sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mais um jornalista atacado



António Manuel «Jojó» está entre a vida e a morte.
O jornalista da Rádio Despertar, autor de um programa de intervenção social muito crítico do actual «status quo», foi baleado ontem quando saía de casa para ir trabalhar.
O colega da mesma estação radiofónica ligada à UNITA, Alberto Chakusanga, foi morto no dia 5 de Setembro em sua casa, por dois homens que baterem à porta e dispararam vários tiros na sua direcção.
Desta vez esperaram que o alvo saísse de casa. E balearam-no. «Jojó» trava a luta da sua vida, numa clínica de Luanda: resistir à morte.
A sua voz nunca se calou, nem mesmo perante as ameaças. “Estou preparado para morrer”, dizia aos colegas que o recordam neste dia.
Ninguém está preparado para morrer, mas há quem esteja disposto a pagar o preço mais alto pela liberdade de informar e dizer o que pensa.
«Jojó» é o terceiro jornalista angolano a ser baleado no espaço de dois meses. Alberto Chakusanga morreu; um jornalista da TV Zimbo, baleado numa perna, está em risco de não voltar a andar. Outros dois viram as suas casas assaltadas, de um dos assaltos levaram só o computador pessoal.
A associação Repórteres sem Fronteiras divulgou um número de alerta para onde devem ligar os jornalistas que se sentem ameaçados. Esta semana a associação, com sede em Paris, difundiu um relatório onde conclui que Angola é o país lusófono mais perigoso para o exercício do jornalismo, figurando em 104º lugar a nível internacional.
No meio disto tudo onde pára o Sindicato dos Jornalistas angolanos?
É que ainda não se ouviu a sua voz.
E devia.

2 comentários:

  1. Obrigada por falar nisto, Isabel. Há quem continue a pensar que impunidade dura eternamente. E há um tal à vontade que nem se procura esconder o que se faz.
    Kanuthya

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  2. Kanuthya, a impunidade não dura para sempre. Por mais que queiram pensar o contrário, a história mostra que não.

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