A revolução cubana trouxe uma das mais bem sucedidas reformas da saúde que o mundo conhece e deu ao regime dos irmãos Castro uma das mais bem sucedidas armas de política externa.
O modelo comunista, implantado por Fidel Castro e Che Guevera, vai aos poucos ruindo, graças ao forte embargo decretado pelos EUA, mas na saúde Cuba continua a dar cartas, sendo os seus cuidados médicos sinónimo de qualidade, eficácia, solidariedade, democraticidade e modernidade, dentro e fora de portas. Cuba, com 11 milhões de habitantes, tem mais de 75 mil médicos, um terço deles a prestar serviço fora da ilha, como estabelece a Constituição que obriga o país a prestar ajuda a países em pior situação.
A tradição dos médicos itinerantes começou em 1960, quatro anos após a revolução, quando um grupo de clínicos foi enviado para o Chile para prestar ajuda às vítimas de um terramoto. Três anos depois, outra equipa seguiu para a Argélia e a missão de assistência internacional não mais parou, como destaca o jornal britânico «The Independent» num interessante trabalho sobre a acção dos médicos cubanos no Haiti.
Os médicos cubanos desenvolvem actualmente trabalho em 77 países pobres, mas ainda restam na ilha profissionais em número suficiente para Cuba ter um médico por 220 pessoas (um dos rácios mais altos do mundo). Em Inglaterra, o país que criou o primeiro serviço nacional de saúde a consagrar a gratuiticidade dos cuidados médicos, esse rácio é de um clínico para 370 pessoas, como nota John Kirk, professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que vem seguindo o trabalho das equipas médicas internacionais de Cuba.
Onde quer que cheguem, os médicos cubanos “implementam o seu modelo de prevenção com foco global, visitando famílias em casa, com monitorização proactiva de saúde materna e infantil”, o que produziu "resultados impressionantes" em todo o mundo.
Para além disso, Cuba desenvolve um trabalho de vanguarda ao nível dos cuidados oftalmológicos. O programa mais conhecido é a "Operação Milagre", que começou com os oftalmologistas a tratar os portadores de cataratas em aldeias pobres da Venezuela, em troca de Petróleo. Hoje, Cuba recebe doentes de todo o mundo. “Esta iniciativa tem restaurado a visão de 1,8 milhões de pessoas em 35 países, incluindo a de Mario Terán, o sargento boliviano que matou Che Guevara em 1967”, sublinha a reportagem de o «The Independent”.
Também (re)conhecido é o trabalho que Cuba desenvolve no tratamento de crianças vítimas do desastre de Chernobyl, depois da explosão de um reactor da central nuclear ucraniana.
O centro médico de Tarará, montado perto de Havana, recebe crianças que sofrem de doenças provocadas pela radioactividade. Até 2002, 16 anos após o desastre, já tinham sido tratadas gratuitamente em Cuba perto de 17 mil crianças a tumores, leucemias, melanomas e alopecia e em 2010 esse número ascendia já a 21.378 menores.
Em Abril de 2010, o governo da Ucrânia prestou um agradecimento público a Fidel Castro, numa cerimónia realizada no centro médico de Tarará, no 20º aniversário da chegada a Cuba das primeiras crianças ucranianas.
Após seis anos, o tempo necessário para se formarem, os clínicos cubanos são obrigados a trabalhar como médicos de família durante três anos, no mínimo, cuidando de 150 a 200 famílias na comunidade onde vivem.
Este modelo, segundo o «The Independent», que se escora em dados da Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento, ajudou Cuba a alcançar alguns índices invejáveis de saúde no mundo, apesar de gastar apenas 400 dólares por pessoa em comparação com os 3.000 dólares necessários no Reino Unido e os 7.500 nos EUA.
A taxa de mortalidade infantil, um dos índices mais confiáveis da saúde de uma nação, é de 4,8 por mil nascidos vivos - comparável com a Grã-Bretanha e menor do que os EUA - de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
"A saúde em Cuba é fenomenal, e a chave é o médico de família, que é muito mais pró-activo, e cujo foco é a prevenção. A ironia é que os cubanos vieram ao Reino Unido após a revolução para ver como o HNS [Serviço Nacional de Saúde] funcionava. Eles levaram de volta o que viram, refinaram e desenvolveram ainda mais. Enquanto isso estamos a mover-nos em direcção ao modelo dos EUA", lamenta o professor Imti Choonara, pediatra de Derby, que lidera uma delegação de profissionais de saúde internacionais, em oficinas anuais em Camagüey, a terceira maior cidade de Cuba.
Há lógicas que escapam à compreensão humana, como se constata. E que desafiam as regras da boa gestão económica e política.
Pois é, é contra isto, contra esta expressão mais pura po projecto Socialista (do verdadeiro, não do da social democracia) que as forças do capital se unem.
ResponderEliminarCuba vencerá.