terça-feira, 24 de julho de 2012

Prémio CNN para a Isabel João



O Novo Jornal ganhou mais um prémio CNN/Multichoice, jornalista Africano do Ano, na categoria de notícias gerais em língua portuguesa. Ou melhor, a Isabel João, ganhou mais um prémio para o Novo Jornal. O primeiro foi o Sebastião Vemba, em 2010, o terceiro jornalista a trazer o prémio, naquela categoria, para Angola . Este ano, a Isabel João repetiu o feito com uma excelente reportagem, que faz parte de um dossier sobre a vida nas cadeias, a que deu o título genérico «Descida ao inferno».

Quando a Isabel João partilhou comigo que a organização do prémio lhe ligou a anunciar que o seu nome estava entre os 34 finalistas em representação de 12 países (num total de 1799 trabalhos de 42 nações submetidos a concurso), disse-lhe que ia vencer na categoria à qual tinha concorrido. E disse-o não porque a quisesse animar, mas porque tinha e tenho a certeza de estar perante uma reportagem excepcional, num tema particularmente difícil e cuja abordagem implicou da parte dela um esforço como jornalista, mas também como ser humano, o que de resto foi reconhecido pelo júri
(http://edition.cnn.com/video/#/video/international/2012/07/19/african-journalist-awards-portugese-10.cnn).


A forma como a Isabel João abordou um assunto já de si difícil (a vida nas cadeias angolanas, nalguns casos em condições desumanas) define-a como jornalista. Desde que integra a redacção do Novo Jornal, ela tem manifestado uma propensão e interesse por atacar temas difíceis, não se ficando pelo óbvio, nem por aquilo que geralmente os outros jornalistas abordam. A Isabel está sempre à procura de novos desafios, quer infiltrando-se, quer lançando-se para terrenos difíceis, expondo-se a riscos, de forma calculada, para dar ao leitor o outro lado da história.

O primeiro sinal desse arrojo deu-o quando decidiu passar-se por detida, submetendo-se às quatro paredes de uma cela, durante largas horas, para ganhar a confiança das outras reclusas e, assim, poder testemunhar a vida dentro da cadeia. Para esta reportagem, publicada em 2009, a Isabel teve de enfrentar a sua angústia, vencer o medo do desconhecido e debater-se com a agressividade da mulher com quem co-protagonizou a reportagem, contada na primeira pessoa (um registo de excepção no jornalismo) porque não era possível fazê-lo de outra maneira. A reportagem tratava da vida dos outros em, cisrcunstâncias adversas, mas também dos seus sentimentos perante aquilo que testemunhou. Esta forma de se dar ao jornalismo é rara e é isso que a torna uma jornalista de excepção.

Parabéns para a Isabel João e para o colectivo do Novo Jornal que sente o prémio também como seu.

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