Na quinta-feira, o adepto mais conhecido do mundo felicitou o atleta olímpico mais premiado de sempre, Michael Phelps. E não era para menos. O gigante norte-americano da natação destronou com a 19ª medalha conquistada em Londres a ginasta russa Larisa Latynina, que, entre 1956 e 1964, conseguiu 18 medalhas com as cores da União Soviética.
“Parabéns a Michael Phelps por ter batido o recorde olímpico de medalhas”, escreveu Barack Obama no twitter, acrescentando: “O teu país está orgulhoso”.
Na volta do correio, Phelps agradeceu: “Obrigado, Presidente, é uma honra representar os EUA, o melhor país do mundo”.
Nem em todos os momentos os EUA e o twitter, que ultrapassou a fasquia dos 500 milhões de utilizadores, têm ficado bem nas fotografias dos JO.
O correspondente em Los Angeles do diário britânico «The Independent», Guy Adams, viu a sua conta no twitter suspensa depois de ter criticado o facto de a NBC não ter transmitido a cerimónia de abertura dos JO em directo.
Por questões publicitárias e para tirar o máximo proveito comercial, a cadeia de televisão norte-americana adiou em seis horas a transmissão da cerimónia.
“Costa Leste da América forçada a ver a cerimónia olímpica com um atraso de SEIS HORAS. Uma acção repugnante de ganância por parte da @NBColympics”, escreveu o jornalista, explicando que nenhum dos 1000 canais de televisão de que dispunha estava a transmitir a cerimónia.
Inconformado, Adams desafiou os internautas a dizerem o que pensam ao “homem da NBC responsável por fingir que as Olimpíadas ainda não começaram”.
O twitter, parceiro da NBC nos JO 2012, alertou a cadeia de televisão para o conteúdo das mensagens de Adams e esta pediu oficialmente à rede social para suspender a conta do jornalista, por Guy ter publicado um e-mail pessoal de um administrador da empresa.
Esta não é a primeira vez que o twitter censura conteúdos a pedido. Só que neste caso, perante a fúria de milhares de defensores da liberdade de expressão online, viu-se obrigado a emendar a mão, com um pedido de desculpas por um comportamento que “não é aceitável e mina a confiança” dos utilizadores.
Ainda o episódio não tinha sido esquecido e já a NBC estava a meter novamente os pés pelas mãos. A cadeia de televisão dos EUA resolveu não transmitir a queda de uma ginasta russa para criar mais suspense.
A final de ginástica artística por equipas estava a ser disputada pelos EUA e a Rússia, quando a ginasta russa Afanasyeva caiu. Os espectadores de todo o mundo perceberam nesse momento que a medalha de ouro seria entregue à equipa americana, menos os norte-americanos que não viram a queda, nem a reacção de desolação das ginastas russas. A NBC suprimiu ambas as imagens, gerando nova chuva de protestos nas redes sociais.
Cartão vermelho também para um adolescente britânico por ter escrito mensagens ofensivas no twitter sobre um atleta do seu país afastado do pódio na competição de saltos para a água.
Dom Daley classificou-se em 4º lugar, na variante de salto sincronizado na plataforma de 10 metros. Posição que não agradou ao adolescente, que no twitter reagiu de forma extemporânea, invocando a memória do pai do atleta, falecido um ano antes com um tumor no cérebro.
“Desiludiste o teu pai, espero que tenhas consciência disso”, escreveu o adolescente, detido por “transmissão de comunicação maliciosa”, após o atleta divulgar a mensagem e reagir a ela: “Depois de ter dado o meu melhor… tenho idiotas a enviarem-me isto…”
Também de nada valeram as explicações do futebolista suíço Michel Morganella, que se tornou o segundo atleta a ser dispensado da competição por comentários xenófobos numa rede social.
O defesa lateral do Palermo, de Itália, escreveu no twitter: “Vou dar cabo de vocês coreanos. Vão todos para o inferno. Ahahahahahah, atrasados mentais”, e não chegou a embarcar com a comitiva.
Morganella teve o mesmo destino da atleta grega do triplo salto Paraskevi Papahristou por ter escrito na sua conta oficial do twitter: “Com tantos africanos a viver na Grécia, os mosquitos do vírus do Nilo estão a alimentar-se de comida caseira”.
Em todos estes casos há, pelo menos, um mérito: o de expor o carácter de quem gere as redes de comunicação e o dos seus utilizadores.
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