segunda-feira, 31 de março de 2014

Parece mentira (crónica publicada no Novo Jornal*)




                                               Júri da versão italiana do The Voice incrédulo ao ver a irmã Cristina Scuccia no palco

Longe dos tempos áureos que prometiam felicidade e sucesso a todos aqueles que trabalhassem arduamente e que geraram o conceito de «American Dream», os EUA são cada vez menos um país de oportunidades.
Os americanos trabalham cada vez mais e ganham cada vez menos; muitos desdobram-se em vários empregos para conseguir levar para casa o pão de cada dia, mas nem sempre garantem o acesso dos seus aos cuidados básicos de saúde.

sábado, 22 de março de 2014

Uma história simples (crónica publicada no Novo Jornal*)

                                    Numa sociedade segregadora, Wadjda sonha ter uma bicicleta  

Haifaa Al-Mansour nasceu em 1971, numa pequena cidade da Arábia Saudita, onde não há cinemas. Por influência do pai, o poeta saudita Abdul Rahman Mansour, apaixonou-se pela sétima arte. Os muitos filmes em VHS que os pais traziam para casa foram abrindo buracos nos muros que a separavam do resto do mundo e fizeram nascer dentro dela o desejo de não se limitar a uma vida vazia, sem nada para fazer, fruto de uma cultura que segrega as mulheres. Foi para o Egipto, onde tirou o bacharelato em Literatura na Universidade Americana no Cairo. E, com a ajuda do irmão, começou a fazer pequenas curtas-metragens que mandou para um festival em Abu Dhabi. A organização do certame mandou-lhe um bilhete para participar no evento e Haifaa não se ficou por ali. Foi estudar para a Austrália, onde fez uma pós-graduação em Realização e Estudos Cinematográficos em Sydney. “Foi a primeira vez que senti que tinha uma voz e que as pessoas queriam ouvir o que eu tinha a dizer sobre o mundo, e percebi que queria contar histórias com os meus filmes”, revelou.

domingo, 16 de março de 2014

Ignorância ou má-fé (crónica publicada no Novo Jornal*)


Michelle Bachelet tomou posse esta semana como Presidente do Chile. É um regresso ao cargo que ocupou entre 2006 e 2010. Impedida pela Constituição chilena de concorrer a mandatos consecutivos, a socialista regressa ao Palácio de La Moneda, após um interregno de quatro anos, com um novo compromisso: tornar a educação pública o principal pilar da sua governação.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Carta ao filho desaparecido (crónica publicada no Novo Jornal*)

Pedro, meu filho, hoje faz 16 anos que desapareceste! Ironicamente é carnaval! As pessoas divertem-se ou dormem depois de uma noite de folia, é normal. Mas eu não consigo deixar de pensar em ti… e que hoje é 4 de Março… A ironia da vida, uns tristes outros contentes!
Todos os anos, milhões de crianças desaparecem em todo o mundo. Ninguém sabe ao certo quantas. Não há país que escape a este flagelo. Nem lei que impeça que o elo entre as crianças e a família se quebre. Umas fogem do desamor e dos maus tratos, muitas são roubadas e impedidas de regressar a casa.

quinta-feira, 6 de março de 2014

O esplendor (crónica publicada no Novo Jornal*)


O Palácio do Povo que Nicolau Ceausescu mandou erguer, na capital da Roménia, é o símbolo máximo do poder megalómano e sem escrúpulos.
Iniciado em 1984, o edifício de 20 andares dispõe de 1.110 divisões, ricamente adornadas com um milhão de metros cúbicos de mármore, 200 mil metros quadrados de tapetes e 900 mil metros cúbicos de madeiras. A construção implicou a destruição de sete quilómetros quadrados de bairros históricos de Bucareste e o desalojamento de 40 mil pessoas, muitas delas suicidaram-se. Mais de 20 mil operários e 200 arquitectos trabalharam dia e noite para pôr de pé este colosso da arquitectura. É o segundo maior edifício do mundo, a seguir ao Pentágono, nos EUA.

terça-feira, 4 de março de 2014

Inferno de Kiev e de Putin (crónica publicada no Novo Jornal*)

A Ucrânia está dividida. Metade é pró-russa, a outra metade, a que tomou conta da praça da independência, é pró-europeia. De um lado e de outro, as posições radicalizam-se. A intervenção policial e militar de terça-feira, ordenada pelo Presidente Viktor Ianukovitch, acendeu o rastilho. Ninguém sabe ao certo quanto lastro ainda existe até ao barril de pólvora. Ninguém consegue prever o desfecho do braço de ferro, na Praça da Independência, tomada pelos manifestantes como símbolo da resistência à aproximação à Rússia.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Fantasmas (crónica publicada no Novo Jornal*)



O verdadeiro compositor (em cima) por detrás do falso Beethoven


José Costa é um escritor-fantasma. Juntamente com um amigo de faculdade, Álvaro Cunha, fundou a empresa Cunha & Costa Agência Cultural. É através dela que recebe propostas de trabalho. Pela sua caneta passam cartas, declarações, notas, artigos especializados e não especializados, discursos e livros. Todos assinados por outros que não ele.