A polícia angolana tem má imagem, muito por causa da «gasosa», como é conhecido na gíria o suborno, mas há quem fuja ao retrato.
Um casal que vive em Luanda, no regresso sofrido de uma ida à clínica com uma filha menor, pisou um traço contínuo numa manobra proibida e, ups, um agente do Trânsito, que testemunhou a transgressão, mandou parar o veículo.
"Pronto, lá vamos ter de largar a nota", pensou a mulher, enquanto a filha ao seu lado gemia de dor.
O agente pediu os documentos ao condutor; observou-os atenta e educadamente e interpelou: "O senhor viu que pisou um traço contínuo?"
"Vi", respondeu o homem, explicando, sem subterfúgios, que vinha da clínica (a 300 metros) com a filha que estava doente, que a sua casa era naquela direcção e, como já perdera muito tempo, para não atrasar mais a chegada ao emprego, arriscara a manobra.
O jovem polícia ouviu o relato sem pestanejar, manifestou compreensão com o momento vivido pelo casal, mandou guardar os documentos, deu ordens para seguirem viagem, advertindo que não voltasse a repetir a transgressão, e desejou um bom resto de dia.
Uma atitude exemplar, que prova que nem todos os agentes andam atrás da «gasosa», e que aconselha prudência na generalização.
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