O Teatromosca estreia amanhã, em Sintra, Portugal, uma peça de Miguel Horta, encenada por Suzana Barros, sobre o independentista Amílcar Cabral.
“A tarde vai caindo melancólica como sucede em África. O kora de mestre Galissa vai dando a atmosfera em cena, com as suas toadas e cantos ancestrais da tradição Mandinga.”
A peça, dirigida ao público infanto-juvenil, e não só, nasceu de uma encomenda do Teatromosca, mas corresponde a uma vontade que Miguel Horta tinha de encontrar palavras para falar sobre Amílcar Cabral aos mais novos.
“Um jovem, junto da árvore do “Polon” (“Polão”), fala consigo mesmo sobre a sua origem, a história da sua família, a sua existência. O conciliábulo partilhado.”
O escritor e ilustrador Miguel Horta não sabe de onde lhe nascem as ideias, mas esta tem muito a ver com a sua “ligação à comunidade crioula e ao trabalho sócio-cultural” que vem desenvolvendo.
“Um regresso à antiga aldeia onde os seus pais o “fizeram”, no meio da conturbada Guiné da guerra colonial. Sentado no chão da floresta, conversa com os “irmãos” (corporizados no público), construindo, pouco a pouco, o seu referente cultural, focado na figura de Amílcar Cabral.”
Miguel Horta revela o peso da responsabilidade de escrever sobre Amílcar Cabral” até porque nunca esteve na Guiné-Bissau, só em Cabo Verde, mas as dificuldades são atenuadas pelo meio que o envolve: “Encontro África cada vez que subo o Alto da Cova da Moura para trabalhar no Moinho da Juventude”.
“Amílcar, que ele chama de “Nhu”, ficou gravado na sua memória de infância e continua a largar perguntas sobre o seu futuro. As suas interrogações e respostas, aos poucos vão desenhando a figura de Amílcar Cabral, construtor de utopias. Acorda a manhã de África com a esperança da construção de um País feito de longas madrugadas e desejos.”
Nesta peça, sobem ao palco Tozé Barros, de Órgãos, ilha de Santiago, Cabo Verde, “uma espécie de herói: durante o dia nas obras e à noite actor”; e a Kora de Braima Galissa, da Guiné.
“Retratinho de Amílcar Cabral” sobe ao palco do antigo cinema do Centro Comercial Floresta, Mercês, Sintra, sábado e domingo, às 16h00.
"Abrasu pertadu!"(Um grande abraço)
ResponderEliminarUm kandandu (tem o mesmo significado em mwangolé (angolano))
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