terça-feira, 13 de novembro de 2012

Espectáculo de massas (crónica publicada no Novo Jornal)

É um dos grandes sucessos de momento. O trote a cavalo do cantor sul-coreano Park Jae-Sang, que se apresenta com a forma simplificada PSY, está por todo o lado. E já faz lembrar outro fenómeno que fez girar pelo planeta o tema «Ai se eu te pego», desde que Cristiano Ronaldo resolveu festejar um golo com a coreografia da música que o brasileiro Télo tornou famosa.
A música «Gangnam Style» anda na boca de milhões de pessoas em todo o mundo, mesmo que não distingam uma palavra de sul-coreano; o filme, que circula como um autêntico vírus há quatro meses, destronou «On the floor» de Jennifer Lopez como o vídeo mais visto no YouTube; e esta semana juntou 20 mil pessoas na praça do Trocadero junto à Torre Eiffel para cantarem e imitarem o movimento a cavalo de PSY.
A convocação para o «flashmob» (ajuntamento espontâneo de pessoas) em Paris foi feita nas redes sociais pela companhia Universal Mercury, que contou com o apoio da rádio francesa NRJ, longe de imaginar no impacto da iniciativa.
A canção já desencadeou «flashmobs» nos EUA, Reino Unido, Austrália, Seul e Milão. Mas apenas o de Milão teve um impacto idêntico ao de Paris, conseguindo juntar também um número estimado de 20 mil pessoas. Na sua capital natal, Seul, 15 mil pessoas trotearam ao som de «Gangnam Style», que vai buscar o nome ao bairro onde Park Jae-Sang nasceu, há 34 anos.
Antes da realização do «flashmob» em Paris, a estação de rádio NRJ colocou online um vídeo com uma lição de dança. À hora marcada, 20 mil pessoas, na maioria adolescentes, acompanharam os movimentos de PSY, que actuou com quatro bailarinos durante 15 minutos, num espectáculo digno de espanto.
Mas não se pense que o produto de exportação cultural mais conhecido da Coreia do Sul, que transformou o seu autor em herói nacional, é um fenómeno exclusivo dos adolescentes.
O secretário-geral das Nações Unidas, o sul-coreano Ban Ki-Moon, dançou com o seu conterrâneo PSY num encontro na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, apesar de a música ser uma sátira ao estilo de vida do bairro de luxo da capital da Coreia, que simboliza o expoente máximo do materialismo, consumismo e da ostentação.
Aproveitando a boleia do trote, o artista plástico e activista político chinês Ai Weiwei fez uma versão como forma de provocação ao governo da China e ao enriquecimento da sua elite política.
E até a desavinda vizinha Coreia do Norte, inimiga figadal da economicamente bem-sucedida Coreia do Sul, parodiou o «Gangnam Style», com a versão «Yushin Style», numa referência à candidata dos conservadores nas presidenciais da Coreia do Sul, Park Geun-hye, acusada de ser uma admiradora da ditadura instaurada pelo seu pai que governou o país entre 1960 e 1970.
Embora a música, a coreografia e as vestes brilhantes do cantor fossem ingredientes suficientes para garantir o sucesso do tema, o impacto planetário ultrapassou as ambições iniciais de PSY.
O vídeo já ultrapassou as 660 milhões de visualizações no YouTube, em Setembro bateu o recorde mundial de mais “gostos” da mesma rede e está nomeado na categoria de Melhor Vídeo de 2012 na edição europeia dos MTV Music Awards.
Mas nem tudo são boas notícias.
Um grupo de 14 nadadores-salvadores da cidade de El Monte, no estado norte-americano da Califórnia, gravou um vídeo no centro aquático local e acabou por ser despedido. Consternado, o autor da canção apelou à reintegração dos nadadores-salvadores, alegando que o despedimento representava “uma tragédia” e fez nascer um movimento na internet de defesa dos funcionários despedidos.
O despedimento colectivo é a prova de que na exposição pública há limites que não devem ser ultrapassados. Que o diga a deputada britânica Nadine Dorries, do partido dos conservadores Tories, que acabou suspensa por decidir participar num reality Show.
A deputada eleita pelo partido no círculo eleitoral de Mid Bedfordshire resolveu aproveitar a visibilidade do programa de televisão «Sou uma celebridade… Tirem-me daqui», que põe famosos britânicos a viver numa selva da Austrália, mas acabou por ser “resgatada” para fora do partido.
De nada valeu a Nadine justificar a sua participação, dizendo que o programa é visto por 16 milhões de pessoas e que, portanto, é uma tribuna importante para tentar dar visibilidade a assuntos pelos quais os Tories se batem.
Dorries “conquistou” a suspensão e uma chuva de críticas de vários quadrantes políticos que entendem que há cenas a que um deputado não se deve sujeitar. A bem da credibilidade política. E para evitar que se transforme num espectáculo de massas, de gosto duvidoso.

1 comentário:

  1. Olá Isabel

    Sou Portuguesa da cidade do Porto leio sempre o seu blogue quer dizer desde que o descobrir é claro gostei é muito pq é interessante falas um pouco de tudo e isso é muito bom.
    Descobri pq ando a procura de emprego em Angola (Luanda) e está ser muito dificil já enviei muitas candidaturas espontaneas tb já respondi a muitos anuncios até ja fui ao consulado de Angola no Porto e nada é complicado sabes mas não posso desistir tenho que conseguir!!
    Se consegui-se gostaria de te poder conhecer.
    Deixo aqui o meu email lasaletemartins@gmail.com

    Abraço
    Lasalete Martins

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