quarta-feira, 9 de junho de 2010

A ilha de Amílcar Cabral na voz de Margareth



ILHA

Tu vives — mãe adormecida —
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem…

Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
— os sonhos dos teus filhos —
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!

Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
— terra dura —
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!

Um poema de Amílcar Cabral, escrito em 1945, na cidade da Praia, Cabo Verde, que a cantora angolana Margareth do Rosário levou para o seu último disco, dando uma «Nova Dimensão» ao legado literário de um lutador pelas independências africanas.
A memória transmitida de forma refrescante.
A minha comemoração do Dia de Portugal, porque exaltar a Nação Portuguesa é celebrar as independências de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e S. Tomé e Principe.

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