Em 1969, Neil Armstrong, ao pisar a lua, afirmou que aquele era “um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para a humanidade”.
A frase ecoou pelo mundo e passou a fazer parte dos anais da história. Mas o passo de gigante de Armstrong arrisca-se a ser relegado para segundo plano. Esse é o desafio da «New Scientist». A revista lançou um desafio aos seus leitores para encontrar as melhores palavras para serem ditas quando o homem pisar Marte.
Este blogue contém as crónicas publicadas pela autora no semanário angolano «Novo Jornal».
domingo, 29 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
O lado do poder (Esto es solo el principio)
Assim se vê a raça de nuestros hermanos espanhóis. Não se limitaram a protestos pífaros que poucos resultados têm, para além da descompressão do descontentamento popular.
Os espanhóis mantêm-se firmes. Tomaram as praças das principais cidades espanholas; desafiaram a lei que proíbe protestos antes dos actos eleitorais; e deram uma "sova" ao PSOE, partido no poder em Espanha, nas eleições municipais, mostrando claramente de que lado está o poder.
Lição de desenho, de Nizar Qabbani
Foto: Exame, Brasil
O Presidente dos EUA fez, na quinta-feira, 19, um discurso sobre as revoltas no mundo árabe e no norte de África. Apesar de Barack Obama ter introduzido profundidade no discurso político, continuo a preferir a voz dos poetas. Neste caso, a do poeta e diplomata sírio, Nizar Qabbani (1923-1998)
UMA LIÇÃO DE DESENHO
O meu filho coloca a sua caixa de pintura à minha frente
E pede-me que lhe desenhe um pássaro.
Mergulho o pincel na cor cinzenta
E traço um quadrado com fechaduras e grades.
Os seus olhos enchem-se de surpresa:
"... Mas isto é uma prisão, pai,
Não sabes desenhar um pássaro?
E eu digo-lhe: "Filho, perdoa-me.
Esqueci-me da forma dos pássaros.
O meu filho coloca o livro de desenhos à minha frente
E pede-me que desenhe uma espiga de trigo.
Pego num lápis
E desenho uma arma.
O meu filho desdenha da minha ignorância,
perguntando,
"Pai, não sabes a diferença entre uma espiga de trigo e uma arma?"
Eu digo-lhe: "Filho,
uma vez usei a forma da espiga de trigo
a forma do pão
a forma da rosa
Mas nestes tempos duros
as árvores da floresta juntaram-se
aos homens da milícia
e a rosa veste uniformes escuros
Neste tempo de espigas de trigo armadas
de pássaros armados
de cultura armada
e de religião armada
não se pode comprar pão
sem encontrar uma arma no interior
não se pode colher uma rosa do campo
sem que os seus espinhos nos arranhem o rosto
não se pode comprar um livro
que não vá explodir entre os nossos dedos."
O meu filho senta-se à beira da minha cama
e pede-me que recite um poema
Uma lágrima cai dos meus olhos para a almofada.
O meu filho apanha-a, surpreendido, dizendo:
"Mas esta é uma lágrima, pai não é um poema!"
E eu digo-lhe:
"Quando cresceres, meu filho,
e aprenderes o 'diwan' da poesia árabe
descobrirás que palavra e lágrima são gémeas
e que o poema árabe
não é mais do que uma lágrima chorada por dedos que escrevem."
O meu filho pega nos seus pincéis,
a caixa de pinturas à minha frente
e pede-me que lhe desenhe uma pátria.
O pincel treme nas minhas mãos
e eu afundo-me, chorando.
sábado, 21 de maio de 2011
O poder vicia (crónica publicada no Novo Jornal)
Na vida pública nem tudo o que parece é; mas a maior parte do que parece é-o de facto.
Este axioma vem a propósito de um outro postulado que tem séculos de comprovação empírica e cujos exemplos abundam. Nos últimos dias são tantos os casos de abuso de poder que o aforismo atinge quase o estatuto de verdade científica.
Este axioma vem a propósito de um outro postulado que tem séculos de comprovação empírica e cujos exemplos abundam. Nos últimos dias são tantos os casos de abuso de poder que o aforismo atinge quase o estatuto de verdade científica.
domingo, 15 de maio de 2011
Negócios dos bebés (crónica publicada no Novo Jornal)
“O funcionário do planeamento familiar rondava regularmente por aquela aldeia situada no cimo da montanha, à procura de fraldas em estendais de roupa a secar e à escuta de choros de bebés recém-nascidos e com fome. Num dia de Primavera de 2004, apresentou-se à porta da casa de Yang Shuiying e ordenou: Entreguem o bebé!
sexta-feira, 6 de maio de 2011
O poder da imagem (crónica publicada no Novo Jornal)
No dia 8 de Junho de 1972, um avião da Força Aérea Vietnamita descarrega bombas de Napalm sobre Trang Bang, povoação localizada a 30 quilómetros de Saigão. A operação militar, destinada a travar o avanço dos vietcongs sobre a capital, mata centenas de homens, mulheres e crianças. A objectiva do fotógrafo vietnamita Nic Ut capta o momento em que várias crianças correm pela estrada fora com o terror estampado no rosto. Atrás de si soldados americanos parecem indiferentes ao sobressalto. Dos rostos infantis sobressai o de uma menina, de nove anos, que corre nua, gritando “muito quente, muito quente”. O seu corpo é testemunho vivo do terror: as costas, ombros e os braços estão queimados pelo Napalm. Kim Phuc torna-se o rosto das vítimas do Vietname, a fotografia marca uma viragem no curso da guerra. A 12 de Agosto fica concluído o processo de retirada das tropas norte-americanas do Vietname.
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