quarta-feira, 9 de março de 2011

Isenção, pois!

O Jornal de Angola já nos habituou à sua forma isenta e factual de fazer jornalismo.
A última pérola, escrita a quatro mãos, gira em torno da detenção na madrugada de segunda-feira de 17 pessoas, entre elas três jornalistas e um motorista do Novo Jornal.
Dizem - a Polícia Nacional e o Jornal de Angola - que a detenção do grupo teve "como objectivo evitar actos de agressão", pela “iminência de um conflito” entre este e um outro grupo de pessoas que se foi juntando no mesmo local com a intenção de os dispersar.
Muito bem. Entendido.
Depreende-se da explicação da Polícia Nacional, muito bem explanada pelo Jornal de Angola, que, na iminência do assalto a uma residência, a polícia angolana detém os donos da casa e deixa os assaltantes à solta.
Não se compreende é que para explicar esta acção preventiva, a Polícia Nacional e o Jornal de Angola tenham usado terminologia distinta, uma inócua e outra eivada de culpa.
A polícia diz que foi “obrigada a proceder à recolha dessas pessoas” e, no momento seguinte, confirma que “foram no local detidas para declarações 17 pessoas”.
Entendidos. É o registo factual e isento das duas entidades: Polícia Nacional e Jornal de Angola.
Tão isento como o Jornal de Angola se referir a Pedro Cardoso como o “jornalista português ao serviço do Novo Jornal, mas que na verdade estava a acompanhar a “manifestação” para a Rádio Renascença de Lisboa”.
Como luso angolano que é, por direito e convicção, em Angola Pedro Cardoso é angolano, como bem sabe o Jornal de Angola, por mais que diga e escreva o contrário.
E nada o impede de, ao serviço do Novo Jornal, fazer o relato de um acontecimento para um órgão de informação estrangeiro.
O que é bem diferente da frase mal intencionada e que só se entende inscrita na estratégia de manipulação do diário angolano.

PS. Pode ler a notícia do Jornal de Angola, clicando no Ler mais


Polícia Nacional fez detenções para impedir actos de agressão

A Polícia Nacional informou ontem que a detenção em Luanda de 17 pessoas, incluindo um cantor que insultou o Presidente da República e quatro jornalistas do semanário “Novo Jornal”, que estavam de madrugada no Largo da Independência, teve como objectivo evitar “actos de agressão”.
Em declarações à imprensa angolana, o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente-chefe Jorge Bengue, disse que as pessoas detidas pretendiam realizar no local uma manifestação sem autorização do Governo da Província de Luanda. “À medida que essas pessoas se iam juntando no largo, foi surgindo no mesmo local um outro grupo de pessoas, provavelmente moradores, com a intenção de dispersar esse grupo de pessoas”, explicou Jorge Bengue.
A polícia, ao aperceber-se da situação, “que se configurava na iminência de um conflito entre as duas partes”, viu-se obrigada a intervir “para reprimir aquilo que poderia transformar-se numa situação de agressão entre os dois grupos”. “Fomos então obrigados a proceder à recolha dessas pessoas, que foram levadas para as esquadras da zona do Primeiro do Maio, para a quinta e segunda esquadras, bem como para o piquete da Direcção Provincial de Investigação Criminal”, referiu Jorge Bengue.
A polícia confirmou que foram no total detidas para declarações 17 pessoas, mas que o número poderia ter sido maior “por tudo aquilo que estava a acontecer”. Ao longo do dia a imprensa internacional foi amplificando declarações dos jornalistas do “Novo Jornal” e do sub-director do semanário, Gustavo Costa, que disse desconhecer os motivos das detenções, explicando que os jornalistas estavam incontactáveis e a polícia não dava explicações. Entre os detidos estava Pedro Cardoso, jornalista português ao serviço do “Novo Jornal”, mas que na verdade estava a acompanhar a “manifestação” para a Rádio Renascença de Lisboa. Os jornalistas do semanário angolano foram a principal fonte dos órgãos de informação internacionais sobre uma manifestação que nem sequer existiu.

Sem comentários:

Enviar um comentário