quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Abrir os olhos (crónica publicada no Novo Jornal*)


Desde que abriram as inscrições para colonizar Marte, 200 mil pessoas já se manifestaram interessadas em participar na ocupação do «Planeta Vermelho».
A iniciativa partiu da empresa holandesa Mars One e ultrapassou as expectativas, apesar de a viagem, por enquanto, ser só de ida, porque ainda não existe tecnologia que garanta o regresso a Terra.
Isso parece não inquietar os candidatos que preferem a imprevisibilidade da nova vida àquela que têm aqui. A favor da mudança surgiu uma teoria que diz que o asteroide que colidiu com a Terra há 65 milhões de anos poderá ter levado vida para o planeta Marte. Apesar de ter provocado, como se estima, a extinção dos dinossauros, a colisão terá projectado milhares de rochas com capacidade para suportar a vida. 
Os primeiros humanos poderão desembarcar em Marte em 2025. Sete anos antes, em 2018, será lançado o foguete exploratório não tripulado, como prevê a Mars One, que trabalha neste projecto em parceria com a Locheed Martin.
Destroçada está a vida de seis milhões de crianças sírias que não têm casa e necessitam de ajuda urgente devido ao Inverno. Uma vaga de frio atingiu esta quinta-feira o Médio Oriente, obrigando ao encerramento de escolas, e na Síria já provocou a morte a duas crianças.
As condições adversas em que milhões de crianças sírias vão atravessar o Inverno levou a UNICEF a lançar um vídeo de solidariedade, que contou com a colaboração de músicos e actores do Reino Unido.
“O meu coração está com os milhões de crianças sírias que perderam tudo: as suas famílias, os seus amigos e as suas casas. Enfrentam agora o terceiro inverno consecutivo em campos de refugiados, que não se podem chamar de casa”, afirma o embaixador do Reino Unido para a UNICEF, o actor Ewan McGregor.
Juntamente com os actores Michael Sheen e Tom Hiddleston e os músicos Rita Ora, Tinie Tempah e Emma Bunton, McGregor exorta as pessoas a abrirem os olhos ao drama sírio, num vídeo que tem como tema central “No place like home”, que, numa tradução livre, quer dizer que não há lugar como a nossa casa.
Na Síria, muitos perderam o lar. E, entre estes, milhões são crianças: seres indefesos indiferentes aos motivos que estão por trás do drama que se abateu sobre elas. Uma “violência sem precedentes, na maior parte das vezes andando de campo de refugiados em campo de refugiados, apenas com a roupa que têm no corpo”, afirma a cantora Rita Ora; sendo “obrigadas a atingir os seus limites de resistência física e psicológica”, como realça o actor Martin Sheen, consciente de que “nenhuma criança devia viver nestas condições”.
De olhos bem abertos andam os turistas que visitam a capital italiana. Ainda não há certezas se há predominância de género. O que se sabe é que um calendário com os padres mais bonitos do Vaticano tem batido os recordes de venda em Roma.
O «Calendário Romano» foi criado em 2004 pelo fotógrafo Piero Pazzi e, apesar de viver do rosto de homens de batina, não tem qualquer ligação ao Vaticano, que este ano viu o seu inquilino mais importante – o Papa Francisco – surgir na capa da Time, depois de ser eleito a pessoa do ano.
Piero Pazzi anda pelas ruas a fotografar padres, bonitos, e à excepção do calendário de 2008 que trazia um laico (um espanhol que participava numa procissão em Sevilha com uma batina), garante que todos os homens que dão rosto a cada um dos 12 meses do ano são sacerdotes.
A cada ano, surgem nas bancas 75 mil exemplares do Calendário Romano, que são vendidos a 10 euros cada (13 dólares norte-americanos). A publicação, que também está disponível na internet, contém ainda um pequeno guia sobre o Vaticano e, pelos vistos, tornou-se num objecto de culto para muitos homossexuais que visitam a capital italiana.
Apesar de alguns padres concordarem em ser fotografados, a maior parte dos retratos são roubados e nalguns casos percebe-se o furto. Mas, independentemente da religiosidade deste medidor do tempo, ou falta dela, não há como ficar indiferente à pergunta levantada por um dos retratados: Quem poderia representar melhor o Vaticano do que um jovem e atraente pastor?
Melhor ainda seria que viagem a Marte passasse primeiro pela síria e que ficasse claro que padres bonitos não estão propriamente mais próximos do criador.


Publicada no dia 13 de Dezembro de 2013

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