sexta-feira, 25 de junho de 2010

Não ver Saramago (crónica publicada no Novo Jornal)

Na terça-feira em conversa, on-line, com um amigo jornalista ele contou-me uma história que viveu com José Saramago.
O escritor falecido há uma semana tinha ido a Viseu lançar um dos seus livros, numa iniciativa organizada pelo Sindicato dos Professores da Região Centro, no final da década de 90.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Maternidade próxima


Fotos: Carlos Alberto «Cabeto»

Em África mãe e filho andam sempre juntos. É uma proximidade prática, nem sempre fácil para um e para outro, mas sempre benéfica para ambos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Senhora da música do Mali


É uma das grandes senhoras da música do Mali, país donde provém, segundo alguns estudiosos, o ADN do blues.
Cantora, compositora e guitarrista, Rokia Traoré é filha de um diplomata que lhe abriu caminho a várias influências captadas nas muitas viagens que a família fez, mas a tonalidade da sua música pertence, sem margem para dúvida, ao Mali, sendo visíveis as influências que Ali Farka Touré (outro génio da música africana) teve no seu percurso.
Membro do grupo étnico Bambara, Rokia ganhou em 1997 o prémio  revelação africana, atribuído pela Radio France Internacional.
O seu primeiro álbum «Mouneissa», gravado nesse ano, foi aclamado pela forma como Traoré combinou várias tradições musicais malianas, como o ngoni e o balafon, e foi um sucesso de vendas na Europa.
O seu segundo disco«Wanita» foi considerado pelo «The New York Times» como um dos álbuns do ano de 2000.
A consagração internacional começava a cimentar-se e, em 2009, a cantora ganhou na categoria de Melhor Artista na sessão inaugural do Songlines Music Awards, organizado pela revista britânica «Songlines».
Este tema foi extraído do seu quarto álbum, gravado em 2008, «Tchamantché».
É um prazer ouvi-la.

O pôr-do-sol a caminho do Huambo



Em África o sol, quando se põe, tem tonalidades que vão do amarelo ao vermelho vivo, mas não se deixa apanhar. Fez fintas à máquina e ganhou.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Entrevista a Saramago





































Em Novembro de 2003 tive oportunidade de entrevistar José Saramago, após uma visita a Pinhel, pequena cidade do distrito da Guarda, no interior de Portugal.
Na entrevista ao Jornal do Centro  (semanário publicado em Viseu, do qual fui directora e que em 2004 ganhou o prémio Gazeta Imprensa Regional, atribuído pelo Clube de Jornalistas ao melhor jornal regional do país), Saramago revela a dimensão do Homem que era.

domingo, 20 de junho de 2010

Eterno Saramago


Quatro dias de refúgio no Huambo - cidade massacrada durante a guerra, hoje em notável recuperação – afastaram-me das notícias.
E foi com surpresa e pesar que, à chegada a Luanda, recebi a notícia: "Morreu (José) Saramago.
Gosto de Saramago e basta-me isso.
Não é de hoje (na morte o coro dos elogios sobe de tom com uma força desconcertante), é de sempre.
Desde que o comecei a ler.
O Nobel da Literatura deu-lhe maior visibilidade e ofereceu-me um novo impulso para me embrenhar na obra do autor de «Levantados do Chão».
Não gostei de tudo o que li, como não gostei de todos os livros de outros autores, mesmo daqueles que estão no topo do topo das minhas preferências.
Mas identifiquei-lhe sempre um traço próprio e uma forma única de, nas suas reflexões, interpelar o leitor e reconheci-lhe em todos os momentos legitimidade para falar, para elevar a sua voz contra as injustiças do mundo ou para defender o que lhe parecia justo.
Por isso, foi sempre com incómodo que vi Saramago ser injustiçado, não criticado, porque a crítica faz-se com argumentos e no meio das polémicas em que o Nobel da Literatura português se viu envolvido encontrei sempre muito pouca ponderação e razoabilidade, salvo algumas excepções.
A última dessas polémicas andou à volta de declarações de Saramago sobre o seu livro «Caím».
Custou-me a dureza das palavras com que se lhe dirigiram; feriu-me o ódio que vi plasmado em muitas das reacções; e pesou-me o desrespeito que, uma vez mais, senti em relação a uma das personalidades portuguesas que mais longe e mais alto elevaram o nome de Portugal e a língua portuguesa.
O episódio serviu de pretexto ao Paralelos que escrevi, na edição 92 do Novo Jornal, publicada a 23 de Outubro de 2009 (que republico neste blogue).
Hoje recuso comentar a ausência das duas mais altas figuras de Portugal - Presidente da República e Presidente da Assembleia Nacional - no funeral do autor de «Todos os nomes».
Limito-me a um até sempre Saramago.
Porque é dos poucos portugueses com direito à imortalidade.

Come chocolates, come (crónica publicada no Novo Jornal)

Passei a infância a ser reprimida – “Não comas chocolate, olha que faz mal aos dentes”. Entrei na adolescência a ouvir: “Não comas chocolates que provoca borbulhas”. Na maioridade o vaticínio repetiu-se até à náusea – “Não comas chocolate, não vês que engorda”.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O porteiro


Por causa do álcool, o porteiro entrou num sono profundo... perdeu a consciência e o portão.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A espera


No Sango, província do Uige, a chegada de um político é aguardada com... expectativa.

A maior...



O recorde para a boca mais larga do mundo pertence a um angolano.
Francisco Domingos Joaquim tem o feito inscrito no livro Guiness World Record graças às suas medidas generosas: 17 centímetros de largura e 25 centímetros de comprimento, devidamente certificadas por testes médicos.
O jovem de 20 anos consegue colocar e retirar da boca uma lata do refrigerante nacional «Blue», pelo menos, 14 vezes num minuto, como demonstrou em Roma, no programa onde todos os anos são apresentados os novos recordes mundiais.
Chiquinho, como é conhecido, ganhou em audiência – o jovem foi descoberto numa das exibições que faz nos bairros e nos mercados de Luanda – mas não se pode dizer que o feito seja digno de registo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mingas de ouro



O Homem é voz;
o Homem é verbo;
o Homem é alma.
Ruy Mingas foi homenageado no dia 5 de Junho, em Paris.
A Academia Francesa de Artes, Ciências e de Letras atribuiu-lhe a medalha de ouro para estrangeiros pelo seu contributo artístico, por ter musicado muitos dos poemas escritos num contexto histórico de luta contra o colonialismo e de luta pela independência de Angola.
O seu nome está ligado a muitas das músicas que fazem o cancioneiro angolano e português. «Os meninos do Huambo», que Paulo Carvalho celebrizou em Portugal, é apenas um exemplo. Muitos outros têm a sua assinatura.
“Sinto-me particularmente orgulhoso pelo meu país – afirmou numa entrevista ao Novo Jornal - porque não foi Ruy Mingas, uma figura abstracta que foi galardoada, mas sim o cidadão de Angola cuja obra é um pouco esquecida no meu país de origem, mas foi reconhecida por uma organização académica da dimensão desta associação e de um país, que não é só uma potência mundial, mas tem um peso significativo em termos culturais em todo o mundo”.
Homenageado em França, nunca no seu país.
Ruy Mingas já se surpreendeu por esta omissão.
Hoje está “completamente indiferente” por “nunca” ter sido “sequer referenciado” por tudo o que fez pela música angolana.
O seu lugar na História cultural e política de Angola está assegurado, o seu legado também.
E, essas, são homenagens bastantes, capazes de derrubar a indiferença dos que têm efemeramente o poder.

Sem sinal

“O Internet Explorer não consegue mostrar a página Web” é a frase mais assídua nos ecrãs dos computadores por estes dias.
A internet em Luanda - já para não falar nas outras províncias - tem altos e baixos, que tornam impaciente a “condução” na auto-estrada da informação, sobretudo quando a falta de tempo exige rapidez nas manobras.
Nas últimas semanas, o tráfego tem sido constantemente interrompido.
E a paciência esgota-se com uma velocidade proporcionalmente inversa à do serviço disponibilizado pelas empresas que em Angola oferecem o sinal.
Oferecem, é como quem diz.
Vendem e a um preço elevado.
Elevado demais para um sinal tão fraco.

domingo, 13 de junho de 2010

A outra



No ano passado, quando se discutia a nova Constituição de Angola, o partido Nova Democracia sugeriu a inclusão da poligamia na nova Carta Magna angolana.
A razão era a aceitação informal da "outra" nas relações afectivas.
A música de Matias Damásio foi usada como argumento por Quintino Moreira, o líder da coligação que surgiu nas eleições legislativas de 2008 e que, apesar da «juventude», conseguiu arrebatar alguns lugares no parlamento.
A proposta da Nova Democracia acabou por cair por falta de apoios.
O MPLA, partido esmagadoramente maioritário, refugiou-se no silêncio; os restantes nem sequer se pronunciaram.
A poligamia não foi institucionalizada, mas as outras continuam a fazer parte do quotidiano dos casais, porque aceitando-se uma há que manter a porta aberta para as que vierem a seguir...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Zé Manel em dose dupla





Ando há anos à procura de discos de Zé Manel, músico da Guiné Bissau radicado nos Estados Unidos da América e não encontro.
Uma voz única e inconfundível, que integrou a primeira formação do grupo guineense Super Mama Djombo, e uma das melhores de África.
O primeiro tema, cantado em inglês, é um hino aos governantes africanos para que expurgem do continente os males que o adoecem. No segundo, Zé Manel canta as filhas do seu país na sua língua materna, o crioulo.

Ganância (crónica publicada no Novo Jornal)

 Bernard Madoff, o especulador norte-americano que precipitou para a ruína três milhões de investidores em todo o mundo com o maior esquema em pirâmide Ponzi de todos os tempos, confidenciou a um parceiro de reclusão que não tem pena das suas vítimas, porque “eram ricas e gananciosas”.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A ilha de Amílcar Cabral na voz de Margareth



ILHA

Tu vives — mãe adormecida —
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem…

Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
— os sonhos dos teus filhos —
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!

Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
— terra dura —
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!

Um poema de Amílcar Cabral, escrito em 1945, na cidade da Praia, Cabo Verde, que a cantora angolana Margareth do Rosário levou para o seu último disco, dando uma «Nova Dimensão» ao legado literário de um lutador pelas independências africanas.
A memória transmitida de forma refrescante.
A minha comemoração do Dia de Portugal, porque exaltar a Nação Portuguesa é celebrar as independências de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e S. Tomé e Principe.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Armas a mais

Em Luanda há armas a mais.
A polícia tem armas,
Os militares têm armas,
Os ladrões têm armas,
Os vigilantes e guardas das empresas de segurança têm armas,
Os cidadãos têm armas, menos 70 mil desde que o governo lançou a campanha de desarmamento, mas continuam a ter muitas.
A campanha de desarmamento dos civis vai continuar por mais dois anos e até lá o ministro do Interior, Roberto Leal Monteiro, espera recolher as mais de 25 mil armas de guerra que estão na posse das empresas de segurança privada.
É bom que o faça, a bem da paisagem urbana, mas para que a campanha iniciada em 2008 surta real efeito é preciso primeiro desarmar as mentes, como canta o rapper Yannick Afroman.

domingo, 6 de junho de 2010

Beleza natural (2)

É cada vez mais difícil encontrar uma mulher de carapinha nas ruas de Luanda - as angolanas renderam-se às extensões, aptando por longos cabelos lisos ou ligeiros ondulados - mas quando se encontra vale bem a pena.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cabo Verde e Angola


Aqui estão dois músicos de excepção: Tito Paris (Cabo Verde) e Paulo Flores (Angola).
Duas bandeiras dos respectivos países que eu hasteio onde quer que vá.
E que sublinham que as fronteiras geográficas são instrumentos político-administrativos.
A música, como os cidadãos, é do mundo.

Candongueiros de Hildebrando


Hildebrando de Melo andou a pintar alguns ícones da cidade de Luanda para um projecto que desenvolveu, em 2006, na casa de cultura Brasil/Angola e nesse processo resolveu concentrar o olhar nos taxistas da capital.
“Não podiam passar despercebidos os candongueiros, que todos os dias nos entram pelos olhos”, explicou o jovem pintor, numa entrevista a Adebayo Vunge, publicada no Novo Jornal.
O resultado é uma série de quadros que reflectem bem os azuis e branco.
Está lá tudo: a confusão, o excesso de passageiros e de ruído, a anarquia, o desregramento…
Partilho da forma como o pincel de Hildebrando vê os candongueiros – “moscas” sem as quais a “natureza fica desequilibrada”, porque afinal de contas “têm uma grande utilidade pública, por transportarem a maior massa de trabalho de Angola” - a metáfora é do artista.
Porque um dia, os candongueiros irão sair de cena (o desenvolvimento do país assim o dita) fica o registo para memória futura. E bom.

Mais do que infantil (crónica publicada no Novo Jornal)

O ataque de Israel a navios com 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a Palestina revela um total desprezo por toda e qualquer vida humana que não seja a do «povo eleito», como os judeus se autointitulam por, alegam, Deus os ter escolhido para receberem as revelações da Tora (livro sagrado).

terça-feira, 1 de junho de 2010

Crianças em Angola

Rostos expressivos, cheios de vida

amizade

festa

alegria

jogo

dança