terça-feira, 27 de julho de 2010

Grávidas fora da escola

Em Luanda, há uma escola - o Instituto Médio Politécnico do Sambizanga - que manda as grávidas para casa.
Por estarem grávidas.
Só regressam para fazer provas ou depois de terem o bebé.
Sempre que há suspeitas, a aluna é convocada ao gabinete do director; fazem-lhe um exame; e, se for confirmada a gravidez, vai para casa.
O director diz que não as proíbe de frequentarem as aulas.
Que as aconselha a ficarem em casa.
Para as ajudar.
Porque as "grávidas têm a mania de estar sempre a salivar e a levantar-se para ir à casa de banho" e, por isso, "não conseguem prestar atenção às aulas".
A directora nacional para o Ensino Geral diz que nenhum director de escola tem competência para suspender uma aluna em situação de gravidez.
E que este facto vai contra os princípios do programa de educação sexual que o ministério vem levando a cabo desde 2006.
Mas o que o Instituto Médio Politécnico do Sambizanga faz é mais grave.
Comete várias ilegalidades: obriga alunas, algumas maiores de idade, a fazerem testes médicos, quando só um juiz está habilitado a fazê-lo; impede que a estudante exerça um direito que é seu: frequentar a escola; e prejudica o seu percurso académico.
Por coerência, não resta ao Ministério da Educação outra alternativa senão mandar o director para casa.
Porque tem a mente estéril de sabedoria e grávida de preconceitos.

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