Numa altura em que um desfile de horrores cometidos e
gravados pelo grupo jihadista Estado Islâmico entra pelos olhos adentro de milhões
de pessoas em todo o mundo, imagens de alegria levaram à condenação de um grupo
de jovens iranianos.
As autoridades iranianas não gostaram de ver mulheres a dançar
ao lado de homens, ainda por cima, sem o hijab (véu islâmico), e ordenou a
prisão de todos eles.
Durante o tempo em que estiveram presos, os jovens foram
humilhados e obrigados a ir à televisão pedir desculpa por terem gravado o
vídeo, alegando, em sua defesa, que desconheciam as intenções do realizador.
A confissão valeu-lhes a libertação, sob fiança, mas não os
isentou de culpas. Foram agora condenados a seis meses de pena de prisão, além
de um total de 91 chicotadas. O realizador do vídeo, Sassan Solemani, teve uma
pena maior. Foi condenado a um ano de prisão.
A dureza das sanções por um acto inócuo e sem qualquer
sentido maléfico gerou um coro de protestos. O Tribunal iraniano acabou por suspender
a pena, caso os jovens não cometam crimes, no espaço de três anos.
Incrédulo o chefe da Amnistia Internacional no Reino Unido
resumiu o sentimento que vai no espírito de muitos. “Prender pessoas porque
dançaram uma música chamada «Porque eu sou feliz» é elevar as coisas a um novo
nível de ironia bizarra, até mesmo para as autoridades iranianas mais
autoritárias”, afirmou ao jornal britânico «Daily Mail».
Na descrição que acompanhou o vídeo, os jovens iranianos escreveram:
“Happy é apenas uma desculpa para sermos felizes. Nós apreciamos cada segundo e
esperamos colocar um sorriso no seu rosto”.
“É muito triste que estas crianças tenham sido presas por
espalhar a felicidade”, lamentou o músico americano, num desabafo na sua página
de facebook. Mas não há palavras capazes de descrever a injustiça que se abateu
sobre eles.
Nos EUA, há outra imagem que deu que falar nos últimos dias.
O pai de Hudson Bond, que sofre de cardiomiopatia (doença
que afecta os músculos do coração), tentou publicar no facebook uma fotografia
do bebé de dois meses, mas viu a imagem ser recusada
O bebé, que está internado num hospital da Carolina do
Norte, surge entubado e com aparelhos de assistência respiratória. Com um
coração artificial, Hudson está na lista de espera para receber um coração
verdadeiro.
O pai criou uma página no facebook para angariar fundos que
ajudem a pagar os custos do transplante e os tratamentos que o filho precisa.
Nela conta a história do filho e a batalha que trava para sobreviver. O relato
é acompanhado de fotos do pequeno Hudson.
No dia 4 de Setembro, Kevin Bond recebeu um alerta da rede
social, a informar que uma das fotografias que tinha publicado era “demasiado
gráfica”. O facebook caracterizou a fotografia do bebé entubado, dentro da cama
de hospital, como “assustadora, sangrenta ou sensacionalista”, acrescentando
que “evoca uma resposta negativa”.
A rejeição da fotografia era ainda acompanhada com uma
explicação: “Imagens que incluam acidentes, colisões automóveis, cadáveres ou
corpos desmembrados, fantasmas, zombies e vampiros não são permitidas”.
Kevin reagiu com choque à decisão do facebook: “Fiquei muito
magoado. Chorei. Ele é meu filho, adoro-o. Ter alguém que rejeita uma
fotografia do meu lindo filho deitado numa cama de hospital a precisar de ajuda
afectou-me”.
O pai ainda tentou entrar em contacto com a rede social.
Nunca obteve resposta. O caso acabou por ir parar aos órgãos de comunicação
social, depois de Kevin ter colocado um post (comentário) na página a explicar
o sucedido e a dizer que o facebook “devia ter vergonha”.
“De todo o lixo que coloca sem parar na internet, uma foto
do meu filho é onde se traça um limite? É nojento”, escreveu Kevin.
Desta história resultou um facto positivo. Em pouco tempo,
os Hudson conseguiram arrecadar os 125 mil dólares necessários para manter o
filho vivo e ainda reverteram alguns dos fundos a outra criança na mesma
situação, graças à solidariedade que o caso gerou.
O facebook acabou por pedir desculpa e oferecer 10 mil
dólares em anúncios para a campanha do bebé Hudson. Mas foi preciso os jornais
e televisões meterem-se ao barulho.
*Publicada no dia 19 de Setembro de 2014
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