quinta-feira, 16 de maio de 2013

A subir (crónica publicada no Novo Jornal*)

A Triumph mostrou que não é indiferente à política. O fabricante de roupa interior nipónico associou-se à política económica agressiva do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e lançou um soutien que aumenta o busto das mulheres em 2%.
Para que não se pense que esta iniciativa da Triumph está desligada da política nacional, o fabricante de lingerie resolveu dar ao soutien um nome parecido ao programa de medidas apresentado por Abe.
Com «Branomics» rapidamente se estabelece a analogia com o programa «Abenomics», que tem como objectivo impulsionar o crescimento económico e garantir que a inflação no Japão não ultrapassa os 2%.
Se o nome não chegasse, o designer da peça interior remete para a política económica nacional. A nova linha tem um padrão tradicional do Japão e está repleta de detalhes que associam a peça ao momento económico actual, como uma linha ascendente sobre o peito e três setas no fecho.
Para evitar uma corrida às lojas, a Triumph já deixou claro que a nova linha não está à venda. Ela serve apenas para um evento de promoção que a marca organiza anualmente e onde associa as suas peças a temas da actualidade.
A esperança de fazer crescer o busto, nem que seja artificialmente, fica no horizonte e pode vir a ser aproveitada por marcas de outros países, cujos programas de governo prevêem crescimentos generosos. Nos EUA, a expectativa é justificada com o crescimento de 2,5 do PIB no primeiro trimestre deste ano; na Europa a 27, com os países em recessão, a previsão de crescimento peitoral não é muito ambiciosa – nem na sólida Alemanha, que teve em 2012 um crescimento de 1,2%; na Ásia, a expectativa de crescimento do Fundo Monetário Internacional também não dá grande ânimo, com as estimativas a preverem um abrandamento, excepção aberta para a China, onde os 7,9% de crescimento registado no primeiro trimestre deste ano contra os 8% previstos pelo governo ainda fazem sorrir e dão azo a um justificado entusiasmo.
Entusiasmo é o que não falta nos planos de exploração de Marte. Com o planeta terra cada vez mais fustigado pela exploração desenfreada dos seus recursos, há já quem pense numa nova colonização, desta vez interplanetária.
Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar a lua, logo a seguir a Neil Armstrong, exortou esta quarta-feira os EUA a liderarem o processo de colonização de Marte.
Aldrin, que inspirou o desenho animado Buzz Lightyear da série de cinema «Toy Story», aproveitou uma conferência realizada pela Universidade George Washington, depois de os EUA anunciarem planos para colocar o Homem no planeta vermelho até 2030, e lançou o desafio.
“Os EUA têm de começar a colonização em Marte”, afirmou, derrubando o cepticismo manifestado antes pelo administrador da NASA, Charles Bolden, que na abertura da conferência notou que ainda existem grandes lacunas tecnológicas para lá chegar.
Aldrin insiste que não. Alega que a maior parte das pesquisas já foi feita e que “os EUA precisam continuar a ser o líder” do transporte espacial. “Podemos aproveitar o dinamismo do mercado comercial para desenvolver um sistema de aterragem que pode realmente tornar-se na base para uma autoestrada dos EUA para o espaço”, afirmou, indiferente ao facto de a administração norte-americana ter diminuído os financiamentos para o seu programa espacial. Tanto assim que, após ter desbravado os céus em 1962, os EUA andam agora à boleia dos russos. É a Rússia que nos últimos anos tem transportado, na sua nave espacial Soyuz, astronautas americanos, um serviço que custa mais de 300 milhões por ano à NASA.
Bom. Mas voltando a Marte, o desejo de Aldrin na conquista de novos planetas é intenso e o astronauta até já escreveu um livro com a sua visão para a exploração espacial no planeta vermelho.
Interessados é o que não falta. A organização não-governamental holandesa Mars One abriu, no dia 22 de Abril, candidaturas para voluntários que queiram ir a Marte e já vai nas 78 mil inscrições. A maioria dos candidatos provém dos EUA (17.324), logo seguido da China (10.241) e, com um interesse mais contido, do Reino Unido (3.581).
Dos países de expressão portuguesa, há apenas cinco candidatos e são todos do Brasil, o que não é de estranhar. Com a economia a crescer a bom ritmo, o Brasil bem pode ter candidatos à viagem, como pode convidar a Triumph a desenhar uma linha de soutiens para consumo interno.

*Publicada no dia 10 de Maio de 2013

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