terça-feira, 27 de maio de 2014

Viagem a Portugal



«Viagem a Portugal», de Sérgio Tréfaut, é um murro no estômago.
O filme retrata a viagem verídica de uma ucraniana a Portugal para visitar o marido, de origem senegalesa, que trabalha nas obras da Expo 98.
Um casal de médicos na Ucrânia que a crise na Europa de Leste empurra para a emigração.
E que em Portugal se confronta com o preconceito e a má formação das autoridades policiais, quando Maria Itaka chega ao aeroporto de Faro.
Ela acaba expulsa e repatriada para a Ucrânia, depois de ser interrogada e devassada nos seus direitos; ele é preso.
Entre o casal e os agentes da PSP e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras há um muro. Um muro erguido pelas barreiras linguísticas, pelo preconceito e pela incompreensão.
Mais do que uma viagem a Portugal, o filme de Tréfaut reflecte a Europa da exclusão e da arrogância.
Os desempenhos de Isabel Ruth e Maria de Medeiros dão a dimensão exacta do que é passar por uma experiência destas.




segunda-feira, 26 de maio de 2014

Da felicidade ao Palito (crónica publicada no Novo Jornal*)

                                No Irão, dançar à felicidade deu prisão

O músico americano Pharrel Williams pôs pessoas de todo o planeta a dançar ao som de «Happy». O tema inspirou as Nações Unidas a criarem um Dia Internacional da Felicidade. Mas, no Irão, o mote deu direito a prisão.
Foi isso que aconteceu a um grupo de jovens. Gravou um vídeo nas ruas e telhados de Teerão, onde se vêem três homens e três mulheres, elas sem véu, a dançar ao som de Pharrel Williams, e todos acabaram presos.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Quer queiram, quer não (crónica publicada no Novo Jornal*)

Uma pesquisa feita nos EUA, que incidiu sobre as 2.500 maiores empresas de capital aberto, constatou que os presidentes executivos mulheres enfrentam probabilidade de demissão mais alta do que os homens.
O estudo, realizado pela empresa de consultadoria Strategy&, olhou para a última década e concluiu que menos de 30% dos homens que ocupavam o cargo de presidente executivo foram demitidos, enquanto nas mulheres a proporção de demissões ficava próxima dos 40%.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Escravos ou sábios? (Crónica publicada no Novo Jornal*)


              A cantar em inglês ou na sua língua materna, o iorubá, Asa nunca desilude


Bukola Elemide nasceu em Paris, em 1982. Com dois anos, os seus pais resolveram regressar à Nigéria e, no país das suas raízes, aprendeu a cultura que lhe corria nas veias e descobriu a sua paixão pela música.
Em Lagos, a criança que se tornou Asa (pronuncia-se Asha), encontrou na eclética colecção de discos do seu pai os sons do soul e de temas tradicionais da Nigéria, que decidiram a sua vocação.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Jornalismo ideal (crónica publicada no Novo Jornal*)

Gabo defendia o velho modo de aprender o ofício, sem gravadores, nem aspas, mas com ética e compromisso social

“Ao chegar a Lisboa há duas semanas tive a impressão de estar a viver de novo a experiência juvenil da minha primeira chegada a Havana, a 20 de Janeiro de 1959, poucos dias depois do triunfo da Revolução. Parecia-me isto não apenas pelo Verão prematuro de Portugal, pelo cheiro a marisco do vento e pelo ar de liberdade nova que se respirava por toda a parte, mas obedecia a coincidências mais profundas. A influência negra é muito evidente em Portugal através das colónias africanas, e manifesta-se no próprio carácter dos portugueses, e todo o País está saturado de música quente de Cabo Verde e Angola, que parece música do nosso trópico”.
Assim começa a primeira de três reportagens que Gabriel García Márquez fez em Portugal, sobre o 25 de Abril de 1974. Nos textos, publicados originalmente na revista Alternativa e compilados, mais tarde, no livro «Por la Libre», o jornalista colombiano e já então consagrado escritor traça o ambiente que se vivia em Portugal e estabelece as similitudes entre a revolução portuguesa e a cubana, com a qual manteve simpatias até à sua morte.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Hindi Zahra



Há música assim. Que nos dessarruma.