sexta-feira, 18 de março de 2011

Casamentos de conveniência (crónica publicada no Novo Jornal)

Em Março, mês dedicado a elas, as mulheres têm andado nas bocas do mundo.
A Al-Qaeda, que como se sabe tem pelas mulheres uma visão prática e utilitária, aproveitou o mês para lançar uma revista feminina.
Só que, ao contrário dos modelos ocidentais, a revista da Al-Qaeda tem como fim não as mulheres, mas aqueles cujo bem-estar depende delas. A «Al-Shamikha» - que significa «mulher majestosa» - surge nas bancas para dar conselhos de comportamento e beleza, como a preparação dos filhos para a jihad (guerra santa) ou a importância de ficar em casa com o rosto tapado para manter a pele saudável.
Para além de não exporem os rostos à “poluição” atmosférica, as mulheres aprendem a preparar máscaras faciais de mel.
A revista aconselha ainda as solteiras a “casarem-se com muhajedines (combatentes)” e inclui entrevistas com mulheres de bombistas-suicidas, que elogiam as acções dos falecidos maridos, escreve ainda o jornal britânico «Daily Mail».
Não se sabe a utilidade que a notícia do nascimento da «Al-Shamikha» tem para as mulheres britânicas, cuja auto-estima sofreu, em Março, um importante abalo.
O presidente da Burger King, o brasileiro Bernardo Hees, deu uma palestra a alunos da Universidade de Chicago, nos EUA, e, numa atitude de lisonja gratuita, disse que em Inglaterra, onde estudou, a “comida é horrível e as mulheres não são muito atraentes”.
Se a apreciação do carioca, de 41 anos, provocou risos de júbilo na audiência norte-americana, entre os britânicos provocou esgares de repulsa.
O «Daily Telegraph» tratou logo de sugerir um boicote ao Burger King, o maior concorrente da americana Mc Donald. “A melhor maneira das mulheres britânicas se tornarem mais atraentes seria evitarem consumir na rede de fast food do sr. Hees”, escreveu o jornal.
O «The Guardian» juntou a sua voz à indignação nacional e fez uma sondagem para avaliar o impacto das declarações de Bernardo Hees. A Burger King viu-se obrigada a emitir um comunicado a pedir desculpa pelo infeliz comentário.
Para evitar a infelicidade dos seus filhos, um grupo de mulheres norte-americanas juntou-se na internet para procurar parceiras para os filhos solteiros. A iniciativa, intitulada “date my single kid”, foi lançada pela nova-iorquina Geri Brin e o seu filho Colby.
“As qualidades que quero que tenha uma mulher para Colby são a segurança, a generosidade, a paixão e um bom humor”, lê-se na página www.faboverfifty.com.
A ver pelas fotografias de Colby, o rapaz até nem é mal apessoada, beneficiando de uma carinha laroca como trunfo para conquistar uma parceira. A sua mãe é que não vai em modas e não quer uma qualquer. Geri Brin pretende encontrar a mulher ideal para o filho e a nora exemplar para si própria.
A pretendente “tem de ter sentido de humor, não deverá ser sarcástica, mas deve tolerar quando Colby o seja”. Ficam melhor posicionadas as candidatas que “de vez em quando” queiram sair com a futura sogra.
A iniciativa tem sucesso garantido. Dezenas de mães de rapazes em idade casadoira juntaram-se ao «date my single kid» e o interesse é de tal ordem que já levou ao alargamento do site a tias e avós que aproveitam esta via para arranjar par para os sobrinhos e netos.
Há casamentos que, não havendo registo de terem sido combinados, se revelam de extrema oportunidade.
Em Portugal, a mulher do ministro da Justiça terá recebido 72 mil euros (100 mil dólares), à revelia do Ministério Público.
Segundo o Diário de Notícias, a magistrada reclamou um complemento de ordenado por ter acumulado serviço em dois organismos do Ministério Público, entre Setembro de 2003 e Agosto de 2009. A verba foi recusada. A mulher do ministro avançou com um processo judicial e antes mesmo de o Tribunal Administrativo do Porto ter finalizado o processo para averiguar se o ministério era condenado a pagar, o secretário de Estado da Justiça de então autorizou o pagamento.
Isto apesar do parecer de um superior hierárquico da mulher do ministro, que indeferiu o pedido de pagamento dos 72 mil euros, alegando que “o trabalho desenvolvido pela requerente se não afasta do que em média é exigido a um magistrado do Ministério Público”.
Pelos vistos, parece que não. O ser casada com o ministro da entidade que lhe paga afasta-a da norma. Daí a preocupação revelada este mês, em vários pontos do globo, com a escolha do parceiro.

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