sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Dias difíceis

A imprensa de Angola vive dias difíceis.
A edição de 7 de Agosto de «A Capital», um dos três semanários dados como vendidos em Maio, alegadamente ao mesmo grupo, desapareceu da gráfica e não chegou às bancas.
A directora administrativa e financeira da publicação, segundo o Novo Jornal, fecha-se em copas.
Não explica o que aconteceu.
Os jornalistas resguardam-se no silêncio.
E a versão conhecida dos factos, aquela que foi noticiada pela Voz da América, revela censura.
Os novos proprietários do título, pessoas próximas do gabinete do Presidente da República, não terão gostado do editorial.
A coluna questionava o preço das casas sociais (60 mil dólares), anunciado pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, uma semana antes.
O argumento era que o cidadão comum, perante a exiguidade do salário, não tinha como pagar as casas de um projecto lançado, após as legislativas, com o objectivo de dar um tecto a todos os angolanos.
Os novos donos do semanário tentaram demover o articulista, instando-o a reescrever o artigo.
Em vão.
O jornal foi impresso com a versão original.
Mas os 3.500 exemplares de «A Capital» não chegaram a sair da gráfica.
Desapareceram antes de ir para a mão dos ardinas.
E este é um facto indesmentível.
Como também o é a perseguição que a polícia de Luanda move contra os jornais privados, apreendendo-os na via pública, o que "configura um atentado à liberdade de imprensa nos termos do artigo 76, da Lei de Imprensa", como denunciou o Conselho Nacional de Comunicação Social, na sua última deliberação.
Contra os jornais públicos não se conhecem semelhantes práticas.
E assim vão os dias na imprensa angolana...

1 comentário:

  1. Lamentável e revoltante... :( (isto para não usar um termo bastante mais forte mas pouco simpático para aqui deixar escrito)

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