Jonathan Simkins foi chamado pelos proprietários do terreno onde as vespas fizeram morada, no estado da Flórida, e ficou impressionado. “Este ninho de vespas gigantesco fará com que não queiras voltar a sair nunca”, escreveu o especialista, na sua conta no Twitter.
O entomologista, que é dono de uma empresa de exterminação de insectos, classificou o ninho como pré-histórico”, situando-o na “época dos dinossauros”, e calculou que teria milhões de vespas.
A dimensão do ninho, de dois metros de altura e meio de largura, impressionou o especialista, mas no plano metafórico o que não falta pelo globo são ninhos de vespas, algumas delas gigantescas e mortíferas, como a espécie em apreço.
Uma das mais resistentes e dinossáuricas viu o seu ninho ser destruído esta semana, depois de várias tentativas feitas com resultados efémeros.
Silvio Berlusconi foi condenado terça-feira por um tribunal de Milão, no âmbito do caso «Rubygate», que envolve a bailarina marroquina Karima El Mahroug. O ex-primeiro ministro viu ser-lhe aplicada uma pena de sete anos de prisão por abuso de poder e prostituição com uma menor e só não baixou aos calabouços porque o recurso permitiu-lhe manter-se em liberdade.
Esta não é a primeira condenação de Berlusconi – o ex-governante acumula casos judiciais – mas tem o condão de o afastar definitivamente da política, dispensando os italianos de conviverem com a sua boçalidade. E significa uma machadada nas suas pretensões de vir a ser Presidente de Itália. É que, a partir do momento em que a decisão da Juíza Giulia Turri se torne definitiva, Berlusconi fica impedido de exercer qualquer mandato público.
O ex-primeiro ministro italiano bem pode estrebuchar, dizer que vai “resistir à perseguição” e classificar o veredito de “violento”, mas a sua declaração de inocência não apaga o passado pessoal e político desonroso, que tem escondido graças à sua hegemonia empresarial no ramo dos media.
No mundo dos media, não escasseiam vespas (com Robert Murdoch, que criou um império para manipular o poder político à escala quase planetária, à cabeça), que, não sendo mortíferas, são contraindicadas a quem preserva o bom senso.
Na Austrália – onde há poucos meses uma brincadeira de dois locutores provocou o suicídio de uma enfermeira britânica, de origem indiana – um grupo de apresentadores aproveitou a vaga de manifestações no Brasil para ocupar espaço em antena, no programa de televisão «Today Show».
A conversa derivou para o futebol e uma das estrelas televisivas tratou de discorrer sobre expressões utilizadas no desporto rei no Brasil, com direito a tradução em simultâneo. Um apresentador masculino do painel saltou um “do caralho…” que, segundo ele, quer dizer “um esforço extraordinário”, insistindo na expressão, enquanto os outros riam. E disparou palavras soltas como “legal” e “chata”, que são usadas no Brasil, onde se fala “espanhol”, informavam uns, “italiano”, diziam outros.
Nesta confusão geográfica e linguística, passaram-se largos minutos, até que, alertado por um telespectador, o apresentador que libertou o palavrão pediu desculpas porque o que tinham acabado de dizer era uma grande asneira. O grupo lá informou a audiência que, afinal, no Brasil fala-se português, expondo publicamente a sua ignorância e falta de profissionalismo.
Bem pior, é certo, foi o que aconteceu na Índia, país fustigado pelas cheias. O repórter de uma cadeia de televisão fez um directo em Uttarakhand, uma das zonas mais afectadas, e para não molhar as peúgas, pôs-se aos ombros de uma das vítimas.
Narayan Pargaien lá foi reportando a situação, encavalitado num homem de compleição magra e aspecto frágil, que andava por entre a água lamacenta enquanto decorria o directo. O vídeo tornou-se viral e, num ápice, a estrela de televisão viu choverem sobre si acusações de falta de profissionalismo e desrespeito pelos direitos humanos.
Por mais que diga que fez o que fez porque o homem insistiu para participar no directo, porque “nunca tinha conhecido ninguém tão importante”, Pargaien não pode esquecer que um homem não é uma mula e um jornalista não está acima dos que fazem as histórias que conta. Senão, é ele quem se transforma em besta.
*Publicada na edição de 28 de Junho de 2013
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