Um estudo desenvolvido pela Universidade de Navarra, Espanha, concluiu que com 15 minutos de riso por dia se ganham quatro anos e meio de vida.
Mais. A equipa liderada pela professora de bioquímica Natalia López Moratalla chegou ainda à conclusão de que as pessoas que combatem o stress com o riso têm menos 40% de possibilidade de sofrer um enfarte ou derrame e têm menos dores durante os tratamentos dentários.
Finalmente, e não menos importante, o estudo aponta caminhos para os que lutam contra o peso. Os mesmos 15 minutos de riso equivalem a menos 40 calorias, o que permite aferir que quanto mais se gargalha, mais se emagrece. E quanto mais se emagrece, mais felicidade se sente e mais motivos há para rir.
O estudo, apresentado no vídeo «Cérebro feliz: o riso e o sentido de humor», foi recebido com satisfação por quem se despedia de 2010 com a infeliz sensação de estar na véspera da entrada num ano desastroso.
Afinal a receita para uma vida mais longa está à distância de um sorriso. O pior mesmo é arranjar motivação para rir com a subida de preços, com a perspectiva de perder o emprego face à crise económica que teima em não desaparecer e com o planeta a tornar-se mais apertado para os sete mil milhões de habitantes que nele habitam.
Não espanta que, no meio de tanto aperto, milhões de pessoas em todo o mundo tenham aderido às pulseiras «Power Balance», que - garantem o fabricante e os representantes da marca - dão força e equilíbrio a quem as usa.
As tais braceletes de plástico que andaram, e andam, no pulso de personalidades famosas, como o internacional português Cristiano Ronaldo e o corredor de Fórmula 1 Rubens Barichello. Nem as actrizes de cinema e músicos ficaram indiferentes às «Power Balance» e não se pode dizer que tenha sido pelas suas qualidades estéticas. As propriedades mágicas do adorno, apregoadas em todo o mundo, convenceram milhões de pessoas ávidas por manterem algum equilíbrio e força na sua vida.
São estas que enfrentam agora um duro revés, vendo-se confrontadas com a necessidade de se agarrarem a outro qualquer objecto milagreiro – ele há-de aparecer – que as mantenha equilibradas.
A Australian Competition and Consumer Comission, associação de defesa dos consumidores, obrigou a marca a fazer um comunicado no seu site a admitir que as pulseiras são publicidade enganosa e que não funcionam, depois de inúmeras queixas de compradores defraudados.
As «Power Balance» foram tema de discussão em todo o mundo durante o Verão, com os físicos a dizer que as propriedades do adorno não passam de um arrazoado de asneiras, sem qualquer sustentação científica; os psicólogos a justificaram o bem-estar sentido pelos utilizadores com o efeito placebo (quando o ser humano acredita que uma coisa faz bem, activa mecanismos cerebrais que desencadeiam e produção de endorfinas, moléculas responsáveis pelo alívio da dor); e a marca a garantir que sim, que as pulseiras equilibram e dão força aos seus portadores.
A Power Balance teve de dar o braço a torcer na Austrália e admitir publicamente que não há pinga de verdade no prodigioso acessório. “Admitimos que as nossas alegações sobre o artigo não têm base científica e que por isso incorremos numa conduta enganosa”, afirma o fabricante. Os compradores que se sentirem defraudados podem reclamar o reembolso até ao dia 30 de Junho. A marca terá ainda de retirar das embalagens a expressão “Performance technology” e alterar as campanhas publicitárias. Pelo menos na Austrália.
Em Espanha, a Power Balance já tinha sido sancionada. A associação de defesa do consumidor Facua avançou em Novembro com um processo de publicidade enganosa e o fabricante espanhol foi condenado a pagar uma multa na ordem dos 15 mil euros (o equivalente a 19 mil dólares) à Junta da Andaluzia, região onde a empresa se havia instalado. Valor muito inferior aos 350 mil euros (458 mil dólares) com que foram multadas as empresas que vendem as pulseiras em Itália pela entidade que regula o mercado no país de Berlusconi, para quem não há pulseira de equilíbrio que lhe valha.
A espanhola Facua não gostou da exiguidade da multa e anunciou a intenção de recorrer. Em poucas horas a Power Balance junta aquele montante em Espanha, o país, em todo o mundo, onde se vendem mais pulseiras de silicone. Não se sabe se por influência de Cristiano Ronaldo, jogador do Real Madrid, ou da crise.
Os espanhóis, é certo, não têm muitos motivos para sorrir nos próximos tempos, mas pode ser que o estudo desenvolvido pela Universidade de Navarra sirva de estímulo. E troquem a superstição pela ciência.
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