Regresso ao passado I
O Irão está a planear uma missão espacial que terá como principal tripulante um macaco, divulgou a agência noticiosa oficial ISNA, citando o director da Agência Espacial iraniana, Hamid Fazeli.
A missão está programada para meados de Setembro deste ano e é a última novidade de um “ambicioso” programa espacial em que o país dos ayatollas está a investir, há quase uma década, para dar mostras da sua competência aeroespacial, embora os países ocidentais suspeitem que o Irão esteja a usá-lo para desenvolver mísseis balísticos.
Desde Fevereiro de 2008, o Irão lançou três foguetes espaciais. Em Fevereiro de 2010, o Kavoshgar 3 integrava uma «cápsula da vida», que transportou para o espaço um rato, uma tartaruga e larvas. Não há notícias sobre o regresso dos tripulantes com vida, mas o programa prossegue com a fasquia a subir.
O Irão vai mandar agora para o espaço um macaco, 52 anos depois da agência espacial norte-americana NASA ter iniciado pesquisas para simular as possíveis reacções de sobrevivência em voos espaciais. Foi a 28 de Maio de 1959. Duas fêmeas de macaco-esquilo e de macaco-rhesus abriram caminho para os Estados Unidos melhorarem a tecnologia espacial e lançarem missões tripuladas por humanos.
Baker e Able foram a bordo do foguetão Jupiter AM-18. O voo histórico durou 15 minutos. As duas macacas regressaram com vida. Able acabou por morrer uns dias mais tarde, durante uma cirurgia para remover um eléctrodo infectado; Baker viveu até aos 27 anos, morrendo de causas naturais em 1984.
Estes não foram os primeiros animais no espaço. Albert II, um macaco-rhesus, foi lançado a 14 de Junho de 1949, num voo suborbital, mas morreu no impacto do retorno à terra. A 3 de Novembro de 1957, a cadela Laika partiu a bordo da nave russa Sputnik 2 para que os cientistas investigassem se um animal era capaz de permanecer na órbita da terra. Laika atingiu o objectivo; morreu entre cinco e sete horas depois do lançamento, alegadamente, de stress e superaquecimento, causado por uma possível falha no sistema de controlo técnico da nave.
O que vai acontecer à macaca iraniana ninguém sabe. Mas a expectativa é grande.
Regresso ao passado II
O corpo de Salvador Allende vai ser exumado para esclarecer se o ex-presidente socialista chileno foi assassinado no golpe de Estado, conduzido por Augusto Pinochet com o apoio dos Estados Unidos, em 1973, ou se se suicidou.
A diligência, que deverá ser executada na segunda quinzena de Maio, foi ordenada pelo juiz Mario Carroza, com base num pedido da família do ex-presidente que recusa assumir como certa a causa histórica sobre a morte de Allende.
“Para mim parece relevante para o país e para o mundo que se possa estabelecer de uma vez por todas juridicamente as causas da sua morte e as circunstâncias que a envolveram, que foram de extrema violência", comentou a filha do ex-presidente, a senadora Isabel Allende, à televisão CNN Chile.
Os restos mortes do ex-chefe de Estado, o primeiro e único marxista a chegar ao poder nas urnas, no dia 3 de Novembro de 1970, serão analisados por peritos do Serviço Médico Legal chileno. A exumação vai “permitir esclarecer definitivamente um aspecto que no curso da história não foi pacífico”.
Allende foi submetido a uma necropsia no Hospital Militar de Santiago depois da sua morte, na sequência do bombardeamento aéreo e terrestre ao palácio presidencial de La Moneda, a 11 de Setembro de 1973.
A versão oficial indica que Salvador Allende se suicidou, disparando à cabeça um fuzil, que o ex-Presidente Cubano Fidel Castro lhe ofereceu. A declaração do seu médico pessoal, Patricio Guijón, que esteve com ele momentos antes da sua morte e viu o corpo e a necropsia à qual o ex-presidente foi submetido, apoiam a versão do suicídio.
Mas em 2008, um relatório do médico forense Luis Ravanal, elaborado com base na necropsia efectuada no Hospital Militar, afirmou que Allende não se tinha suicidado, e sim tinha sido assassinado.
O médico assegura mesmo que a morte de Allende teria sido ocasionada por dois tiros, disparados, a curta distância, por diferentes armas.
A família, segundo Isabel Allende, não conseguiu ver o corpo depois da morte - "Não deixaram a minha mãe abrir o caixão". Hoje, tem oportunidade de saber de que lado partiram os tiros. Se das mãos de um homem eleito democraticamente e que, desta forma, se resignou; se das mãos de quem cobardemente, mudou o curso da história.
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