o governo socialista de José Sócrates resolveu baixar o IVA do golfe – desporto praticado maioritariamente por pessoas oriundas das classes sociais com maiores rendimentos - de 23 para 6 por cento.
Está certo.
Das duas uma: ou se arrasa tudo para se transformar Portugal num imenso campo de Golfe e democratizar a prática da modalidade; ou a populaça emigra e deixa o país entregue aos golfistas.
Nada garante é que, em pouco tempo, não fiquem de taco na mão.

terça-feira, 15 de março de 2011

Na encruzilhada líbia

Fotografia de Goran Tomasevic, da Reuters


A Líbia está numa encruzilhada à espera que se decida o duelo entre Kadhafi e os seus opositores.
Enquanto a aviação do regime líbio bombardeava ontem,14 de Março, Ajdabiya, rebeldes cumpriam a sua missão, num posto de controlo nesta cidade no Leste do país, que se situa num ponto estratégico a 160 quilómetros de Benghazi, o bastião da revolta anti-Kadhafi.

domingo, 13 de março de 2011

Imprensa livre em Angola


Para os que insistem na ideia que em Angola não há imprensa livre, aqui fica, reproduzido na íntegra, o editorial do Director do Novo Jornal, Victor Silva, da edição de 11 de Março de 2011, a propósito da detenção de três jornalistas e um motorista, quando faziam a cobertura de uma manifestação anti-governamental agendada para o dia 7 de Março, mas que não chegou a realizar-se:


A Praça 1.º de Maio





Victor Silva, Director do Novo Jornal

Afinal “a montanha pariu um rato”!
Este poderia ser o título mais adequado para a pretensa manifestação contra o Governo que foi veiculada através das redes sociais e deixou muito perturbado o partido no poder, ao ponto de ter convocado uma “marcha patriótica” contra os que se “julgam mãos limpas, os mais patriotas com o apoio dos serviços de inteligência ocidentais”.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Choque de Ordem (crónica publicada no Novo Jornal)

A tolerância zero foi decretada, mas não se revelou suficiente para desmobilizar os adeptos do chichi ao ar livre no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Isenção, pois!

O Jornal de Angola já nos habituou à sua forma isenta e factual de fazer jornalismo.
A última pérola, escrita a quatro mãos, gira em torno da detenção na madrugada de segunda-feira de 17 pessoas, entre elas três jornalistas e um motorista do Novo Jornal.
Dizem - a Polícia Nacional e o Jornal de Angola - que a detenção do grupo teve "como objectivo evitar actos de agressão", pela “iminência de um conflito” entre este e um outro grupo de pessoas que se foi juntando no mesmo local com a intenção de os dispersar.
Muito bem. Entendido.
Depreende-se da explicação da Polícia Nacional, muito bem explanada pelo Jornal de Angola, que, na iminência do assalto a uma residência, a polícia angolana detém os donos da casa e deixa os assaltantes à solta.
Não se compreende é que para explicar esta acção preventiva, a Polícia Nacional e o Jornal de Angola tenham usado terminologia distinta, uma inócua e outra eivada de culpa.
A polícia diz que foi “obrigada a proceder à recolha dessas pessoas” e, no momento seguinte, confirma que “foram no local detidas para declarações 17 pessoas”.
Entendidos. É o registo factual e isento das duas entidades: Polícia Nacional e Jornal de Angola.
Tão isento como o Jornal de Angola se referir a Pedro Cardoso como o “jornalista português ao serviço do Novo Jornal, mas que na verdade estava a acompanhar a “manifestação” para a Rádio Renascença de Lisboa”.
Como luso angolano que é, por direito e convicção, em Angola Pedro Cardoso é angolano, como bem sabe o Jornal de Angola, por mais que diga e escreva o contrário.
E nada o impede de, ao serviço do Novo Jornal, fazer o relato de um acontecimento para um órgão de informação estrangeiro.
O que é bem diferente da frase mal intencionada e que só se entende inscrita na estratégia de manipulação do diário angolano.

PS. Pode ler a notícia do Jornal de Angola, clicando no Ler mais

segunda-feira, 7 de março de 2011

Medo? Não

Juntou-se a três colegas, um jornalista, um repórter fotográfico e um motorista, e foi trabalhar, nessa noite de domingo.
A polícia chegou ao local onde se reunia um grupo de jovens, que recitavam poesia, trocavam conversa e projectavam sonhos.
O grupo e os jornalistas foram questionados, rodeados, intimidados.
Ela respondeu que estavam ali a trabalhar.
O polícia mandou-a calar e ordenou que se sentasse no chão
À ordem que se seguiu, deu com ela numa esquadra, onde foi separada do grupo.
Perguntaram-lhe com que políticos da oposição privava.
Quiseram saber o que estava a fazer na praça.
Tiraram-lhe os pertences pessoais.
Vasculharam-lhe o telemóvel, viram o registo de chamadas e leram as suas mensagens.
Passada a noite, obrigaram-na a limpar a cela.
Humilharam-na, julgavam eles.
Deram-lhe guia de marcha.
Devolveram-na à liberdade.
Já na rua, deu entrevistas.
Fez a cronologia dos acontecimentos.
Disse que não, não se sentia intimidade.
Ia comer "qualquer coisa" para se refazer de uma noite sem dormir para pôr pés a caminho do jornal.
Tinha muito que fazer.
Muito que escrever.
Medo? Não.
"Isto dá-me mais força para trabalhar, para continuar", respondeu à repórter que a inquiria por telefone, a partir de Portugal.
Não era a primeira vez que passava a noite numa esquadra.
A voz de Ana Margoso não tremeu.
O pensamento não vacilou.
Reconheci a jornalista que me habituei a ver na Redacção do Novo Jornal; que sempre me tocou pela coragem e determinação.
E que, inspirada pelo exemplo do pai (general que, com outros, construiu os caminhos para a independência de Angola) também luta pelo seu país.
À sua maneira.

Porquê?

Uma manifestação em Angola contra o poder instituído foi convocada a reboque da Primavera árabe que derrubou, nas ruas, governos ditatoriais e nepóticos na Tunísia e no Egipto e tenta, a custo de muitas vidas, fazer o mesmo na Líbia.
A manifestação assentava à partida num equívoco. A realidade angolana nada tem a ver com o quadro político no magreb. E depressa o partido no poder tratou de matar, com uma contra-manifestação pela paz, a manifestação pela mudança que não chegou a ser.
Ainda assim, menos de duas dezenas de jovens responderam ao apelo. Aproveitando o palco central do largo 1 de Maio, juntaram-se para trocar versos e mensagens políticas contra o regime de José Eduardo dos Santos.
A polícia não esteve com contemplações. Encarou o acto como subversivo e deteve todos os que se concentraram na vígília nocturna. Todos mesmo. Não escapou a equipa do Novo Jornal, que se limitava a fazer o seu trabalho.
Dois jornalistas (Ana Margoso e Pedro Cardoso) um repórter fotográfico (Afonso Francisco) e o motorista que os apoiava na deslocação (Dário Pandé) foram levados pela onda repressiva. E passaram a noite numa esquadra, impedidos de comunicar com os familiares que, amedrontados com as notícias da repressão líbia, passaram horas de aflição.
Já com o grupo todo em liberdade - manifestantes e equipa do Novo Jornal - resta a pergunta: Porquê?
Não há argumento que legitime uma atitute tão disparatada da polícia angolana.
Nem regime, por mais democrático que seja, que resista à erosão provocada pela detenção de jornalistas e gente pacífica.

sábado, 5 de março de 2011

Pela Primavera (crónica publicada no Novo Jornal)

Já são conhecidos os candidatos ao Prémio Nobel da Paz de 2011.
São 241 nomeados dos quatro cantos do mundo, um número recorde, 53 dos quais são organizações.
Apesar de a lista ser um segredo bem guardado até à data do anúncio do vencedor, em respeito pelos estatutos, o director do Instituto Nobel destapou um pouco o véu. E, sem trair a identidade dos nomeados, admitiu que a edição deste ano foi influenciada pela «Primavera árabe». “Recebemos várias propostas que reflectem a situação” na Tunísia, Egipto e Líbia, precisou Geir Lundestad.
Mas nem só da Primavera se fazem os prémios Nobel deste ano.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Ouro de Tombuctu (crónica publicada no Novo Jornal)

“As palavras constituem o nervo e o músculo que mantém as sociedades de pé”, argumentou. Veja o Alcorão, a Bíblia, a Constituição Americana, mas também as cartas escritas de pais e filhos, os testamentos, as bênçãos, as maldições. Milhares de palavras, imbuídas do espectro completo de emoções, enchem todos os recantos e esconsos da vida humana. “Algumas dessas palavras só podem ser vistas aqui, em Tombuctu”, afirmou, triunfante”.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A certeza... (crónica publicada no Novo Jornal)

A frase que em 2008 levou Barack Obama à presidência dos Estados Unidos está a servir de mote às manifestações que nas últimas semanas se registam em vários cantos do globo terrestre.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pontas soltas (crónica publicada no Novo Jornal)

O povo votou e decidiu a libertação do sul do até agora maior país africano. Mas o referendo sobre a independência do sul do Sudão, realizado a 9 e 15 de Janeiro, está envolto num emaranhado de pontas soltas que podem ensombrar a conquista da liberdade prometida para 9 de Julho, data de criação da nova nação africana.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A canção que se transformou num hino



Há toda uma geração que se revê nesta música dos Deolinda e antes mesmo de o tema "Que parva que eu sou" ser gravado transformou-se num hino.
O Coliseu do Porto foi ao rubro, a cada verso cantado por Ana Bacalhau.
Um hino que encaixa nos jovens portugueses.
E que facilmente se aplica a jovens de outros países, quer seja em Angola, Moçambique, no Magreb ou nos EUA.
Há uma geração que anda à deriva à procura de oportunidade... e um futuro que se compromete enquanto não encontrar um rumo para lhe dar.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

As cartas (crónica publicada no Novo Jornal)

“- Que me trazes aí, pequeno?
- É para o carneiro, pai.
- Qual carneiro?
Como é que não compreendia? O garoto estava quase a chorar, mas conseguiu conter-se e explicou tudo àquele pai embrutecido pela miséria, escravo de uma fatalidade rigorosa e cruel.