No dia 23 de Julho de 2008, Luanda adormeceu horrorizada.
Oito jovens que confraternizavam no largo da Frescura, no Sambizanga, foram mortos.
De uma carrinha Hiace irromperam vários homens que descarregaram as metralhadoras sobre os oito rapazes.
Uma das vítimas, antes de morrer, soprou os nomes de dois dos carrascos, identificados como agentes da autoridade.
Em poucos dias, a Polícia Nacional (PN) apresentou sete elementos da corporação suspeitos da autoria do crime, que ficou conhecido como «o massacre da Frescura».
Foram julgados e condenados a 24 anos de cadeia, cada um.
No dia 9 de Maio deste ano, três jovens da Samba foram levados por agentes da polícia.
Primeiro foi Liro, um delinquente cadastrado.
Depois Kadu, seu primo, e pelo caminho apanharam Kleber, que regressara há cinco meses a Angola, depois de concluir o curso na Zâmbia.
Os corpos dos três apareceram dois dias depois na morgue do hospital Maria Pia, baleados.
Inconformado, o pai de Kleber fez queixa na divisão da Samba da PN. Foi recusada.
José Lemos regressou uma semana depois com testemunhas que confirmaram que os jovens foram levados por agentes da autoridade. A queixa foi aceite.
A notícia ribombou nas televisões, rádios e jornais.
O Comando-Geral da Polícia foi obrigado a vir a público dizer que “ninguém manda matar na polícia”, que em Angola “não há esquadrões da morte”.
O comando não negou o envolvimento de agentes.
Pelo contrário.
O caso "está a ser investigado, há fortes indícios de que foram agentes da corporação", disse, “se se confirmarem as suspeitas a divisão da Samba será responsabilizada”.
Para o pai de Kleber é um sinal de esperança.
A vida do filho já ninguém lha devolve.
Também a de Liro, o jovem delinquente que arrastou para a tragédia dois inocentes.
Sempre que um criminoso insiste na reincidência acaba morto.
As execuções sumárias são socialmente aceites quando envolvem criminosos.
Os inocentes são chorados.
O filme repete-se.
Até que alguém ponha cobro ao argumento e mude o guião.
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