quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A montra dos criminosos

Fotografia do jornal «O País»

Em Angola há uma prática que já devia ter sido abolida há muito tempo.
Quando a Polícia Nacional faz detenções chama os jornalistas e põe os alegados criminosos a assumirem publicamente a autoria dos crimes de que são acusados e a justificá-los.
Alinhados como numa montra e, por vezes, com folhas A4 coladas ao peito com a informação do crime cometido, a Polícia Nacional atropela todos os direitos dos acusados. E o principal deles é o direito à presunção de inocência, porque esta exibição pública é feita sem condenação em tribunal ou culpa judicialmente formada.
Felizmente que os orgãos de comunicação social, mais sensibilizados para os direitos dos cidadãos, começam a colocar sombra sobre os rostos dos visados e a preservar a sua identidade visual.
Numa altura em que se assistem a inúmeras detenções de titulares e ex-titulares de cargos públicos, por desvio de dinheiro e abuso de poder, entre outros crimes, não percebo porque não se generaliza a prática.
É que não há criminosos de primeira, nem de segunda. Há, simplesmente, criminosos.
Mas se o critério tende para a gravidade do crime, os segundos deviam ser exibidos publicamente e não os primeiros.

1 comentário:

  1. Nem mais amiga, sublinho todas as tuas palavras. Muito bem dito, para não dizer, muito bem escrito ;)

    Beijos
    Isabel

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