terça-feira, 26 de junho de 2012

A nu (crónica publicada no Novo Jornal)

Um estudo publicado esta sexta-feira na revista «New Journal of Physics» revela um modelo matemático, desenvolvido por um grupo de investigadores japoneses, capaz de prever os filmes que serão êxitos de bilheteira.
Os investidores do Departamento de Matemáticas Aplicadas e de Física da Universidade de Tottori, no Japão, utilizaram como base as despesas publicitárias de 25 filmes exibidos nos cinemas japoneses e garantem que este modelo poderá ser aplicado a outros mercados, nomeadamente redes de música online, refrigerantes ou eventos.
Entre os filmes avaliados pelos especialistas está a película do realizador James Cameron “Avatar”, que bateu recordes de bilheteira, bem como o filme do norte-americano Ron Howard “O Código Da Vinci”, inspirado num livro com o mesmo nome do autor Dan Brown, “Piratas das Caraíbas 3” ou o “Homem-Aranha 3”.
Apesar de poder vir a revelar-se de grande utilidade, não percebo a pertinência do estudo, nem vislumbro que ele traga nada de novo àquilo que um espectador atento pode antecipar. Ainda assim, mantenho a mente aberta e a iniciativa nipónica poderá revelar-se importante para os países periféricos da europa ultrapassarem a crise que afecta as salas de cinema de Itália, Espanha, Portugal e Irlanda, como revelam os dados dos primeiros meses do ano.
Não é preciso nenhum método científico para adivinhar o sucesso que o programa «Thailand’s Got Talent» teve esta semana. A actuação de uma concorrente gerou um pico de audiência, mas também um dos momentos mais embaraçosos da televisão tailandesa.
A jovem, de 23 anos, propunha-se mostrar os seus dotes para a pintura, mas acabou por exibir muito mais. Duangjai Jansauoni começou por espalhar tinta com as mãos, sobre uma enorme tela, ao som de música. E acabou a tirar a blusa, a despejar tinta sobre os seios, esfregando-os de seguida na gigantesca tela, perante uma assistência em polvorosa.
Enquanto nos bastidores os apresentadores faziam caretas e esgares, exibindo a sua surpresa, o painel de júris, constituído por três elementos (dois homens e uma mulher), tentava reagir ao inusitado. A única jurada no programa, inspirado no formato inglês «Britans Got Talent», acabou por carregar num botão vermelho que fez soar um alarme, obrigando a jovem a parar.
Seguiu-se uma troca de palavras entre os três membros do júri e a concorrente, entretanto coberta com uma toalha, que, em sua defesa, alegou que se tivesse pintado a tela “normalmente” a sua actuação teria sido “muito vulgar” e sem criatividade.
Os jurados masculinos concordaram com ela e, apesar das críticas da única mulher no júri, deixaram passar a concorrente à fase seguinte do programa.
O ministro da Cultura, Sukumol Kunplome, é que não esteve pelos ajustes. Antecipando uma réplica do inusitado talento da sua concidadã, o governante veio a público afirmar que a nudez em televisão “não é apropriada para a sociedade tailandesa”.
Noutro extremo, também era fácil de prever o sucesso de uma iniciativa para atrair clientela.
Instalado em Süderlügum, localidade na fronteira entre a Alemanha e a Dinamarca, um supermercado prometeu oferecer vales de desconto no valor de 270 euros (o equivalente a 340 dólares) aos primeiros 100 clientes que aparecessem nus, longe de imaginar a audácia dos habitantes locais.
Às 09h00, hora em que o supermercado abriu portas, 100 clientes dos dois lados da fronteira irromperam pela loja adentro e encheram os seus carrinhos de comida e bebida.
Segundo a polícia, a iniciativa correu sem incidentes. Não há registo de nenhuma detenção, visto que não houve qualquer perturbação à ordem pública, ou problema de cariz sexual, e tudo decorreu num ambiente de urbanidade.
Espantado com a resposta ficou o dono do estabelecimento. “Nunca esperei que viessem 100, talvez 10 pessoas”, afirmou o proprietário ao jornal «Die Welt».
Não foram 10, nem 100. Foram muitos mais, mas só a primeira centena teve direito aos descontos. Os outros ficaram despidos.
Em Portugal, a iniciativa recente de uma cadeia de supermercados teve um êxito mais esmagador. A cadeia prometeu 50% de desconto a todos os clientes que, no Dia do Trabalhador, fizessem compras num valor superior a 100 euros. As lojas encheram, as prateleiras esvaziaram e tiveram de ser repostas várias vezes.
“É a crise”, disseram por lá.
É certo que crise está a chegar à Alemanha, com a economia alemã quase a entrar em recessão. Mas a esmagadora maioria dos clientes que responderam à iniciativa nudista eram dinamarqueses e aproveitaram para comprar… bebidas.

2 comentários:

  1. Se este magnífico post tivesse o link do youtube da performance tailandesa, então poderia dizer que esta publicação, além de excelente como é, seria também perfeita.
    Cumprimentos

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  2. Ó, meu caro, eu bem tentei, mas não consegui adicionar... incompetência digital.

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