segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A chuva



Chove em Luanda.
Com força.
Há dois dias que o céu está carregado.
Cinzento. Escuro.
Hoje chove. Com intensidade.
A chuva varre as ruas.
Empurra o entulho.
Desanuvia a atmosfera.
Desasossega quem vive na periferia.
As ruas lamacentas transformam-se em leitos.
Os rios improvisados desaguam nas casas.
Entram por elas; estragam os haveres de quem lá vive.
Instala-se o caos e a destruição nos musseques.
As casas encavalitadas nas encostas cedem.
Os morros estremecem.
Chove em Luanda.
E quando chove há um misto de alegria e dor.
A água que gera vida, também destrói. E mata.
De noite mal se dorme.
É preciso estar alerta.
A chuva traz, mas também leva.
Chove em Luanda.
O céu está mais claro.
A terra mais escura para lá do asfalto.

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