Dois reclusos de uma prisão da capital portuguesa, considerados perigosos, conseguiram fugir de uma carrinha celular, em pleno dia, quando iam ser ouvidos por um juiz.
O incidente ocorreu no estacionamento do Departamento Central de Investigação e Acção Penal de Lisboa. Quando um dos guardas abriu a porta da carrinha foi atingido na cara com gás pimenta. Dois dos três reclusos, detidos por crimes relacionados com tráfico de drogas, conseguiram escapar. Furtaram um automóvel, dispararam alguns tiros e meteram-se em fuga.
Este blogue contém as crónicas publicadas pela autora no semanário angolano «Novo Jornal».
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Discriminação partidária
Um grupo de jovens foi detido pela Notícia Nacional quando tentava entregar folhetos aos deputados a solicitar o adiamento da aprovação da lei que institui o 14 de Abril como o Dia Nacional da Juventude.
Os jovens contestam o facto de a Assembleia Nacional escolher como Dia da Juventude angolana a data em que morreu um herói do MPLA, partido que detém uma representação esmagadoramente maioritária no parlamento angolano.
Os jovens, que representam diversas organizações juvenis da oposição, têm o direito de reclamar por uma data suprapartidária, sem que isso ponha em causa os feitos de Hoji-Ya-Henda.
Travá-los e enclausurá-los, durante algumas horas, numa esquadra de polícia não cala a sua voz, nem apazigua os ânimos de representantes de organizações partidárias juvenis que também querem fazer parte da história do seu país.
Porque também lutaram pela independência de Angola.
Os jovens contestam o facto de a Assembleia Nacional escolher como Dia da Juventude angolana a data em que morreu um herói do MPLA, partido que detém uma representação esmagadoramente maioritária no parlamento angolano.
Os jovens, que representam diversas organizações juvenis da oposição, têm o direito de reclamar por uma data suprapartidária, sem que isso ponha em causa os feitos de Hoji-Ya-Henda.
Travá-los e enclausurá-los, durante algumas horas, numa esquadra de polícia não cala a sua voz, nem apazigua os ânimos de representantes de organizações partidárias juvenis que também querem fazer parte da história do seu país.
Porque também lutaram pela independência de Angola.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Poema cantado
Nha mudjer
Mario Lucio Sousa
Vídeo do Myspace
Mário Lúcio começou bem o ano de 2011.
O último disco do músico caboverdiano, «Kreol» está em quinto lugar na tabela de melhor disco do mundo da World Music Workshop das rádios da União Europeia.
O CD está há dois meses no Top 15 e no mês de Janeiro subiu sete posições, estando à frente de trabalhos como «Cesária & …», que ocupa o 15º lugar.
A crítica destaca a concepção de Mário Lúcio sobre a ideia do crioulo e louva o músico, que se lançou a solo com o disco «Mar e Luz» depois de uma carreira de destaque com os Simentera, por ter incorporado habilmente entre os seus convidados Harry Belafonte e a também caboverdiana Cesária Évora.
Do seu primeiro álbum, destaco outro dueto (de que fica aqui um excerto). «Nha mudjer» junta as vozes de Mário Lúcio e do brasileiro Gilberto Gil num tema que é, todo ele, um poema.
sábado, 15 de janeiro de 2011
Haja saúde (crónica publicada no Novo Jornal)
A revolução cubana trouxe uma das mais bem sucedidas reformas da saúde que o mundo conhece e deu ao regime dos irmãos Castro uma das mais bem sucedidas armas de política externa.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Porque há quem merece
Foto: Ampe Rogério, Novo Jornal
Há uma professora na Escola Portuguesa de Luanda que há muito merece uma distinção do governo português pelo muito que fez, e faz, pela língua.
Cremilda de Lima não é uma professora qualquer.
Esta angolana, formada na primeira escola do Magistério Primário que abriu em Angola, no Bié, simboliza aquilo que deve ser um professor. Alguém que não se conforma, que faz da adversidade oportunidade, e que encara o ensino como uma missão, que cumpre com empenho e prazer.
Nos anos 80, confrontada com a falta de livros em Angola, por causa da guerra no país, Cremilda de Lima começou a escrever pequenas histórias, consciente de que a melhor forma de ensinar os alunos era com o recurso às narrativas.
As suas histórias começaram a correr mão e daí à publicação foi um passo. No dia 31 de Dezembro de 2010, a autora lançou mais um livro, «A viagem do pai Natal», que conta a história de uma menina, Olguinha, que ganhou uma boneca como prenda.
Muitos outros livros incentivam as crianças a ler e transmitem valores universais, sem esquecer as tradições e vivências angolanas.
Com tantas comendas que se atribuem no 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades - não fica mal ao governo português olhar para sul.
Mais do que um prémio, é um acto de justiça para quem serve, tão bem, a língua portuguesa.
Só rir (crónica publicada no Novo Jornal)
Um estudo desenvolvido pela Universidade de Navarra, Espanha, concluiu que com 15 minutos de riso por dia se ganham quatro anos e meio de vida.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Pelo pão... (crónica publicada no Novo Jornal)
Um electricista romeno do canal de televisão estatal atirou-se, na antevéspera do Natal, das galerias do Parlamento em Bucareste para protestar contra as medidas de austeridade do governo.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Mais ou menos? (crónica publicada no Novo Jornal)
No norte, aposta-se em mostrar tudo.
No sul, encobre-se cada vez mais e só se mostra o que interessa.
São as surpresas de Natal que nos reservam dois países das imensas Américas.
No sul, encobre-se cada vez mais e só se mostra o que interessa.
São as surpresas de Natal que nos reservam dois países das imensas Américas.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A caminho (crónica publicada no Novo Jornal)
A Europa está em ebulição e nas vésperas de uma cimeira de chefes de Estado e de Governo, em Bruxelas, que marca o fim da presidência belga da União Europeia, os cidadãos do continente deram uma vez mais mostras de que não estão dispostos a pagar pelos erros dos políticos que os governam.
sábado, 11 de dezembro de 2010
A verdade (II) (crónica publicada no Novo Jornal)
Na década de 80 do século passado, a jornalista e escritora Meredith Maran foi incumbida de editar o livro de uma investigadora sobre crimes de incesto e abuso sexual infantil e nos anos seguintes escreveu compulsivamente sobre o assunto, em jornais e revistas.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
O primeiro correspondente internacional em África
Um grupo de jornalistas polacos chega dia 9 de Dezembro a Luanda para dar início, no interior de Angola, à primeira etapa de uma viagem de homenagem a Kazimierz Nowak, um "bravo polaco" que, em 1931, se aventurou pelo continente africano na companhia da sua bicicleta.
Durante cinco anos, Nowak registou e relatou o quotidiano dos africanos nos despachos que enviou para a sua Polónia natal, como relata Mirolaslaw Wlekly, nesta reportagem publicada na última edição do Novo Jornal.
As fotografias que ilustram a peça são do arquivo pessoal da família de Kazimierz Nowak e mostram como o jornalista enfrentou os perigos que o desconhecido lhe foi colocando no caminho, quer a conviver com tribos canibais, quer a despistar animais selvagens ou a atravessar as areias do deserto do Sahara na companhia, apenas da sua bicicleta, duas máquinas fotográficas, uma "espingarda de cano duplo, uma centena de cartuchos, uma pistola automática, um cobertor, rede entomológica, uma tenda, postes, um machado, pneus de reserva, raios para as rodas, colas e adesivos, o gancho da agulha, linha, um quarto de quilo de quinino, aspirina e um pouco de óleo de ricino, duas mudas de roupa, e como stock total de alimentos por quilo de açúcar, 250 gramas de chá, um pouco de petróleo e um saco de farinha".
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
A verdade (I) (crónica publicada no Novo Jornal)
O mundo está de pernas para o ar, desde que o site WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos diplomáticos norte-americanos.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Vida difícil das zungueiras

Uma zungueira que vendia junto ao mercado de S. Paulo, em Luanda, foi há uma semana baleada por um agente da Polícia Nacional.
As colegas - mulheres que todos os dias palmilham dezenas de quilómetros para sustentar os filhos, maridos e outros mais que dependem delas - afirmam que Domingas Gomes, de 25 anos, foi atingida mortalmente a tiro, depois de um agente lhe desferir golpes na cabeça com um pau.
A Polícia Nacional diz que não. Que a zungueira “não corre perigo de vida”. O “tiro foi no pé”.
Entre o que uns e outros dizem não há margem para fugir a uma triste realidade.
A polícia e os fiscais gostam de "dar corrida nas zungueiras".
É vê-los a perseguir as mulheres com a bacia à cabeça e, muitas vezes, filhos às costas.
É vê-los a levarem o produto do seu sustento, depois de confiscado à má-fé e para, na maior parte dos casos, usufruto próprio.
É vê-los de bastão no ar e pistola em riste atrás de mulheres indefesas.
Na memória dos luandenses ainda está fresca a morte, por atropelamento, de uma zungueira e do filho que carregava quando fugia de um polícia no S. Paulo.
As zungueiras fazem parte da paisagem angolana.
Por elas passa grande parte da vida económica do país.
Num país com postos de trabalho em número insuficiente, as mulheres criam, graças à zunga, gerações de filhos.
Alimentam e dão instrução a milhões de bocas.
Pelas bacias que carregam passa a vida de muitas pessoas.
Não há angolano - homem do povo, polícia ou ministro - que não tenha o ADN de uma zungueira.
Sangue de zungueira a correr-lhe pelas veias.
Suor de zungueira a escorrer-lhe pela tez.
Por isso, como escreveu a jornalista Susana Mendes, disparar contra elas é atirar contra o povo.
Mas é mais fácil, observa.
Bem mais fácil do que andar atrás dos “bandidos”.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Meninas-mulher (crónica publicada no Novo Jornal)
O Presidente do Irão introduziu uma nova questão na sua agenda política. Mahmoud Ahmadinejad quer que os iranianos casem mais cedo e propôs a antecipação da idade mínima dos matrimónios para os 16 anos, no caso das mulheres, e para os 19, no caso dos homens.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Conjugar mal... (crónica publicada no Novo Jornal)
Centenas de lisboetas concentraram-se, há uma semana, nas várias ruas circundantes ao Saldanha para se despedir do «Senhor do Adeus». Durante mais de duas horas, imitaram o gesto que tornou João Paulo Pereira conhecido.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
"Problemas técnicos" na TPA
O último lesado pelos "problemas técnicos" da estação pública de Angola foi o jornalista Reginaldo Silva.
No último programa «Semana em Actualidade», transmitido aos domingos, o também dirigente do Sindicato dos Jornalistas Angolanos criticou o MPLA por na atribuição de condecorações aos nacionalistas, no 11 de Novembro (data de proclamação da independência), se limitar a figuras do partido do poder e não ter condecorado ninguém ligado à UNITA ou ao FNLA.
Estava Reginaldo Silva a explicar que esta atitude em nada ajuda à reconciliação nacional quando, ups, a emissão foi abaixo.
Por "problemas técnicos".
A TPA ficou às escuras e Reginaldo Silva perdeu a voz.
A televisão voltou à antena, quando o comentador já estava longe.
Os técnicos que avaliarem os "problemas técnicos" da TPA devem ter em conta que estes cortes na emissão só se dão quando alguém põe em causa o M, ou seja, o partido no poder.
Com esta informação poderão com maior facilidade detectar onde está o problema.
E resolvê-lo.
Para que os angolanos possam, sem interrupções, ver o que se passa no seu país.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
O diplomata que sacrificou a carreira (reportagem publicada no Novo Jornal)
O Brasil foi o primeiro país a reconhecer Angola, no dia 11 de Novembro de 1975. Na passagem dos 35 anos sobre a Proclamação da República de Angola, é bom recordar os momentos que antecederam uma das decisões mais difíceis da diplomacia brasileira. E olhar para o exemplo de um diplomata, Ovidio de Andrade Melo, que se manteve fiel a princípios e que, por causa, disso sacrificou a carreira. Um testemunho, na primeira pessoa, publicado numa edição especial do Novo Jornal, comemorativa do 11 de Novembro.
sábado, 13 de novembro de 2010
Mistério da criança abandonada
Em Luanda há uma criança, de 12 anos, que diz ter sido abandonada por um casal português que a adoptou e que, há dois meses, deambula pela cidade sem que se saiba com exactidão quem é e de onde vem.
Tudo nesta história recambolesca está no condicional.
O miúdo, que afirma chamar-se Fernandes Alexandre Teixeira, não tem documentos.
Diz que nasceu em Angola.
Que foi adoptado por um casal português, ela médica pediatra no Hospital de Santo António, no Porto; ele superintendente da polícia.
Que vivia no Porto, onde foi criado desde pequeno.
Que esteve, durante dois anos, no Internato Luís de Camões, em Ovar.
Que um padrinho o trouxe, ao engano, para Angola.
Que foi abandonado num centro comercial, depois de visitar uma "velha", alegadamente sua avó, mas que desmente qualquer vínculo com o miúdo.
As informações dadas pelo adolescente, que evidencia uma inteligência e desenvoltura anormal para a idade, não batem certo com a realidade.
A mãe/médica não trabalha onde ele diz trabalhar.
No internato não há registo da passagem do menino, que fala um português escorreito, sem o sotaque característico dos angolanos.
A morada que deu como sendo a sua e do casal não existe.
O número de telemóvel da mãe vai parar a um homem de Portimão.
O consulado português não consegue encontrar um fio que permita começar a desenrolar o novelo.
A rapaz foi acolhido num lar de Luanda, ligado ao Instituto Nacional de Apoio à Criança, mas por duas vezes fugiu.
A polícia também já lhe deu acolhimento para dormir, na esquadra.
Uma senhora de Luanda vai-lhe dando apoio e alimentação e, nos intervalos do trabalho, mantém contactos com instituições para encontrar o rasto à família do adolescente.
No meio de tanta discrepância sobressai o receio de se estar perante uma monumental mentira.
Mas a pergunta mantém-se: quem é este rapaz?
Tudo nesta história recambolesca está no condicional.
O miúdo, que afirma chamar-se Fernandes Alexandre Teixeira, não tem documentos.
Diz que nasceu em Angola.
Que foi adoptado por um casal português, ela médica pediatra no Hospital de Santo António, no Porto; ele superintendente da polícia.
Que vivia no Porto, onde foi criado desde pequeno.
Que esteve, durante dois anos, no Internato Luís de Camões, em Ovar.
Que um padrinho o trouxe, ao engano, para Angola.
Que foi abandonado num centro comercial, depois de visitar uma "velha", alegadamente sua avó, mas que desmente qualquer vínculo com o miúdo.
As informações dadas pelo adolescente, que evidencia uma inteligência e desenvoltura anormal para a idade, não batem certo com a realidade.
A mãe/médica não trabalha onde ele diz trabalhar.
No internato não há registo da passagem do menino, que fala um português escorreito, sem o sotaque característico dos angolanos.
A morada que deu como sendo a sua e do casal não existe.
O número de telemóvel da mãe vai parar a um homem de Portimão.
O consulado português não consegue encontrar um fio que permita começar a desenrolar o novelo.
A rapaz foi acolhido num lar de Luanda, ligado ao Instituto Nacional de Apoio à Criança, mas por duas vezes fugiu.
A polícia também já lhe deu acolhimento para dormir, na esquadra.
Uma senhora de Luanda vai-lhe dando apoio e alimentação e, nos intervalos do trabalho, mantém contactos com instituições para encontrar o rasto à família do adolescente.
No meio de tanta discrepância sobressai o receio de se estar perante uma monumental mentira.
Mas a pergunta mantém-se: quem é este rapaz?
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Os números do amigável Palancas Negras/Benfica
Os números do jogo entre a selecção angolana, os Palancas Negras, e o Benfica não páram de espantar.
Para além do pagamento de um milhão e oitocentos mil euros (o equivalente a dois milhões e meio de dólares) ao Benfica, para se deslocar a Luanda e disputar o jogo comemorativo dos 35 anos da independência de Angola, o preço cobrado pelos camarotes no Estádio 11 de Novembro atingiu a linda soma de mil dólares.
Talvez tenha sido pelo elevado valor dos bilhetes que poucas horas antes do início da partida, o movimento na procura desse sinais de estádio meio vazio.
A Federação Angolana de Futebol acabou por franquear as portas.
O estádio encheu.
E o angolanos gostaram da partida, apesar do Benfica ter batido a selecção nacional por dois golos a zero.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Massacre no Sahara Ocidental
As imagens que nos chegam do acampamento de Gdeim Izik confirmam que há um massacre em curso no Sahara Ocidental, por mais que Marrocos desminta o contrário.
As fotografias do jornal espanhol El Pais demonstram, com clareza, o tipo de intervenção ordenado por Rabat e devem servir de pretexto para que a ONU dê, finalmente, a oportunidade aos saharauis de decidirem, em referendo, o seu destino: se querem a autodeterminação, como aconteceu em Timor Leste, ou manterem-se sobre dominação de Marrocos, que ocupou a região quando Espanha abandonou, em 1975, o Sahara Ocidental.
O regresso a casa de Aminatu Haidar, presidente do Colectivo de Direitos Humanos do Sahara Ocidental, no final de Dezembro de 2009, depois de mais de 30 dias em greve de fome, em Lanzarote, foi um dos temas do Paralelos da primeira edição de 2010 (que pode ler clicando no Ler mais).
De lá para cá, a atitude de Marrocos mudou. Para pior, como se vê.
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