1 A organização não governamental (ONG) Paz e Vida denunciou segunda-feira junto do Ministério Público da Venezuela que agentes da polícia nacional sequestram pessoas para depois as vender à guerrilha colombiana. A morte por ajuste de contas também faz parte dos relatos.
Este blogue contém as crónicas publicadas pela autora no semanário angolano «Novo Jornal».
sexta-feira, 25 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
Casamentos de conveniência (crónica publicada no Novo Jornal)
Em Março, mês dedicado a elas, as mulheres têm andado nas bocas do mundo.
A Al-Qaeda, que como se sabe tem pelas mulheres uma visão prática e utilitária, aproveitou o mês para lançar uma revista feminina.
Só que, ao contrário dos modelos ocidentais, a revista da Al-Qaeda tem como fim não as mulheres, mas aqueles cujo bem-estar depende delas.
A Al-Qaeda, que como se sabe tem pelas mulheres uma visão prática e utilitária, aproveitou o mês para lançar uma revista feminina.
Só que, ao contrário dos modelos ocidentais, a revista da Al-Qaeda tem como fim não as mulheres, mas aqueles cujo bem-estar depende delas.
quarta-feira, 16 de março de 2011
De taco na mão
Portugal é cada vez mais o país dos ricos.
Os jovens, da autoproclamada “geração à rasca”, não têm emprego e os que têm são precários.
Os de meia idade vão perdendo o emprego, as regalias que foram conquistando em anos de trabalho, e o poder de compra.
Os velhos vêem minguar a reforma, os medicamentos a aumentar de preço e os seus parcos rendimentos a serem tributados cada vez mais.
No supermercado há mais produtos a serem tributados com a taxa máxima de IVA - 23 por cento - pesando sobre os bolsos de quem tem cada vez menos para gastar.
Os ricos, esses, estão cada vez mais ricos – o país tinha dois empresários na lista da Forbes, em 2009, agora tem três e com riqueza acumulada a subir.
E a riqueza deles bem pode continuar a subir, porque o governo socialista de José Sócrates resolveu baixar o IVA do golfe – desporto praticado maioritariamente por pessoas oriundas das classes sociais com maiores rendimentos - de 23 para 6 por cento.
Está certo.
Das duas uma: ou se arrasa tudo para se transformar Portugal num imenso campo de Golfe e democratizar a prática da modalidade; ou a populaça emigra e deixa o país entregue aos golfistas.
Nada garante é que, em pouco tempo, não fiquem de taco na mão.
terça-feira, 15 de março de 2011
Na encruzilhada líbia
Fotografia de Goran Tomasevic, da Reuters
A Líbia está numa encruzilhada à espera que se decida o duelo entre Kadhafi e os seus opositores.
Enquanto a aviação do regime líbio bombardeava ontem,14 de Março, Ajdabiya, rebeldes cumpriam a sua missão, num posto de controlo nesta cidade no Leste do país, que se situa num ponto estratégico a 160 quilómetros de Benghazi, o bastião da revolta anti-Kadhafi.
domingo, 13 de março de 2011
Imprensa livre em Angola
Para os que insistem na ideia que em Angola não há imprensa livre, aqui fica, reproduzido na íntegra, o editorial do Director do Novo Jornal, Victor Silva, da edição de 11 de Março de 2011, a propósito da detenção de três jornalistas e um motorista, quando faziam a cobertura de uma manifestação anti-governamental agendada para o dia 7 de Março, mas que não chegou a realizar-se:
A Praça 1.º de Maio
Victor Silva, Director do Novo Jornal
Afinal “a montanha pariu um rato”!
Este poderia ser o título mais adequado para a pretensa manifestação contra o Governo que foi veiculada através das redes sociais e deixou muito perturbado o partido no poder, ao ponto de ter convocado uma “marcha patriótica” contra os que se “julgam mãos limpas, os mais patriotas com o apoio dos serviços de inteligência ocidentais”.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Choque de Ordem (crónica publicada no Novo Jornal)
A tolerância zero foi decretada, mas não se revelou suficiente para desmobilizar os adeptos do chichi ao ar livre no Rio de Janeiro.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Isenção, pois!
O Jornal de Angola já nos habituou à sua forma isenta e factual de fazer jornalismo.
A última pérola, escrita a quatro mãos, gira em torno da detenção na madrugada de segunda-feira de 17 pessoas, entre elas três jornalistas e um motorista do Novo Jornal.
Dizem - a Polícia Nacional e o Jornal de Angola - que a detenção do grupo teve "como objectivo evitar actos de agressão", pela “iminência de um conflito” entre este e um outro grupo de pessoas que se foi juntando no mesmo local com a intenção de os dispersar.
Muito bem. Entendido.
Depreende-se da explicação da Polícia Nacional, muito bem explanada pelo Jornal de Angola, que, na iminência do assalto a uma residência, a polícia angolana detém os donos da casa e deixa os assaltantes à solta.
Não se compreende é que para explicar esta acção preventiva, a Polícia Nacional e o Jornal de Angola tenham usado terminologia distinta, uma inócua e outra eivada de culpa.
A polícia diz que foi “obrigada a proceder à recolha dessas pessoas” e, no momento seguinte, confirma que “foram no local detidas para declarações 17 pessoas”.
Entendidos. É o registo factual e isento das duas entidades: Polícia Nacional e Jornal de Angola.
Tão isento como o Jornal de Angola se referir a Pedro Cardoso como o “jornalista português ao serviço do Novo Jornal, mas que na verdade estava a acompanhar a “manifestação” para a Rádio Renascença de Lisboa”.
Como luso angolano que é, por direito e convicção, em Angola Pedro Cardoso é angolano, como bem sabe o Jornal de Angola, por mais que diga e escreva o contrário.
E nada o impede de, ao serviço do Novo Jornal, fazer o relato de um acontecimento para um órgão de informação estrangeiro.
O que é bem diferente da frase mal intencionada e que só se entende inscrita na estratégia de manipulação do diário angolano.
PS. Pode ler a notícia do Jornal de Angola, clicando no Ler mais
A última pérola, escrita a quatro mãos, gira em torno da detenção na madrugada de segunda-feira de 17 pessoas, entre elas três jornalistas e um motorista do Novo Jornal.
Dizem - a Polícia Nacional e o Jornal de Angola - que a detenção do grupo teve "como objectivo evitar actos de agressão", pela “iminência de um conflito” entre este e um outro grupo de pessoas que se foi juntando no mesmo local com a intenção de os dispersar.
Muito bem. Entendido.
Depreende-se da explicação da Polícia Nacional, muito bem explanada pelo Jornal de Angola, que, na iminência do assalto a uma residência, a polícia angolana detém os donos da casa e deixa os assaltantes à solta.
Não se compreende é que para explicar esta acção preventiva, a Polícia Nacional e o Jornal de Angola tenham usado terminologia distinta, uma inócua e outra eivada de culpa.
A polícia diz que foi “obrigada a proceder à recolha dessas pessoas” e, no momento seguinte, confirma que “foram no local detidas para declarações 17 pessoas”.
Entendidos. É o registo factual e isento das duas entidades: Polícia Nacional e Jornal de Angola.
Tão isento como o Jornal de Angola se referir a Pedro Cardoso como o “jornalista português ao serviço do Novo Jornal, mas que na verdade estava a acompanhar a “manifestação” para a Rádio Renascença de Lisboa”.
Como luso angolano que é, por direito e convicção, em Angola Pedro Cardoso é angolano, como bem sabe o Jornal de Angola, por mais que diga e escreva o contrário.
E nada o impede de, ao serviço do Novo Jornal, fazer o relato de um acontecimento para um órgão de informação estrangeiro.
O que é bem diferente da frase mal intencionada e que só se entende inscrita na estratégia de manipulação do diário angolano.
PS. Pode ler a notícia do Jornal de Angola, clicando no Ler mais
segunda-feira, 7 de março de 2011
Medo? Não
Juntou-se a três colegas, um jornalista, um repórter fotográfico e um motorista, e foi trabalhar, nessa noite de domingo.
A polícia chegou ao local onde se reunia um grupo de jovens, que recitavam poesia, trocavam conversa e projectavam sonhos.
O grupo e os jornalistas foram questionados, rodeados, intimidados.
Ela respondeu que estavam ali a trabalhar.
O polícia mandou-a calar e ordenou que se sentasse no chão
À ordem que se seguiu, deu com ela numa esquadra, onde foi separada do grupo.
Perguntaram-lhe com que políticos da oposição privava.
Quiseram saber o que estava a fazer na praça.
Tiraram-lhe os pertences pessoais.
Vasculharam-lhe o telemóvel, viram o registo de chamadas e leram as suas mensagens.
Passada a noite, obrigaram-na a limpar a cela.
Humilharam-na, julgavam eles.
Deram-lhe guia de marcha.
Devolveram-na à liberdade.
Já na rua, deu entrevistas.
Fez a cronologia dos acontecimentos.
Disse que não, não se sentia intimidade.
Ia comer "qualquer coisa" para se refazer de uma noite sem dormir para pôr pés a caminho do jornal.
Tinha muito que fazer.
Muito que escrever.
Medo? Não.
"Isto dá-me mais força para trabalhar, para continuar", respondeu à repórter que a inquiria por telefone, a partir de Portugal.
Não era a primeira vez que passava a noite numa esquadra.
A voz de Ana Margoso não tremeu.
O pensamento não vacilou.
Reconheci a jornalista que me habituei a ver na Redacção do Novo Jornal; que sempre me tocou pela coragem e determinação.
E que, inspirada pelo exemplo do pai (general que, com outros, construiu os caminhos para a independência de Angola) também luta pelo seu país.
À sua maneira.
A polícia chegou ao local onde se reunia um grupo de jovens, que recitavam poesia, trocavam conversa e projectavam sonhos.
O grupo e os jornalistas foram questionados, rodeados, intimidados.
Ela respondeu que estavam ali a trabalhar.
O polícia mandou-a calar e ordenou que se sentasse no chão
À ordem que se seguiu, deu com ela numa esquadra, onde foi separada do grupo.
Perguntaram-lhe com que políticos da oposição privava.
Quiseram saber o que estava a fazer na praça.
Tiraram-lhe os pertences pessoais.
Vasculharam-lhe o telemóvel, viram o registo de chamadas e leram as suas mensagens.
Passada a noite, obrigaram-na a limpar a cela.
Humilharam-na, julgavam eles.
Deram-lhe guia de marcha.
Devolveram-na à liberdade.
Já na rua, deu entrevistas.
Fez a cronologia dos acontecimentos.
Disse que não, não se sentia intimidade.
Ia comer "qualquer coisa" para se refazer de uma noite sem dormir para pôr pés a caminho do jornal.
Tinha muito que fazer.
Muito que escrever.
Medo? Não.
"Isto dá-me mais força para trabalhar, para continuar", respondeu à repórter que a inquiria por telefone, a partir de Portugal.
Não era a primeira vez que passava a noite numa esquadra.
A voz de Ana Margoso não tremeu.
O pensamento não vacilou.
Reconheci a jornalista que me habituei a ver na Redacção do Novo Jornal; que sempre me tocou pela coragem e determinação.
E que, inspirada pelo exemplo do pai (general que, com outros, construiu os caminhos para a independência de Angola) também luta pelo seu país.
À sua maneira.
Porquê?
Uma manifestação em Angola contra o poder instituído foi convocada a reboque da Primavera árabe que derrubou, nas ruas, governos ditatoriais e nepóticos na Tunísia e no Egipto e tenta, a custo de muitas vidas, fazer o mesmo na Líbia.
A manifestação assentava à partida num equívoco. A realidade angolana nada tem a ver com o quadro político no magreb. E depressa o partido no poder tratou de matar, com uma contra-manifestação pela paz, a manifestação pela mudança que não chegou a ser.
Ainda assim, menos de duas dezenas de jovens responderam ao apelo. Aproveitando o palco central do largo 1 de Maio, juntaram-se para trocar versos e mensagens políticas contra o regime de José Eduardo dos Santos.
A polícia não esteve com contemplações. Encarou o acto como subversivo e deteve todos os que se concentraram na vígília nocturna. Todos mesmo. Não escapou a equipa do Novo Jornal, que se limitava a fazer o seu trabalho.
Dois jornalistas (Ana Margoso e Pedro Cardoso) um repórter fotográfico (Afonso Francisco) e o motorista que os apoiava na deslocação (Dário Pandé) foram levados pela onda repressiva. E passaram a noite numa esquadra, impedidos de comunicar com os familiares que, amedrontados com as notícias da repressão líbia, passaram horas de aflição.
Já com o grupo todo em liberdade - manifestantes e equipa do Novo Jornal - resta a pergunta: Porquê?
Não há argumento que legitime uma atitute tão disparatada da polícia angolana.
Nem regime, por mais democrático que seja, que resista à erosão provocada pela detenção de jornalistas e gente pacífica.
A manifestação assentava à partida num equívoco. A realidade angolana nada tem a ver com o quadro político no magreb. E depressa o partido no poder tratou de matar, com uma contra-manifestação pela paz, a manifestação pela mudança que não chegou a ser.
Ainda assim, menos de duas dezenas de jovens responderam ao apelo. Aproveitando o palco central do largo 1 de Maio, juntaram-se para trocar versos e mensagens políticas contra o regime de José Eduardo dos Santos.
A polícia não esteve com contemplações. Encarou o acto como subversivo e deteve todos os que se concentraram na vígília nocturna. Todos mesmo. Não escapou a equipa do Novo Jornal, que se limitava a fazer o seu trabalho.
Dois jornalistas (Ana Margoso e Pedro Cardoso) um repórter fotográfico (Afonso Francisco) e o motorista que os apoiava na deslocação (Dário Pandé) foram levados pela onda repressiva. E passaram a noite numa esquadra, impedidos de comunicar com os familiares que, amedrontados com as notícias da repressão líbia, passaram horas de aflição.
Já com o grupo todo em liberdade - manifestantes e equipa do Novo Jornal - resta a pergunta: Porquê?
Não há argumento que legitime uma atitute tão disparatada da polícia angolana.
Nem regime, por mais democrático que seja, que resista à erosão provocada pela detenção de jornalistas e gente pacífica.
sábado, 5 de março de 2011
Pela Primavera (crónica publicada no Novo Jornal)
Já são conhecidos os candidatos ao Prémio Nobel da Paz de 2011.
São 241 nomeados dos quatro cantos do mundo, um número recorde, 53 dos quais são organizações.
Apesar de a lista ser um segredo bem guardado até à data do anúncio do vencedor, em respeito pelos estatutos, o director do Instituto Nobel destapou um pouco o véu. E, sem trair a identidade dos nomeados, admitiu que a edição deste ano foi influenciada pela «Primavera árabe». “Recebemos várias propostas que reflectem a situação” na Tunísia, Egipto e Líbia, precisou Geir Lundestad.
Mas nem só da Primavera se fazem os prémios Nobel deste ano.
São 241 nomeados dos quatro cantos do mundo, um número recorde, 53 dos quais são organizações.
Apesar de a lista ser um segredo bem guardado até à data do anúncio do vencedor, em respeito pelos estatutos, o director do Instituto Nobel destapou um pouco o véu. E, sem trair a identidade dos nomeados, admitiu que a edição deste ano foi influenciada pela «Primavera árabe». “Recebemos várias propostas que reflectem a situação” na Tunísia, Egipto e Líbia, precisou Geir Lundestad.
Mas nem só da Primavera se fazem os prémios Nobel deste ano.
Subscrever:
Mensagens (Atom)