“Uma menina, de nove anos, matou na segunda-feira um
instructor de tiro por acidente, enquanto aprendia a disparar uma
submetralhadora automática Uzi, no estado americano do Arizona. O acidente
aconteceu quando a criança, tinha sido matriculada no curso pelos pais, perdeu
o controlo da arma e puxou o gatilho, atingindo Charles Vacca, de 39 anos, na
cabeça”.
Assim reza a notícia que correu mundo esta terça-feira. Nas
televisões e nos jornais, a história não mereceu grande destaque. Quatro
parágrafos arrumaram o assunto. Deram conta da ocorrência de forma seca, sem
grandes considerações, nem especialistas a explicar o sucedido.
A polícia não viu motivos para uma investigação e decidiu
arquivar o caso. Na cultura de diversas regiões rurais americanas, é comum
ensinar crianças a usar armas de fogo. No estado do Arizona, basta ter oito
anos para começar a disparar. A Uzi, popular metralhadora de mão capaz de
disparar até 600 projécteis por minuto, é das preferidas dos adultos. E das crianças
também.
Este caso passou-se nos EUA. Se tivesse ocorrido na
Palestina, no Iraque, no Afeganistão, Paquistão ou num país qualquer do
continente sul-americano o acidente teria outro tratamento e diferentes
repercussões. Mas isso é outra história!
Motivo para a intervenção das autoridades foi o que
encontraram alguns cidadãos britânicos que esta semana se depararam com um
cenário suspeito na baía de Dover Shakespeare, no sudeste de Inglaterra.
Viram um homem no mar a tentar saltar de um barco e, pensando
tratar-se de um imigrante ilegal, chamaram a polícia.
Afinal, o suspeito era um atleta australiano de ultra
triatlo (disciplina que combina três modalidades: natação, ciclismo e corrida),
que se preparava para atravessar o canal da mancha a nado nos treinos para a
prova de 450 quilómetros entre Paris e Londres.
Wan Wisse chegou de Londres a correr, após percorrer uma
distância de 140 quilómetros, e preparava-se para atravessar os 33 quilómetros
do canal, que separa França de Inglaterra, depois de descansar sete horas.
“Várias pessoas nos chamaram a pensar que se tratava de
imigrantes ilegais porque viram pessoas a saltar de um barco”, explicou o
porta-voz da polícia de Kent ao The Guardian.
A paranóia dos britânicos e os sentimentos anti-imigração
que recrudescem em tempos de crise fazem ver suspeitos em todo o lado. A
atenção devia, no entanto, estar virada para terra e devia concentrar-se nas
causas e não nos efeitos, para evitar alucinações como as que acometeram,
recentemente, o vice-presidente do Senado italiano, Roberto Calderoli, que, após
insultar a ministra da Integração, Cecile Kyenge, viu a sua vida transformar-se
num inferno.
Depois de comparar a ministra, que nasceu na República
Democrática do Congo, a um orangotango, Calderoli foi seis vezes à sala de
cirurgia, duas em terapia intensiva, uma nos cuidados intensivos, perdeu a mãe
e partiu duas vértebras e dois dedos num acidente, para além de ter visto a sua
casa no norte de Itália ser invadida por uma cobra com dois metros. Agora, vem
pedir ao pai de Kyenge que pare o feitiço que lhe lançou!
Indiferente ao perigo, um operador de câmara americano foi
abatido esta semana a tiro, durante uma perseguição policial. Bryce Dion, de 38
anos, fazia parte de uma das equipas do reality show «Cops» da cadeia americana
Fox, que acompanham agentes em situações reais.
A polícia foi chamada ao restaurante Wendy’s, no centro de
Omaha, no Nebraska, onde decorria um assalto à mão armada. Dois agentes
seguiram para o local, juntamente, com uma equipa da Fox.
O suspeito, identificado como Cortez Washington, de 32 anos, recebeu-os com um tiro de uma pressão de ar. Na troca de tiros que se seguiu, Bryce Dion foi atingido por um polícia. Apesar de usar colete à prova de balas, o jovem não sobreviveu. A bala terá entrado pela zona da axila do braço esquerdo e atingiu o operador de câmara no peito.
Os reality shows dominam a programação das televisões em
quase todo o mundo. Mas não são realidade, nem espectáculo! E querer
transformar a realidade num espectáculo é, só por si, um perigo!O suspeito, identificado como Cortez Washington, de 32 anos, recebeu-os com um tiro de uma pressão de ar. Na troca de tiros que se seguiu, Bryce Dion foi atingido por um polícia. Apesar de usar colete à prova de balas, o jovem não sobreviveu. A bala terá entrado pela zona da axila do braço esquerdo e atingiu o operador de câmara no peito.
*Publicada no dia 29 de Agosto de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário